Publicado: Quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Um Dia de Professor
Ainda está escuro e o despertador já tocou. Eliana levanta sonolenta, engole seu café e sai, apressadamente, para não correr o risco de perder o ônibus. São vinte minutos de caminhada até o ponto. Olha o relógio: 4h50 e como ela, outras Elianas esperam o circular da Prefeitura que com seus faróis iluminam a rua ainda molhada pelo sereno.
Entra e senta-se na janelinha para aproveitar os primeiros raios de sol que iluminarão as provas que irá corrigir durante o trajeto de 1h30.
Ao chegar ao município desce, e são mais 15 minutos a pé até transpor o portão da escola de Educação Infantil.
Ao entrar na sala por ela enfeitada, repleta de crianças entre quatro e cinco anos, se sente um pouco mãe, um pouco babá, médica, artista, cabeleireira, tia, avó... Sente o prazer de muito oferecer sem a pretensão de receber.
Ao ouvir a sirene das 12 horas se despede com beijinhos, recolhe seu material e caminha em direção à outra escola que fica a quatro quadras dali.
Tapeia a fome com um “belisco” e às 13 horas já está em sala de aula novamente. Agora sua convivência é com os adolescentes. Eram deles as provas que corrigiu no ônibus pela manhã. Está feliz por ter feito ecoar sua voz nas palavras dos alunos e sabe que construirão uma estrutura sólida a cada conhecimento adquirido.
Durante a aula estimula perguntas para que raciocinem sempre, estimula o compartilhar em prol de um bem comum e o repartir para que todos tenham oportunidade.
Eliana sabe que convive diariamente com o Futuro e se energiza com o olhar atento.
A sirene toca avisando o final de mais um dia de aula, porém não para Eliana que apressada se dirige ao EJA que fica perto dali.
Lá ela sabe que não precisará andar nem na frente e nem atrás, mas que a caminhada deve ser, lado a lado, ombro a ombro, de mãos dadas.
À noite, quando cansada, encosta sua cabeça no travesseiro pensa:
“Sou professora e me orgulho disso. Sou professora e não desisto nunca!”.
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