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Publicado: Quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um minuto de revolta

Um minuto de revolta
Permitam-me um desabafo:
 
 
Desde que demos início, na faculdade de Jornalismo do CEUNSP, ao SinergiaK, blog com objetivo único de tornar a política mais palatável aos jovens, tudo o que discutimos é isso: política.
 
E tenho ouvido, com grande freqüência, amigos e conhecidos reclamando veementemente da situação política brasileira atual, da falta de caráter e ética dos eleitos, da inconsciência dos eleitores, da falta de respeito com os cidadãos, do desinteresse, da ausência, do desleixo, do dinheiro roubado, desperdiçado, jogado fora.
 
E, no entanto, apesar de ser um bom começo - já que toda mudança se inicia com um descontentamento - sou terminantemente obrigada a fazer uma das minhas perguntas favoritas: O QUE VOCÊ VAI FAZER EM RELAÇÃO A ISSO?
 
Sim, porque reclamar é fácil.
 
O que eu faço em relação a isso? Sim, é uma pergunta pertinente. Estou, como vocês, como cega em tiroteio ou cachorro em dia de mudança, sem saber pra que lado correr. Nós, brasileiros, sabemos o que está errado - mas não sabemos o que fazer com o problema, não sabemos que atitudes tomar. Temos a mania pessimista de achar que nada que possamos fazer representará diferença ou resultado considerável.
 
Mas como o Brasil vai estar daqui dez anos, quando nós, universitários, estivermos formados, no mercado de trabalho, com filhos, talvez, pagando nossos próprios impostos e planos de saúde?
 
O QUE VAMOS FAZER EM RELAÇÃO A ISSO?
 
Demos o primeiro passo com o recém-nascido SinergiaK, é um fato. Obrigatoriamente, agora, leio noticias sobre política e acompanhei sem dor as campanhas presidenciais. Votei, pela primeira vez. E nunca fui parar no hospital por participar de sessões da Câmara dos Vereadores - por mais que minha gastrite atacasse.
 
O fato é que carecemos urgentemente de uma revolução: cartazes, fotos, vídeos, barulho: persuasão. Qualquer coisa que recrute seguidores dessa causa. Mudar o mundo, talvez. Primeiro, quem sabe, mudar o nosso mundo.
 
O problema é minha cabeça sozinha não pensa melhor do que todas as de vocês, pessimistas que acham que tudo está perdido, juntos.
 
Quero que o Sinergia ganhe força. Que, como o Thales escreveu, outras sinergias surjam e cresçam e se integrem e misturem - e façam com que todos entrem nessa onda.
 
Mas há um problema: o pessoal não se dá conta, por exemplo, que é a POLÍTICA que estipula que o imposto sobre os seus cigarros tenha subido em outubro de 2010. É a POLÍTICA que faz com que se pague tanto imposto sobre o preço da gasolina, tanto que sem ele o litro custe cerca de R$ 1,25.
 
É a POLÍTICA que determina quantas horas você vai ficar na fila de espera do SUS, e a qualidade da consulta, se não puder pagar um plano de saúde exorbitantemente caro. É a POLÍTICA que diz quantas horas você vai trabalhar na semana e quanto dias você vai ter de folga - e quanto você pode ganhar por isso.
 
É a POLÍTICA quem manda prender ou absolver quem te rouba, agride, estupra ou mata. É a POLÍTICA que decide quanto você vai pagar na cerveja, no Verdinho ou no Baiano. É a POLÍTICA que impõe à nós, brasileiros, a liberdade ou a censura, o direito ou o dever.
 
Por isso, não podemos deixar que a POLÍTICA aconteça sem nós.
 
“Mas os políticos são uns corruptos que não estão nem aí pra nada, só querem roubar nosso dinheiro e não fazem nada pelo povo”, vocês vão me dizer.
 
E eu respondo:
 
Em 1984, os brasileiros, revoltados como nós, se manifestaram pelas eleições diretas - e mudaram a história do país.
 
Em 1992, os brasileiros, revoltados como nós, provocaram o Impeachment do então presidente Fernando Collor - e mudaram a história do país.
 
E em 2010, nós, brasileiros revoltados, faremos o que?
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