Um pé cá, outro lá
Tão reduzido o tempo livre, tomado em grande parte por causa de compromissos vários nos últimos anos, que ficaram praticamente suspensas as saídas mais demoradas.
E o que se pode fazer de melhor no arejamento das ideias e da motivação, que não seja viajar ?
Se não pelo exterior, por este Brasil interminável de opções sem conta, tantas delas procuradas pelo turista local como pelo estrangeiro, um campo ainda não explorado convenientemente.
Vai daí que nesses anos de aperto, uma ou outra escapada, de períodos breves, há que serem chamadas de, no mínimo, meras fugas.
Uma dessas, está sendo agora, de apenas uma semana, uma autêntica fuga para Salvador, que não se via há cerca de quatro anos.
Com a chegada na manhã de sexta, 18 do fluente, mediante escapada de Viracopos madrugada ainda, eis que foi possível aproveitar todo esse dia, não obstante as chuvas intermitentes. Até para delas fugir, em dado instante, como recurso indefectível, fez-se uma entrada no portentoso Shopping Salvador, novo, a se contrapor à quase hegemonia do Iguatemi. Naquele passeio a esmo de alas em alas, eis que se depara com o balcão de venda de ingressos para Le Cirque de Soleil. Pronto, programa descoberto.
Por telefone, num primeiro contato com amigos residentes, recomendaram eles o Circo Tihany. Mas e o Soleil ? Insistiram: opta pelo circo que vale a pena. Ingresso então adquirido para a noite da mesma sexta feira. E tinham razão. O espetáculo agradou não apenas pela sua excepcional qualidade, como também porque de um circo não se esperaria tanto. Na verdade, um circo de luxo, se assim se possa falar.
Dia seguinte: sábado.
No programa, tentar sair um pouco da capital baiana, a evitar as águas abundantes, que chegam sem aviso. Ao se pensar no interior do Brasil, a primeira cena é daquelas agradabilíssimas imagens que proporcionam cidades antigas e plenas de história. Nelas, o casario fala por si.
O mapa sugeriu algo mais à mão e resultou numa visita a Santo Amaro. Percorreu-se pelo menos a praça central e as imediações da Catedral. Na praça, agora em ruínas, o prédio que agasalhou a Academia de Letras.
Dali, com mais trinta quilômetros, chega-se à Cachoeira. Diferente, emoldurada pelo rio caudaloso, ainda com marcas de ferramentas enferrujadas, guindastes de outrora, para o embarcadouro e descarregamento de embarcações da época. Histórica, porque nela se feriram embates ligados à data do Dois de Julho dos baianos. Cachoeira e São Felix olham-se de frente, cada uma de sua margem, ligadas no entanto pela longa e impressionante Ponte Dom Pedro II, metálica (que servia outrora a ferrovias), hoje aproveitada em passagem única e intercalada pelos automóveis e caminhões.
Uma curiosa feira de animais; cavalos, mulas, jegues e muito gado. Notável ainda em São Felix, o dique da Votorantim, que dali canaliza parte da água que serve a Capital.
Mais três tópicos dignos de destaque.
A visita ao amplo Centro de Convenções da Bahia, em que se promovia o Primeiro Salão Baiano de Turismo. Cada cidade, além da capital, claro, a se esmerar na mostra de quanta beleza e oportunidades aquele estado oferece. Justificada a chamada desse evento: Viaje por um mundo chamado Bahia.
Domingo, a participação na missa das dez, no Mosteiro de São Bento, sob canto gregoriano, entoado não somente pelos monges e sim acompanhados pela maioria do público.
Na terça, outra missa, desta vez na Igreja de nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Membros da Irmandade, povo em geral e muitos visitantes, numa vibrante manifestação de fé, na rampa do Pelourinho.
Como viram, é vapt, vupt.
Um pé cá, outro lá.
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- bernardo campos