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Publicado: Segunda-feira, 10 de junho de 2013

Uma Igreja pobre para os pobres...

É por demais evidente que o mundo vem se materializando, abandonando Deus e a religião. Envolve-se cada dia mais com a euforia do consumo, com a posse de bens e se torna escravo do dinheiro, uma espécie de deus para muitos.

Parece mesmo que acredita numa “evolução” do ser humano que perdeu sua dimensão espiritual, deixou de ter ligação com o divino. Cuida com afinco de aproveitar a vida terrena, como se fosse a única, aceitando que ela se encerra aqui mesmo.

Num quadro desse não se estranha que não entenda a humildade, o desapego, a simplicidade e a caridade, demonstrada por muitos, sobretudo os santos. A sociedade ficou abismada diante da atitude do papa Bento XVI, totalmente consciente de suas capacidades para levar adiante a missão que Deus lhe confiou, abrindo mão de tão alto posto.

Não foi diferente em relação ao novo papa Francisco. Sua demonstração de simplicidade e de humildade mexeu com o mundo e, novamente, a grande maioria não entendeu. Tais virtudes vão contra os ideais de vida farta, de poder e de riqueza, pregados pela sociedade.

Mas o papa Francisco vai dando o seu recado, radicalmente coerente com o seu Mestre, Jesus Cristo. Do contrário, não seria digno de conduzir Sua Igreja. Assumiu o carisma de São Francisco de Assis, homem de pobreza e de paz.

Não hesitou em afirmar seu grande desejo, no encontro com os representantes dos meios de comunicação social (16/03/13): “Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!

Na verdade, o sonho do nosso papa está em consonância com o de Cristo, fundador da Igreja, que deve ter como fundamento a “opção preferencial pelos pobres”.

Mas quem cuida dos pobres num mundo que prioriza o ter, o poder e o prazer?

A miséria e a pobreza insiste em crescer, apesar dos discursos pronunciados em organismos e reuniões internacionais, apesar de constar dos compromissos políticos... Se os ricos não abrem mão, pelo menos daquilo que lhes é supérfluo, onde conseguir recursos?

Os pobres necessitam dos cuidados humanos, pois não são anjos. E, se Deus está invariavelmente presente em sua vida, encontram-se esquecidos pelos irmãos mais abastecidos, atarefados com a administração e a gerência de tantos bens. Para estes, o próximo tem outras características e identidades...

Para Cristo e seu Evangelho a palavra pobre tem um significado amplo, incluindo não só a miséria material de quem nem tem o que comer, mas principalmente a carência afetiva e espiritual.

É evidente que todo mundo precisa fazer alguma coisa em favor dos menos favorecidos. Também é verdade que a Igreja pode fazer muito mais e o papa quer que isso aconteça. Quer reformar a Igreja, mostrando que ela pode ser mais simples e mais próxima daqueles que se sentem “órfãos” de uma sociedade egoísta e individualista. Quer que aqueles que se encontram nas “periferias” sejam incluídos nas preocupações da Igreja.

Rezemos para que ele mantenha seus ideais e obtenha de Deus as forças e a coragem necessárias.

Nas palavras de Dom Luciano Mendes de Almeida: “Nenhuma comunidade é digna de celebrar a Eucaristia se nela não houver uma obra assistencial em favor dos mais pobres e necessitados”.

O desafio é, portanto, para todos os cristãos.

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