Uma nova capital?
Quem não se deu conta da hipocrisia atual com que os senhores políticos continuam a tripudiar sobre os reclamos do povo e, sem nenhuma interrupção dos desmandos e da farra com o dinheiro do erário, num afrontoso abuso de suas mordomias e regalos?
Parecem ter combinado, a presidências das duas altas casas legislativas, de afrontar mesmo os distantes de Brasília, através do favorecimento em transporte de parentes e amigos. Assombrosa a justificativa nos dois casos: um para ver futebol e outro para participar de festa de núpcias. O custo dos dois deslocamentos ultrapassam os duzentos mil reais. E ainda se explicam, com dizer que tais regalias se situam no plano da legitimidade, previstos nos achegos concedidos oficialmente aos políticos.
Da mesma forma se estriba e tem razão o presidente do STF, ao dizer que os quinhentos e oitenta mil reais recebidos por ele de atrasados, resultam de direitos vinculados à carreira. Resultado no entanto do recebimento, retroativo, na maior parte desse valor, de auxílio moradia aos magistrados. Tomou vulto tão grande, porque dizem respeito a atrasados. Auxílio moradia retroativo! Claro, vai cobrir agora toda a despesa anterior por ter morado de “aluguel”.
Essas citações, corriqueiras e trazidas pela mídia em todas as suas aparições, da internet aos jornais e revistas, todos já sabem. Quer-se, aqui, tão somente, deixar bem claro, que não basta apenas a reforma política. Quer-se a moralização como um todo e em todas as esferas. O Brasil precisa, a partir das suas mais altas autoridades, dos três poderes, cair na realidade.
A encenação da reunião ministerial de hoje (9/7) começa por perguntar na reforma se o povo prefere esta ou aquela modalidade de financiamento de campanha, mero derivativo da atenção que somente um ingênuo pode engolir. Um jeito até descarado de iludir a opinião pública. Jogar mais dinheiro fora?
Esta crônica diminuta não vai além da intenção de se compor com as duas anteriores – “De olho neles!” e “Dilma Rousseff” - porque ali ainda existia um laivo de esperança, mas no curto espaço de quinze dias, se constata que a desfaçatez dos palacianos da ilha da fantasia não tem limites.
Esperar deles, aliás afirmação feita há pouco nesta folha, é sonhar . Os caminhos serão outros, à frente de tudo o clamor ordenado das passeatas. As elites, aquelas logicamente não comprometidas nem favorecidas do poder publico, que se juntem com os brasileiros comuns. Isto ainda não se aprendeu a fazer aqui no Brasil. Por sinal que qualquer divisão nessa hora desfavorece os pleitos e faz rir os de lá de cima.
Tanto é desesperador o momento que inclusive a nação brasileira começou nestes dias ser questionada também quanto ao desconforto de que Brasília continue capital do país. Urge trazer para mais de perto o centro das decisões, mais à vista dos brasileiros.
Muito cômodo tramarem-se todas as urdiduras no Planalto, confortavelmente “condominiados” os três poderes, a fingirem-se incomodados entre si. Pura balela.
Sejam agora abominados de vez o descaramento e a falta de vergonha.
Antes impensável, agora uma necessidade, a premência de uma nova capital.