Uma questão de consciência

Faz tempo que o sucesso profissional e financeiro do cidadão brasileiro é medido pelo carro que ele possui.

É só um vizinho ou amigo tomar conhecimento que determinada pessoa está com o carro do ano para vir o comentário:

- Fulano está ganhando bem! Viu só o carrão que está na porta da casa dele!

 

Dependendo do carro que o individuo possui sua categoria na escala social pode ser alta ou baixa.

O carro virou, sem sombra de dúvidas, o espelho da situação financeira do cidadão.

Em razão disso as pessoas se preocupam cada vez mais em adquirir carros enormes e pomposos como maneira de se afirmar perante a sociedade.

Algumas vezes chegam a se endividar para comprar um belo carro só para não cair ou para subir no conceito social.

Isto ocorre porque os carros aqui no Brasil têm os valores mais altos quando comparados com a Europa e os Estados Unidos. Esta diferença exorbitante se dá pela incidência dos elevadíssimos impostos e porque nossas montadoras são as que têm lucros maiores em comparação com as demais montadoras de outros países. Dessa forma somente quem está bem financeiramente é que pode se dar ao “luxo” de comprar um carro top de linha.

 

É essa “propaganda móvel de sucesso financeiro" enraizada em nossa cultura que atua como incentivo aos preços abusivos dos carros brasileiros.

 

Vejamos o exemplo citado no http://www.noticiasautomotivas.com.br/nao-e-so-imposto-que-encarece-nosso-carro-tambem-tem-o-lucro-exorbitante/ de que um Polo Sportline 1.6, com ar, trio, ABS e airbag sai por R$ 60.000,00 no Brasil sendo que na Europa ele sair por 12.700 euros que dá em reais R$ 33.135,00 aproximadamente.

 

Um Fiat Punt ELX 1.4 com ABS e airbag sai por R$ 48.000,00 aqui e na Europa sai por 12.600 euros correspondentes a 27.660,00 reais aproximadamente. E vamos falar da coqueluche do momento: o sedan favorito Honda Civic EXS que é o modelo completo e que custa aqui no Brasil 80.000,00 reais. Nos Estados Unidos ele custa 30.000,00 reais.

 

Muita diferença, não é verdade? Agora robustecendo a teoria vamos aos salários que respaldam estas aquisições. Na Europa um funcionário normal recebe 3.000,00 euros por mês, ou seja, 7.700,00 reais por mês. Aqui o funcionário na mesma categoria ganha 500,00 euros ou 1.300,00 reais por mês.

 

Em razão desse exibicionismo vimos com freqüência transitando pelas grandes metrópoles o Jeep Cherokee que é um carro feito para andar em estradas acidentadas e com lama. Um carro para uso rural totalmente equipado para estas necessidades. Além disso, tem capacidade para cinco passageiros e normalmente anda somente com o motorista, o que é uma incongruência diante das campanhas ferrenhas contra o aquecimento global e a preservação da camada de ozônio.

 

Temos que mudar estes conceitos e valores.

O ser humano não deve ser melhor ou pior conceituado pelos bens que possui e sim pelo seu caráter.

 

Finalizo deixando um pensamento do próprio Henry Ford para meditação: