Vaidade extravasada
Nada - ou pelo menos pouca coisa - me terá abalado tanto, quando, há pouco, alguém opinou no sentido de dizer-me em decadência. É que eu estava a reclamar das falhas de minha memória.
"Me machucou!"
Sim, sei da impropriedade de se iniciar frase com pronome oblíquo; ah, quanto me ensinaram os carmelitas, naqueles seis anos inesquecíveis, faixa etária dos doze aos dezoito.
Mas, urge repetir.
"Me machucou!"
No escrever, o alinhamento de ideias, na função que vaidosamente me anima, a de cronista, é sempre relativamente desordenado, incerto, frequentemente levado ao exagero de não se saber antes como vai terminar. Ele vem por si, como agora.
Papai fora assim, direto, objetivo, jornalista de escol. Veia autêntica de cronista, com novidades a cada edição de seu próprio jornal, em Capivari.
De mim, que não lhe chego aos pés, somente agora, na idade provecta, dei-me conta de que, a uniformidade semanal, rigorosamente observada, na produção das crônicas, acabou por reunir, ao longo do tempo, matéria para compor, facilmente, uma dezena de livros.
Aqui, na casa que ora me acolhe, somente aqui as inserções já alcançaram mais de trezentas e setenta, desde minha chegada em meados de 2007, por aí.
Quem tenha começado a ler e se manteve interessado até este trecho, poderá concluir pela imodéstia do autor. Cara convencido, dirá talvez.
É fato para mim, de todo jeito, que, se desde 1977, o compromisso se fizera semanal, sem uma falha sequer, quero oportunamente levantar e assim tenciono, oportunamente, quantas crônicas já terão ido a lume.
Lá, no tempo e distância longínquos, idos de 1956, ainda sem o hábito semanal de produtividade, o manejo da Olivetti já se mostrava porém de intervalos cada vez mais estreitados. Acresce notar que o surgimento de matéria nova a cada semana, deu-se mesmo a partir de 1977. Consigne-se mais ainda o detalhe de que, afora as crônicas, simultaneamente, vieram as reflexões dominicais, a pedido do Monsenhor Camilo (que não aceitou minhas escusas, sob a alegação de não ser eu um teólogo), eis que os Jesuítas se transfeririam de Itu.
O boletim "Arco Iris" (órgão da Comunidade da Igreja do Bom Jesus) - o começo de tudo, em 1956 - publicou um pequeno trabalho, na verdade uma singela redação solicitada em aula de português.
O "Salve Maria", do Carmo, agasalhou a fase segunda.
Sucessivamente, vieram "O Trabalhador" (Cia. São Pedro), a "Tribuna Ituana", a "Folha de Itu" e, principalmente, o jornal "A Federação", este até dezembro de 2013.
Note-se que a partir de 2007, as mesmas matérias deste colunista no jornal católico e centenário "A Federação", passaram a ter igual e simultânea acolhida também nesta rede social, consagrada, que é a "itu.com.br ".
Assinale-se, pois, que de 2013 para cá, muito me desvanece contar exclusivamente com este espaço como reduto único dos meus trabalhos.
Quanto à impressão do prezado interlocutor, que me vira talvez mais pensativo, amigo caro que me é e prezo muito, asseguro-lhe que por mim vou adiante.
A Deus Nosso Senhor, suprema graça e bondade, caberá permitir até onde possa eu palmilhar a senda na qual de há muito tenho posto a alma e a vida.
Obrigado Alan. Obrigado Deborah. Obrigado Murilo e equipe da casa.
Especial, tocante e comovida gratidão aos anônimos que, gentilmente, para cá endereçam seus acessos.
Finalmente, como o título de hoje talvez tenha soado estranho, faculta-se a opção de trocá-lo por este outro, quiçá mais ameno:
Sopro de relembranças.
Até mais.