Publicado: Sexta-feira, 8 de maio de 2009
Vale a pena?
Terminais rodoviários, nos grandes centros.
Rostos circunspectos num vai-e-vem insano.
Passos rápidos do trabalhador, que começa o dia, rotina de sempre.
O traje e o porte, mais a postura de todos, revelam sua posição de pessoas simples e batalhadoras, conquanto de salário ínfimo.
Até as nove da manhã, milhares já passaram por ali e ainda assim o lufa-lufa é acentuado.
Quantos e quantos empregos, no entanto, já terão exigido o brasileiro a postos bem mais cedo?
Espantam mesmo, a pressa e a correria.
O que pensam?
Pensam?
Autômatos, a bem dizer.
Mesmice sem fim.
Ausentes de casa na madrugada, horas a fio nos meios de transporte, precários ou não, sempre lotados. Apenas o consolo magro de retomar um sono interrompido bruscamente.
A cabeça pende para a frente, em sustos seguidos, porque podem não ultrapassar o ponto de chegada. De rigor, nem dormem propriamente.
Ao retornar, aqueles que deixaram na cama, os encontra de novo deitados.
Terá havido tempo ao menos de um beijo afetuoso na fronte serena da inocência? Sem contato verbal ou pessoal, sem carinhos mútuos talvez...
Os pequeninos ainda não entraram na lida, que a nada os leva e poucos lhes traz.
Quase sempre entregues aos cuidados de outros, de parentes na melhor hipótese, se assim for...
Para muitos, a cidade grande sinalizava esperança para eles.
Finalmente, aos poucos, passam a constatar que mais felizes eram antes, malgrado a fome e as penúrias no seu pedaço de chão.
Pelo menos as famílias estavam inteiras e não esfaceladas, filhos separados dos pais décadas inteiras... Esposos sem se verem... Alguns, que jamais se reencontrarão, pois a distância os levou a constituir família nova...
Vale a pena?
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