Vantagens da riqueza e da pobreza
É melhor ser rico ou ser pobre? Como a grande maioria é pobre e vive dentro da chamada classe média, somos tentados a desconsiderar as pessoas ricas - ao menos no subconsciente e certamente por não nos encontrarmos entre elas.
É vantagem ser rico? Em termos meramente humanos a riqueza é ambicionada por todos. E não se pode negar as vantagens dela: você poderá morar em bela e confortável casa, com toda a aparelhagem que facilita a vida, ter casa de veraneio na praia e na montanha, automóveis novos, todos os bens de consumo desejáveis etc.
Viajar quando quiser e para o lugar que desejar, gastar e consumir à vontade etc. Poderá, inegavelmente, ajudar os parentes e amigos, que louvarão essa riqueza abençoada ...
Ricos sempre foram pequena minoria. A maioria pertence mesmo à classe média ou ao povo mais simples, razão pela qual temos de procurar o conforto dentro das nossas possibilidades. Ter conforto, usufruir as vantagens do progresso material naturalmente não pode ser pecado, porque de outra forma, estaria cerceada a motivação para viver.
Conseguir bens, melhorar de vida, ou seja, enriquecer é meta natural de todo ser humano. A chamada opção pelos pobres não deseja insinuar que devemos ter por objetivo nos tornar pobres, mas nos incentiva a colaborar para que os pobres em bens materiais saiam dessa malfadada situação, alcançando os mínimos confortos da riqueza. Acontece que a maioria da população, como salientamos, não consegue ter mais do que o necessário para a subsistência.
Como, de imediato, nada podemos fazer para resolver essa questão em termos materiais, procuramos nos confortar espiritualmente: em termos de salvação eterna é muito bom que apenas a minoria se torne rica, pois está escrito que é mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus (agulha era pequena porta existente na cidade de Jerusalém).
O preceito evangélico é de fácil compreensão porque os ricos geralmente abusam do seu poder econômico, seja mergulhando em todos os prazeres e vícios, seja desconsiderando o semelhante menos favorecido a quem deveria destinar, de uma forma ou de outra, parte de sua riqueza.
Diz S. Francisco de Sales em sua clássica Filotéia: seria muito bom que tivessemos aqui na terra o conforto das riquezas e o céu também assegurado. Nessa ordem de ideias, nada mais lógico concluir que podemos batalhar materialmente para nos tornarmos ricos. Não devemos, porém jamais esquecer que a riqueza precisará ser bem administrada, ou seja, nos possibilitando maior ou melhor aperfeiçoamento espiritual.