Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Velas à Artemis

Hoje é dia de festa (para mim, pelo menos), aquele dia de apagar as velinhas colocadas sobre o bolo. E as velas agora são muitas; se colocadas uma para cada ano, já é necessária uma grande área superior do bolo. O número supera meio século em três unidades.
Quando é chegado o dia do nosso aniversário, é inevitável pensarmos nos caminhos trilhados e nas possibilidades futuras. Para mim, os planos ainda são muitos e alguns deles continuam os mesmos de bons anos passados. Ontem, fiquei pensando um pouco nessa marca bem significativa que agora estou atingindo. Lembro-me de que eu achava, há algum tempo, – e creio que é assim para todos – que esse valor numérico ainda estava distante. Mas, os anos foram passando céleres e ele chegou. Dessa forma, é hora de fazer um balanço do que ficou para trás, das coisas todas acumuladas e de outras perdidas nesse tempo: o que fiz, o que deixei de fazer, o que deveria ter sido feito, o que poderia ter sido evitado, os filhos pequenos, os filhos já grandes, as brincadeiras de criança, a vida profissional, paixões de uma e de outra época...
Entre um e outro pensamento, fiquei curioso sobre a origem do aniversário. De onde surgiu esse costume de comemorar mais um ano de vida? Procurei em um livro e nada encontrei; tentei uma enciclopédia e também não achei registro. Mas, como vivemos em tempos pós-modernos, busquei as informações necessárias com os recursos da tecnologia.
Aniversário é uma palavra latina que significa "aquilo que volta todos os anos". Anniversarius vem de annus, que significa ano e vertere que significa voltar. Segundo o texto encontrado na Internet, na Antigüidade, só os governantes e os deuses tinham direito às festas de arromba, com muita comilança, desfiles e uma porção de atividades que paravam as cidades. Os simples mortais não podiam ser honrados, nem mesmo lembrados no dia de aniversário. Também de acordo com a mesma referência, a tradição de comer bolo surgiu há cerca de 200 anos. Preparados com massa de pão e cobertos com açúcar, os primeiros bolos de que se têm notícia nasceram na Alemanha. Contam algumas lendas antigas que, se o bolo de aniversário murchasse no forno, era um sinal de má sorte para o ano seguinte. Também era costume colocar moedas e jóias que eram assadas dentro dos bolos. Na festa, os convidados que recebessem as fatias com as preciosidades teriam a garantia de riqueza e felicidade para os próximos anos. A tradição de apagar velinhas começou na Grécia antiga. Os gregos costumavam acender velas no bolo oferecido à deusa Artemis. Na mitologia grega, Artemis era filha de Zeus e de Leto e irmã gêmea de Apolo. Tida como virgem e defensora da pureza, era também protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade; embora fosse em essência uma deusa caçadora, encarnava as forças da natureza e tutelava as ninfas, os animais selvagens e o mundo vegetal. Cultuada sobretudo nas áreas rurais, na Ática enfatizou-se seu caráter de "senhora das feras", na ilha de Eubéia foi considerada protetora dos rebanhos e no Peloponeso reconheceu-se seu domínio sobre o reino vegetal e ela foi associada à água vivificante. Suas ocupações principais eram a caça e a dança. As cópias de sua estátua no templo de Éfeso, uma das maravilhas do mundo antigo, correspondem ao modelo das chamadas deusas-mães e apresentam muitos seios, símbolo de fecundidade.
Bem, voltando às velinhas de aniversário, para os gregos as chamas das velas simbolizavam as luzes do luar. E foi na Idade Média que esse costume chegou à Alemanha. Os camponeses faziam festas que começavam ao raiar do dia, as velas eram acesas e a criança acordava com a chegada do bolo. O número de velinhas não era igual ao da quantidade de anos do aniversariante. O bolo sempre recebia uma vela a mais, que representava a luz da vida. Assim, vou torcer para que meu bolo não murche no forno, vou oferece-lo à Artemis, colocando cinqüenta e quatro velinhas. E... Vamos ao brinde: “Qual é o lema do clube? Saúde! Porque depois dessa vida... Não há outra!”

Comentários