Viver bem para viver eternamente!
Tudo passa; apenas Deus é eterno.
Essa verdade nos vem à mente exatamente quando já estamos vivendo os momentos finais de mais um ciclo da nossa vida terrena. Fim de mais um ano civil, fim de mais um Ano Litúrgico. Neste tempo, as leituras sagradas, sem querer nos angustiar, nos lembram que a nossa vida terrestre é transitória e que o mundo não é eterno, mas terá um fim. Por isso nos deparamos com palavras duras e preocupantes sobre o fim dos tempos.
Passa em nossa cabeça a curiosidade inevitável: Quando? Como? Por quê? Fica claro, pelas próprias palavras de Cristo, que não nos cabe saber a hora, nem como isso acontecerá. Igualmente o “por quê?” pertence a Deus. Segredos mantidos por Deus, segundo sua Vontade.
Se não há nada a fazer para evitá-lo, retardá-lo ou mesmo adiantá-lo, podemos nos preparar para que não nos surpreenda descuidado. Também não é o caso de pararmos de viver para esperá-lo. A palavra de ordem é trabalho, continuar nossa missão, desempenhando fielmente nossas tarefas temporais, como se nada fosse acontecer. O fim dos tempos, ainda se soubermos que ele virá amanhã, deverá nos encontrar em plena atividade, em pleno serviço à vida e ao Reino. Afinal, não vivemos em função da morte. Até o fim, nosso dia a dia deverá ser uma resposta de vida a Deus.
Quando o Cristo, nas passagens do Evangelho, afirma que não ficará pedra sobre pedra, nos alerta que as coisas materiais são limitadas e acabarão um dia. Por isso nos aconselha desde já a nos desapegar delas. Não que os bens materiais, o conforto, o próprio dinheiro, a ciência, a tecnologia e o progresso sejam maus. São um bem que Deus coloca à nossa disposição para a nossa felicidade, mas que podem se transformar em um mal se ganharem um fim em si, se forem endeusados e ocuparem o lugar de Deus em nossa vida. Devem estar a serviço da vida.
Se desejamos a vida eterna, não basta cuidar da vida material, que vai desaparecer um dia. Entretanto, ela é o meio para conseguirmos frutos necessários.
Aqueles que têm uma vida exclusivamente material, plenamente satisfeitos com as coisas do mundo; aqueles que vivem e morrem desligados de Deus não terão a vida eterna, porque Ele é o único que tem a eternidade, o único capaz de eternizar aqueles que dele se aproximam e que serão levados, com todos os seus santos, a participar da glória eterna.
Não podemos nos esquecer que somos cidadãos da terra e também do céu. Somos peregrinos na caminhada para a eternidade. Por isso, aqui devemos viver com todas as regalias que Deus nos propicia sem, contudo, perder de vista nosso compromisso com a missão a que fomos chamados, levando uma vida alegre, simples e irrepreensível; uma vida justa, de trabalho e honestidade. Enquanto esperamos a vinda do Senhor, procuremos enriquecer a alma nos nossos afazeres, isto é, colocar nosso olhar num fim mais transcendente, aproveitando os meios que o próprio Deus nos deu para ganharmos o Céu.
A Sagrada Comunhão é uma antecipação do Céu e a garantia de alcançá-lo, desde que mantenhamos nossa fidelidade ao Senhor. É o próprio Cristo quem garante: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.”
O Sacerdote Francisco Fernandez Carvajal, em suas reflexões, nos lembra que é preciso prudência, pois o espaço de tempo que nos separa da vida definitiva junto de Deus é pequeno, e as possibilidades de nos deixarmos arrastar por um ambiente que não conduz ao Senhor são abundantes.
Lembra ainda que fomos criados para o Céu. E que o amor ao Senhor muda completamente o sentido desse momento final que chegará para todos.
O pensamento do Céu deve levar-nos a uma luta decidida e alegre por tirar os obstáculos que se interpõem entre nós e Cristo. Nada aqui na terra é irreparável, nada é definitivo, todos os erros podem ser retificados. O único fracasso definitivo seria não acertarmos a porta que conduz à Vida.
Desse modo, a ordem é viver bem para viver eternamente.