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Publicado: Terça-feira, 8 de maio de 2012

Viver em paz, direito e missão de todos

A vida é boa! Mas o mundo parece querer desmentir essa verdade absoluta, sagrada. Criado com todo amor para ser o nosso paraíso terrestre, por conta dos homens está se tornando irreconhecível. Será que é assim mesmo? Será que estamos já acomodados, conformados e concordando com o que nos mostram os meios de comunicação: uma sociedade materialista, hedonista, dominada pelo prazer, pela ânsia de poder e de consumo, escrava do dinheiro e vítima da violência generalizada?

Precisamos agir e provar o contrário. A esperança garante: dias melhores virão! Isto é perfeitamente possível, mas muita coisa precisa ser feita e já estamos bem atrasados...

O mundo é reflexo do homem. Precisamos urgente de uma forte conscientização de nossas responsabilidades com a própria vida e a dos nossos irmãos desta peregrinação terrestre, com o nosso compromisso de deixar um mundo ao menos habitável aos nossos descendentes, mas sobretudo de os criarmos e os educarmos para que sejam cada dia melhores e possam desfrutar da felicidade proposta por Deus.

Jesus Cristo, em sua permanência humana na terra, valorizou sobremaneira a Paz. Sabia Ele, e nós também, quanto ela é necessária. Cristo pregava a paz, a concórdia, a compreensão e a compaixão. Na verdade distribuía a paz no desejo de que ela estivesse presente no coração dos homens: “A Paz esteja com todos vocês...”. Até hoje isso se repete em nossas celebrações eucarísticas.

A paz é um dom de Deus, portanto todos têm o direito de viver em paz, de ser respeitados em sua dignidade de ser humano e de filho de Deus. Ao mesmo tempo a paz não acontece por si só, é fruto de um esforço, de um querer supremo que supera todas as nossas tendências humanas a pensar apenas em nós mesmos e a esquecer os outros.

É, portanto, missão de todos cultivar esse dom, aprender a paz, trabalhar sua mente, seu coração e sua alma para que se liberte das fraquezas, dos vícios e das más condutas.

Não é possível que o ser humano apenas cresça na capacidade técnica, científica e perca dia a dia sua capacidade de amar.

Embora previsível pelos rumos tomados pelo mundo, é lamentável a crise moral que se instala em grande escala.

Mais uma vez lembramos o papel fundamental da família. Responsável pela formação dos filhos, precisa educá-los para o respeito e para um convívio mais humano, livre das atitudes e tratamentos agressivos, irritados, impacientes, desrespeitosos, mesmo em tom de brincadeiras; se não devidamente controlados, podem evoluir para a violência. A cultura de paz começa no berço.

Vale ainda lembrar o pensamento popular: “Tal pai tal filho...”. O exemplo dos pais, o tratamento vivido entre o pai e a mãe e entre eles e os filhos molda seu caráter e sua personalidade e eles acabarão levando essa corrente (negativa ou positiva) para frente.

Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte: “A conquista da paz, tarefa dada a cada pessoa, na força de sua responsabilidade individual, inclui como capítulo primeiro a capacidade de viver em paz para ser instrumento de paz para os outros, para que, como diz Santo Agostinho, "não aconteça que, comendo ervas boas e bebendo águas límpidas espezinhemos as pastagens de Deus e as ovelhas fracas comam a erva pisada e bebam água turva"”.

É preciso começar a cuidar de nossos filhos, educá-los para a paz para que evite os conflitos, as disputas desnecessárias que não levam a nada; é preciso, às vezes orientá-los na contramão do mundo que incentiva o orgulho, a inveja, o ciúme, o ser o melhor, o primeiro, o sempre ganhar, a autossuficiência, o não levar desaforo para casa. E ensiná-los a prática da caridade, da ajuda mútua, da solidadriedade e do perdão...

“Quem vive em paz considera o outro como mais importante, sabe ceder lugar, não briga por ele, vive a paz de quem conquistou o mais importante que não está nas aparências, nem nos postos de importância, menos ainda nos títulos e nas posses”, destaca o arcebispo.

A paz nos faz ver a vida de modo diferente. Sem ela falta-nos a necessária tranquilidade e estabilidade emocional. A insegurança e o medo passam a fazer parte de nossa vida e a desejada alegria torna-se fugaz.

Peçamos ao Deus da Paz e da Alegria que nos faça construtores da paz, que mude o nosso coração e a nossa mente; que se pacifiquem nossos pensamentos, nossos planos e sonhos, nossas atitudes.

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