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Publicado: Segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Você já levou seu filhos ao boliche?

Crédito: disponível na internet Você já levou seu filhos ao boliche?
"Todos que alí estão são exemplos vivos de erros e acertos, de canaletas e strikes"

Dedico este texto aos pais, às mães que fazem as vêzes de pais, e aos filhos que, muito provavelmente, serão pais, ou tios...

 

Você já levou seus filhos ao boliche?

Se ainda não levou, não sabe o que está perdendo!

Quando os meus nasceram, ouvia dizer para aproveitar, pois seria o melhor tempo como pai enquanto fossem bebezinhos.

Uns amigos diziam que quando começassem a andar, seriam terríveis, iriam mexer em tudo, colocar os dedos em tomadas, comer pedras, esconder-se dentro de armários, e outros que tais.

Pois fizeram tudo isso e um pouco mais, mas foi algo maravilhoso.

Começaram a andar, então outros aconselhavam a “curti-los” enquanto ainda eram pequenos e aceitavam andar de mãos dadas com  os pais, pois quando crescessem mais um pouco, “báu báu”, não iriam querer ter um babá por perto, iriam, sim, subir em armários, pendurar-se em varal, colocar as mão em liquidificadores, fazer teste elétrico com pilhas, fugir de casa, andar em trilhos de trem, entre outras ideias engenhosas.

Pois cresceram mais e fomos ao cinema, fomos às piscinas da vida, aqui e acolá,  trabalhamos juntos algumas vezes, muitas outras dormiram em meu colo, na volta pra casa. Já jovenzinhos, mas ainda crianças, gostavam de ouvir, antes de dormir, minhas histórias e minhas estórias.

Apresentei a eles João Valjean, de Victor Hugo, e falei de sua incrível aventura, fugindo, por uma vida inteira do terrível Javert; falei do Cristo e dos apóstolos, e da importância deles para a Humanidade; falei do bandido que salvou uma aranha e, no purgatório, quase foi salvo por ela; falei da fé de Jó e da importância da oração, sobre José do Egito; contei-lhes estórias mil sobre o homem que calculava, sobre os Reis Magos, sobre as bruxas da Floresta Negra, sobre Davi e Golias; falei a eles sobre meu querido amigo Armando Raucci, e contei-lhes histórias e estórias de meu pai, das coisas que ele me contava...

Adormeciam e acordavam, a cada dia mais mocinhos e donos do próprio querer. Afinal o caminho deles seria único, e a escolha do caminho também seria única...

Então, ouvia de terceiros: “Aproveita agora, pois logo batem as asas e "adeus quimera", só terão tempo para as namoradas e para os "da idade deles", irão experimentar as “delícias” do mundo que existe além- muros.

Pois cresceram, tornaram-se homens feitos! A vida lhes está ensinando, na prática, o que só tive tempo para lhes ensinar na teoria, em meus contos, que procurei rechear com o meu mais puro afeto, com meu mais intenso amor. Uns, parte de minha experiência viva, outros parte de minha imaginação e da imaginação de outrem.

Penso que, pelo menos, eles têm uma indicação do caminho. Carregam, no embornal de viajantes universais, algumas plaquetas indicativas que, espero, lhes conduzirá ao porto seguro.

Ouço agora que, casados e voltados para o dia-a-dia, não terão paciência para conversas do passado, que o papo será outro, que o trabalho, as esposas, filhos e amigos lhes roubarão todo o tempo.

Faço ouvidos moucos e os convido para almoçar, jantar, ir ao cinema, ao shopping, ao aeroporto, aos parques, à praia, às livrarias, e ao boliche.

Se você não levou seus filhos ao boliche, leve! Não deixe passar em branco esta parte tão importante na vida de uma mãe ou de um pai.Entre uma "bola na canaleta" e um "strike", encontramos tempo para uma conversa, para falarmos um com o outro e um ao outro. Concordamos, discordamos, discutimos, reclamamos, e trocamos nossas alegrias e tristezas.

Como o espaço é pequeno, aprendemos a ficar próximos e dividir nossas limitações.   Temos tempo para sermos humanos, para descobrir que, por melhor que estejamos, sempre uma "canaleta" nos espera e, por pior que sejamos, sempre haverá um "strike" para comemorarmos, nos mostrando que a humildade e a paciência nos torna, também, vitoriosos.

A alegria contagiante das pessoas trocando abraços, saltando, gritando, comemorando, expressando a amizade e o amor fraterno, nos empurra para isso.

Como ficarmos chateados? Todos que ali estão são exemplos vivos de erros e acertos, de "canaletas" e "strikes", são exemplos vivos de como é a vida, de como é a nossa vida! Aliás, nos mostra, na prática, que uma existência  é feita muito mais de tentativas do que de acertos.

A maioria dos jogadores não consegue um “strike”, ou sequer fazer pontos, mas são felizes, são vitoriosos, voltam para seus lares realizados, gratos pela oportunidade de estarem ali, dividindo aquele momento. A vitória e a alegria são bens universais, pertencem a todos os Seres Humanos, sem exceção.

Nossos filhos sabem disso e constroem suas próprias histórias e estórias, como eu próprio construo as minhas.

Leve-os ao boliche! Todo dia é um bom dia.

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