Publicado: Sábado, 21 de abril de 2007
Voragem dos Séculos
Já percorremos seis anos do século XXI. No final do século XX e início do XXI, muito se escreveu e se falou sobre a mística dos séculos, porém passados dois ou três anos tudo parece ter se normalizado e quase nada apareceu na diversificada mídia sobre essa temática.
Quer-me parecer que os séculos passam mais rapidamente do que a gente pensava ou imaginava. É que, carregando os nossos anos (procura-se não se sentir o seu peso), percebemos os anos dos séculos desaparecerem, como se vê em muitos filmes: 1983, 88, 90, 91,94,95,98,99, 2000, 2001 – novo século-, 2002, 2003, 2004...
Relembrando o século XIX, que se encerrou em 1900, percebemos então que as pessoas que ingressaram no século XX também deviam se encontrar deslumbradas com o progresso da época: eletricidade, água encanada, telefonia, telégrafo, cinema, ondas hertzianas e logo mais, automóvel, aviação etc.
Não demorou muito e na segunda década desse século temos a catástrofe da primeira Grande Guerra e logo chegavam os anos 20 com outras inovações modernas, marcando o nascimento dos setuagenários da atualidade...
Com tais considerações, penso salientar, como o imponderável perpassar dos anos é absorvido pela voragem dos séculos. E mais ainda, como seremos triturados pela máquina do tempo. Logo, logo nos calendários estarão impressos: ano 2020, 2027 e todos que estiverem vivendo notarão que envelheceram bastante, a ponto também de se tornarem setuagenários, como aqueles antigos, a maioria dos quais já em suas eternas moradas...
Depois virá a década de 30, 40, o meado e o fim do século XXI, tudo recomeçando, já no segundo século do terceiro milênio. Nota-se, pois, que a ressurreição da carne, agendada há muito, não deixará de acontecer.
Refletindo sobre o rápido passar dos anos, chegando até a considerar lustros, décadas, jubileus e séculos, vamos nos defrontar com a superficialidade e o desgaste da vida material: trabalha-se, estuda-se, procura-se bons entretenimentos, numa rotina quase sempre fatigante. Somos motivados invariavelmente no sentido de aumentar a posse dos bens materiais, proporcionadores do conforto e da satisfação pessoal.
As dificuldades, as doenças, o envelhecimento nos levam, porém, a ponderar finalmente como necessário a existência da eternidade. Então, falar de séculos e milênios de vez em quando, não pode ser tido como mera excentricidade, mas decorrência do inexorável anseio da alma imortal que habita nosso corpo.
Talvez aqui, mais uma vez – depois de relembrar que o tempo é mera parcela da eternidade, que nunca começa e nunca termina (segundo li alhures)-, possamos encaixar aquele profundo pensamento de Santo Agostinho: o coração do homem estará sempre inquieto enquanto não repousar em Deus.
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