Bem estar

Publicado: Quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Desvendando mitos alimentares

Confira que nem tudo que dizem é verdade.

Desvendando mitos alimentares
Manga e leite, melancia e vinho, abacate e cerveja. Pode espalhar por aí que o consumo destes já está liberado

Por Tamara Horn

“De médico e louco, todo mundo tem um pouco”, este ditado tão falado pode facilmente ser adaptado para “de médico, nutricionista e louco todo mundo tem um pouco”. Pelo menos é isso que sugere a nutricionista Gisele Bertone Bussaglia, quando o assunto é mitos alimentares.

Afinal, quem nunca receitou comidas milagrosas para acabar com a barriga indesejável ou até mesmo proibiu combinações de frutas para evitar um tremendo mal estar? Vale lembrar que geralmente estas informações não são comprovadas cientificamente.

Então, por qual razão a sociedade insiste nestas ideias malucas? “As pessoas são muito vulneráveis as notícias que, ilusoriamente, prometem milagres. Com isso, é fácil arrastar multidões que queiram seguir o que é mais fácil, o que parece mágico, e aí a pessoa se submete a uma alimentação inadequada”, explica Gisele. “É muito importante ter cautela ao ‘recomendar’ ou ‘orientar’ as pessoas sem ter uma base científica para tal”, alerta a profissional. Confira a entrevista na íntegra!

Sabe-se que muitos desses tabus foram criados na época da escravidão, onde os senhores feudais dominavam seus escravos, mas não os controlavam totalmente. "Essas representações vieram como forma de controlar o excesso de repressão, controle social e educação. Alguns mitos também estão relacionados a forma mais simples que as pessoas encontravam para se justificar o desconhecido, e acabavam criando histórias a fim de evitar grandes questionamentos”, explica.

Exemplos é o que não faltam para ilustrar os mitos alimentares. Um dos mais conhecidos e estendidos no tempo é que o consumo da manga com o leite prejudica o organismo. A artesã Creusa Oliveira relata que sua mãe sempre avisou sobre tais combinações “malignas”, e ela sempre insistiu em experimentar. “Eu fiz questão de testar e realmente eu passei mal”, revela.

"Comer manga e tomar em seguida leite faz mal, comer abacate e tomar cerveja, comer melancia e tomar vinho. Estes são alguns exemplos de coisas que você comendo pode te fazer mal... E sempre nessa ordem, de comer algo e depois beber", relata Creusa sobre suas experiências.

Ela também diz que tenta passar para as suas filhas todas estas informações sobre o assunto. "Tento da melhor maneira possível passar esses conhecimentos, eu me preocupo porque sei que faz mal", ressalta a artesã.

Nesta mesma lista, ainda estão classificados como mitos alimentares:

> Banana com goiaba: causa constipação intestinal
> Chupar cana e beber água: causa diabetes
> Ingerir banana à noite pode ser fatal.

“Essas são as crenças que mais são repassadas nas gerações há anos, e acabam ganhando força por estarem intimamente ligados a ideia de morte e/ou afetar gravemente a saúde. As pessoas menos esclarecidas acabam acreditando e repassando esses tabus por terem pouco acesso a informações de modo geral”, deduz a nutricionista.

A profissional diz também que é necessária a desmistificação dos mitos alimentares que são estendidos de geração em geração. “É preciso desmistificar os mitos que envolvem a alimentação. As pessoas normalmente são temerosas no que diz respeito a saúde e, de imediato, acabam considerando a informação como verdadeiras ou duvidosas, normalmente pessoas leigas e com menor grau de instrução”, diz. 

A estudante Tayane Martins também acreditava em muitas dessas combinações. “Não ingeria manga com leite em nenhuma hipótese. Minha vó sempre me contava histórias absurdas, que me faziam pensar mil vezes antes de consumir o alimento", conta. Porém a jovem decidiu experimentar e testar para ter a certeza de que a ingestão fazia mal. “Um dia, esperei a minha vó ir ao mercado para comer a manga com leite. Mal não fez, estou viva até hoje”, brinca.

Manga e leite, melancia e vinho, abacate e cerveja. Pode espalhar por aí que o consumo destes já está liberado. 

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