Dia Mundial da Amamentação: um laço afetivo eterno entre mãe e filho
Data celebrada em 1º de agosto, promove o aleitamento materno.
Vitória CaleffoPor Vitória Caleffo
Um dos primeiros momentos que marcam a ligação afetiva entre mãe e filho, logo após o nascimento é a amamentação. Nesse instante é onde o vínculo maternal aumenta ainda mais. A importância que o ato de amamentar tem nesta nova fase na vida da mulher, onde ela desempenha o papel de mãe, fez com que a Aliança Mundial de Ação pró-amamentação criasse em 1992, o "Dia Mundial da Amamentação", que é celebrado todo dia 1º de agosto.
Essa data foi criada com a finalidade de promover o aleitamento materno, visando à importância desse ato de amor, que proporciona o alimento para o recém-nascido, total ou parcialmente com o leite da mãe. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a amamentação é fundamental para a saúde e a sobrevivência da criança, além de ser o principal modo de fornecer ao bebê os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.
No início do processo de amamentação, é importante que a mulher tenha o conhecimento de que nos primeiros seis meses de vida do recém-nascido, o aleitamento materno deve ser exclusivo. De acordo com a Enfermeira Obstetra Mariana Haddad Rodrigues, 36 anos, "Uma criança que consegue ser amamentada somente pelo leite materno até o sexto mês, além de ter a sua sede e fome muito bem saciadas, conseguirá sentir-se muito mais acalentada e querida pela mãe."
Logo após esse período, o aleitamento já pode ser intercalado com outros tipos de substâncias, fazendo com que elas se tornem um complemento para a alimentação do bebê. Para a Nutricionista Materno Infantil Marina Vian Ossick, 23 anos, "A partir dos seis meses, a criança já apresenta sinais de maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos, visto que o leite materno sozinho não atende todas as necessidades nutricionais do bebê, embora ainda continue sendo uma importante fonte de calorias e nutrientes."
Contudo, vale salientar que diversos estudos recomendam que os pequenos ainda sim, sejam alimentados pelo leite da mãe até, pelo menos, os dois ou três anos de idade. Segundo a Doula Mel Reis, 37 anos, "Em alguns países, o leite materno é considerado o principalmente alimento até o primeiro ano de vida. Claro que não podemos deixar de oferecer outros sustentos, mas ainda sim ele é indispensável ao longo desse período."
Apesar de muitas mães terem a percepção de que seu leite pode ser "fraco" para atender as necessidades de seu filho, esse fato não é real. Todas as mulheres durante a gestação têm condições biológicas para produzir um leite que seja capaz de nutrir o bebê. A Enfermeira Obstetra afirma que "o leite materno é composto por fases, e nele existem mais de 200 componentes químicos que são totalmente completos para a alimentação da criança."
Por isso, é importante destacar que o aleitamento é capaz de oferecer vários benefícios para a vida do bebê, tanto imunológicos como nutricionais. A mamada é considerada por muitos especialistas como a primeira "vacina" do neném, pois ela fornece vários anticorpos que podem prevenir muitas doenças como: diarreia, alergias, infecções respiratórias, urinárias, intestinais, de ouvido entre outras.
Além disso, também devem ser levadas em conta as vantagens nutricionais que o leite materno proporciona a criança. "Ele diminui os riscos de colesterol alto e diabetes, reduz as chances de obesidade, possui a melhor composição nutricional, também pode ter um efeito positivo na inteligência e ajuda no desenvolvimento da cavidade bucal", declara a Nutricionista Materno Infantil.
Já para a mãe, os proveitos do aleitamento são ainda maiores, merecendo destaque para a prevenção do câncer de mama, ovário e de útero, bem como a diminuição da possibilidade de uma osteoporose. Fora isso, outro fator positivo da amamentação para a mulher, é a união profunda que ela estabelece entre mãe e filho.
Todo apoio durante a amamentação é válido
Visto que, ela apresenta grandes benefícios para ambos (mãe e filho), a amamentação não é algo simples e nem tão fácil de exercer, especialmente no começo. São inúmeras as dúvidas e questionamentos, que devem ser compartilhados com quem estiver ao seu lado, afinal, ninguém nasce sabendo como ser mãe, isso é algo que só a vivência e o tempo levam ao aprendizado.
Nessas horas a mulher precisa ter um grande amparo dos parentes, visto que, essa é uma fase de transição onde ela deixa de ser somente mulher/filha, e passa a se tornar mãe. "Se a mulher não tiver alguém por perto oferecendo qualquer ajuda no dia a dia, para que ela possa ter um tempo reservado especialmente para amamentar, essa 'função' acaba se tornando árdua", comenta a Enfermeira Obstetra.
Em função disso, muitas mães que não conseguem conciliar as tarefas do cotidiano com a amamentação, na maioria das vezes pela falta de um suporte familiar, acabam abrindo mão do aleitamento antes da hora, para desempenhar outros afazeres. Um dado que demonstra esse fato foi é estudo publicado na versão online do Pediatrics em 2013, que revela que 40% das mulheres interrompem o período de amamentação antes da hora.
Por esse motivo, vale reforçar que o companheirismo deve ser primordial, principalmente por meio do suporte físico e emocional, fazendo com que a mãe possa desempenhar o seu papel tranquilamente.
Amamentando sem preconceito
Ainda que deva ser visto como algo belo e natural, de modo infeliz, à prática de uma mãe amamentar seu fillho tem se tornado um motivo de polêmicas, principalmente quando ela é realizada em locais públicos. Muita das vezes essa questão acaba resultando no constragimento, que deriva da confusão entre um ato de nutrição e um ato sexual, fazendo com que as pessoas enxerguem esse feito como algo desrespeitoso diante da sociedade.
Para se ter uma ideia sobre como este assunto gera inúmeros debates, uma pesquisa global sobre aleitamento, elaborada pela Lansinoh Laboratórios entre abril e maio de 2015, apontou que o Brasil com 47,5% está no topo dos países que mais censuram as mulheres durante o ato de amamentar seus filhos publicamente.
"A nossa sociedade pela questão cultural, infelizmente acabou objetificando o corpo da mulher, onde é mais fácil vir a mente a imagem de uma mãe amamentando com um 'seio sexual', do que um seio que está apenas cumprindo sua função fisiológica, no caso aleitando o bebê", relata a Enfermeira Obstetra.
Todavia, existem mulheres que enfrentam todo o preconceito de cabeça erguida, não deixando que nada nem ninguém as coloquem em uma situação desagradável. A Advogada Patrícia Santos, 33 anos, mãe de dois filhos conta que nunca se importou com a ideia de amamentar em público. "Me sinto completamente confortável com a situação, pois sempre amamentei meus filhos em livre demanda. Afinal, pra mim qualquer lugar é adequado, seja no supermercado, shopping, restaurante... já que muitos devem lembrar que o leite materno é a refeição básica do bebê", diz a Advogada que atualmente está passando pela fase da amamentação com sua filha Manuela de apenas 11 meses.
No entanto, não são todas as mulheres que não se deixam abater pelos olhos e comentários indesejados. Por essa razão, algumas medidas e iniciativas estão sendo tomadas para que nenhuma mulher seja coagida quando estiver amamentando, especialmente em locais públicos. Uma delas é a Lei, como as existentes em São Paulo e Rio de Janeiro, assim como em outros estados, que prevêem multas entre R$500 e R$2.000, para os estabelecimentos que proíbam ou constranjam uma mãe que esteja alimentando em seu peito um filho.
Outra forma para tentar quebrar esse "tabu" tem sido a divulgação de fotos nas redes sociais de inúmeras famosas amamentando suas crianças. Na lista encontramos as modelos Carol Trentini e Gisele Bündchen, além das atrizes Juliana Knust, Carolina Ferraz, Nívea Stelmann entre outras. O intuito principal dessas "celebridades" é incentivar e apoiar a causa, fazendo com que as mulheres se sintam mais seguras em oferecer esta amamentação diante de outras pessoas.
A Advogada Patrícia revela que "é muito válido ver que essas famosas estão compartilhando na internet esse momento tão afetuoso entre elas e seus pequenos, fazendo com que nós mulheres 'comuns' possamos nos sentir ainda mais encorajadas."
Grupos que apóiam o aleitamento em Itu
Assim como a assistência familiar é primordial, contar com o suporte de grupos que apóiem a causa do aleitamento é ainda melhor. Aqui em Itu as mães podem contar com o auxílio de dois: o "GAIA - Maternidade Saudável" e o "Projeto Nana Nenê".
Fora esses grupos, ainda existem os chamados "Bancos de Leite Humanos", que também são vistos como um "apoio direto" para as mulheres que infelizmente não vivem a realidade da amamentação, pois por algum motivo não podem aleitar seus pequenos.
Essa iniciativa é uma das principais criada pelo Ministério da Saúde, onde os Bancos são mantidos por meio de mães que apresentam um excesso de leite durante a fase de amamentação, realizando a doação e assegurando assim, a possibilidade de uma boa qualidade de vida para outras crianças.
Diante disso, é possível afirmar o tamanho da importância do aleitamento, tanto na vida de uma mulher como na de seu filho. Afinal é um ato belo, natural e com um "poder" imenso de criar um laço afetivo eterno entre os dois. Por isso, iniciativas como o "Dia Mundial da Amamentação" e a "Semana Mundial do Aleitamento Materno" são tão essenciais, pois ajudam na conscientização da sociedade sobre essa questão, já que a amamentação é fundamental para a saúde e o bem-estar de qualquer criança, onde não precisa de hora e nem lugar para acontecer.
- Tags
- gravidez
- amamentação
- maternidade
- leite
- gestação
- mães
- leite materno
- gestantes
- aleitamento materno
- aleitamento
- organização mundial da saúde
- projeto nana nenê
- recém-nascido
- amamentar
- laço afetivo
- apoio familiar
- dia mundial da amamentação
- aleitar
- gaia-maternidade saudável
- bancos de leite humanos
- saúde materna