Publicado: Domingo, 29 de novembro de 2009
Parto em casa: uma opção segura?
Na Holanda, 40% dos partos são realizados em casa.
Camila Bertolazzi
Por Camila Bertolazzi
No tempo dos nossos avós não havia escolha. Poucas eram as mulheres que tinham seus filhos em hospitais, com assistência de profissionais especializados e equipamentos para socorrer possíveis emergências. O parto da maioria era feito no aconchego do lar apenas com a ajuda de uma parteira.
Com o passar dos anos, as casas foram substituídas pelas salas esterilizadas dos hospitais, que para muitas mamães representam mais segurança. Mas o antigo método não foi completamente descartado e ainda é escolhido por algumas gestantes, o que acaba gerando a dúvida: qual o melhor ambiente para o nascimento do bebê? “O melhor lugar para o parto é aquele onde a mulher se sente segura e confortável”, afirma a parteira domiciliar Priscila Colacioppo. Segundo ela, dar à luz em casa pode oferecer muitos benefícios para a mãe e bebê, propicia um ambiente familiar e acolhedor, e contribui para que o processo aconteça naturalmente.
Esse tipo de parto, conhecido como humanizado, é recomendado inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois assim que nasce, o bebê tem contato imediato com a mãe, e tem seu cordão umbilical cortado pelo pai para criar o sentimento de vínculo. Mas os pontos positivos não param por ai. Um dos principais motivos de fazer o parto em casa é para não sofrer intervenções desnecessárias no hospital.
“Quando engravidei eu já queria parto normal, mas não tinha noção da quantidade de intervenções que fazem nos hospitais, além do número de cesáreas feitas sem necessidade. Isso me deixou com medo, daí procurei outras informações e escolhi ter meu bebê na minha casa, num ambiente confortável, cercada de pessoas queridas e com total liberdade para fazer o que eu quiser”, salienta a publicitária Vanessa Ribeiro Soares, de 24 anos.
Apesar de parecer uma situação retrógrada, evidências científicas têm mostrado que o parto domiciliar planejado e assistido por parteiras qualificadas é uma alternativa segura na gravidez de baixo risco. De acordo com o coordenador da equipe de obstetrícia do Hospital Santa Catarina, Eduardo Watanabe, em entrevista ao eBand, mais de 90% dos partos podem ocorrer em casa, através do chamado parto humanizado.
“Acredito que o parto seja um evento natural e se a gravidez não é de risco, não há necessidade de ocorrer no hospital, com intervenção cirúrgica. Não queria isso para mim nem para meu filho, e optei pelo parto na minha casa, no meu conforto”, conta Carla Arruda, Terapeuta Ocupacional e Doula (acompanhante de gestantes que oferece apoio físico e emocional no pré e pós-parto).
O grande problema, segundo o Ginecologista e Obstetra, Dr. Hélcio Barboza, é que nem sempre as dificuldades do parto podem ser previstas durante o pré-natal. “Quando ocorre alguma urgência obstetrícia a atuação precisa ser imediata para salvar a mãe e o bebê, mas em muitos casos não dá tempo de chegar até o hospital e vidas podem ser perdidas desnecessariamente”, explica o médico que há 37 anos atua nessa área. “Uma mãe que opta por fazer o parto em casa deve ter consciência que está colocando a própria vida e a do bebê em risco, e o pior, sem necessidade”, salienta.
Priscila Colacioppo discorda e questiona. “O risco do parto domiciliar é o mesmo que no hospital. A instituição protege, do que? O parto é fisiológico e não patológico”. A parteira cita como exemplo a Holanda, onde 40% dos partos são realizados em casa. “Será que há riscos ou são inventados? Às vezes as coisas acontecem, fatalidades, mas acontecem no hospital também”.
Pontos positivos e negativos foram apresentados, mas para aquelas mamães que ainda têm dúvidas, uma boa opção é conversar com quem passou por essa experiência única. “O primeiro passo é ter autoconfiança, saber que é capaz, afinal nosso corpo foi feito para isso. Porque se há insegurança fica muito difícil, bloqueia tudo. A partir daí, procurar muitas informações e um profissional que passe mais segurança”, aconselha Vanessa. E o mais importe. “Acreditem na sua saúde e no seu corpo e procurem sempre o melhor para eles!”, finaliza.
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