Sol, o grande vilão do câncer de pele. Previna-se!
Confira a entrevista exclusiva com a Dra. Isabel Coelho!
Camila BertolazziPor Camila Bertolazzi
A pele, o maior órgão do corpo humano, e responsável por aproximadamente 25% dos tumores malignos registrados no Brasil, é o tema dessa semana da série “A missão de transformar a realidade do câncer no Brasil”. Apesar da elevada incidência, quando detectado precocemente este tipo de câncer apresenta altos percentuais de cura.
Confira uma entrevista exclusiva com a dermatologista Isabel Cristina Coelho e fique por dentro de como se prevenir.
O que provoca o câncer de pele?
A radiação ultravioleta – presente nos raios solares e nas cabines de bronzeamento artificial - é a principal responsável pelo desenvolvimento do câncer de pele. Esse efeito da radiação ultravioleta é cumulativo, ou seja, as alterações da pele podem se manifestar anos após a exposição solar. A exposição excessiva e prolongada ao sol contribui não só para o risco de câncer como também no envelhecimento precoce da pele. Além da radiação solar, outros fatores como raios X e certas substâncias químicas podem levar ao câncer da pele.
O que fazer para se prevenir?
Protegendo-se dos raios solares através do uso de roupas e/ou filtros solares adequados. Não se esqueça que a radiação solar é mais intensa entre 10 horas da manhã e 3 horas da tarde. Nunca faça bronzeamento artificial.
Como deve ser feita a escolha do protetor solar?
Antes da exposição ao sol é fundamental o uso de protetores solares; lembrando que os mesmos devem ser aplicados pelo menos meia hora antes da exposição e reaplicado a cada duas horas ou após sudorese intensa, exercício físico ou molhar-se. Os filtros solares devem ser escolhidos conforme a cor da pele, a idade, o tipo de exposição solar que o indivíduo se submete, fatores como pele seca ou oleosa, se pratica ou não atividade esportiva, se já teve ou não câncer de pele, entre outros. Os filtros solares devem proteger tanto dos raios UVB quanto dos raios UVA e o uso deve ser evitado em crianças antes dos 6 meses de idade.
Quais são suas recomendações contra o câncer de pele?
Outros mecanismos de proteção como o uso de chapéus, óculos, camisetas, guarda-sol são fundamentais. Para as pessoas claras, com história familiar de câncer de pele ou que queiram prevenir o envelhecimento precoce e manchas, é indicado o uso de fotoprotetores diariamente desde a infância. Após a exposição solar, a limpeza de pele deve ser suave com sabonetes adequados em pouca quantidade e sem uso de buchas ou esponjas. Deve-se também hidratar adequadamente a pele. E não esquecendo que antes, durante e após a exposição solar deve-se beber muita água para evitar a desidratação, principalmente os idosos e crianças. Antes e durante exposição solar deve-se evitar o uso de perfumes , e evitar manusear frutas como limão, manga, ou outras que possam induzir mancha na pele exposta ao sol.
Como identificar o aparecimento da doença?
Examine sua pele regularmente e procure por mudanças de cor, ou crescimento rápido ou mesmo sangramento nas suas pintas. Verifique se há aparecimento de feridas que não cicatrizam.
Quais são as consequências caso não tratado a tempo?
O câncer de pele não é uma doença única; existem três tipos mais freqüentes. O Carcinoma basocelular, que é o câncer de pele mais comum (¾ dos cânceres de pele), é completamente curável se diagnosticado no inicio. Já o melanoma - pouco comum -, que está relacionado com pintas (mudanças de cor e sangramento), é um tumor mais agressivo e necessita ser diagnosticado precocemente, senão podem ocorrer metástases (acometimento do tumor em vários outros órgãos) e levar ao óbito. O Carcinoma espinocelular é um tumor de agressividade intermediária e também pode levar ao óbito.
Como é feito o tratamento?
O tratamento é sempre que possível cirúrgico. Podem ser utilizadas outras técnicas como criocirurgia e terapia fotodinâmica.
Quais são as chances de cura?
As chances de cura são muito boas, desde que diagnosticado precocemente.
Câncer de pele em números
Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que o câncer de pele do tipo não melanoma (114 mil novos casos) será o mais incidente entre a população brasileira, sendo que nos homens representa 53 mil novos casos, mais que o câncer de próstata (52 mil), de pulmão (18 mil), de estômago (14 mil) e cólon e reto (13 mil). Para o sexo feminino, destacam-se os tumores de pele não melanoma (60 mil casos novos), mama (49 mil), colo do útero (18 mil), cólon e reto (15 mil) e pulmão (10 mil).