Ilha do Medo
Leia a crítica deste incrível suspense de Martin Scorcesse!
Guilherme MartinsPor Guilherme Martins
Não importa o que digam, mas Martin Scorcesse é um dos visionários e mais expressivos diretores dos últimos tempos. Quem assistiu Cabo do Medo (filme que eu comentarei aqui futuramente) sabe do que eu estou falando.
Desde que assisti a esse filme pela primeira vez, com 10 anos de idade (embora ele não fosse recomendado para essa faixa etária) tive a certeza de que Scorcesse constaria para sempre na minha lista de melhores diretores da história do cinema. E é justamente por isso que o filme Ilha do Medo era tão aguardado e figurou na lista dos 10 mais esperados de 2010.
O filme marca vários retornos: primeiro o de Scorcesse a cadeira de diretor, depois a volta da parceria dele com o ator Leonardo DiCaprio (os dois já trabalharam juntos em Os Infiltrados e Gangues de Nova York) e por último o retorno ao mais puro e envolvente suspense, gênero que o diretor não abordava desde o já citado Cabo do Medo.
Na trama, que se passa no ano de 1954, DiCaprio interpreta o inspetor da Polícia Federal americana Teddy Daniels, que investiga o desaparecimento de uma paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston. Trata-se de um presídio para criminosos mentalmente insanos, localizado em uma isolada ilha da qual (como garantem os policiais) ninguém consegue escapar ou fugir, já que o único caminho de entrada e saída é pelo cais. Porém, aos poucos Teddy vai descobrindo que os médicos do local realizam experiências radicais com os pacientes e que sua real motivação para estar na ilha não é só a investigação do sumiço da paciente, mas também confrontar e resolver questões do seu passado que envolvem a morte de sua esposa Dolores (impecavelmente interpretada por Michelle Williams). Então, para “melhorar” a situação, um furacão deixa a ilha sem comunicação, fazendo Teddy perceber que o local não é tão seguro como ele imaginava.
Ilha do Medo representa o retorno triunfal do cinema de suspense. A todo segundo de filme você fica grudado na poltrona, colhendo as pistas até chegar ao desfecho final. O roteiro do filme é extremamente envolvente e (inteligentemente) revela as pistas pouco a pouco, de forma que o espectador tem que ficar 100% ligado na projeção, para não deixar passar nada. O roteiro é tão bem escrito que em momentos o espectador não sabe mais em quem (ou no que) acreditar.
A trilha sonora também garante uma boa dose de tensão e a ambientação e fotografia do local nos remete a uma sensação desconfortável de que a qualquer momento algo terrível está prestes a acontecer.
Os atores também cumprem fielmente seu papel. Bem Kingsley está afiadíssimo como o diretor do “manicômio / presídio”. Mark Ruffalo também está excelente como o agente Chuck Aule (parceiro do personagem de DiCaprio) na medida em que o papel de coadjuvante o permite ser. E ainda temos as perfeitas participações de Max Von Sydow (sim, o eterno padre de O Exorcista) como um dos suspeitos médicos do local e Jackie Earle Haley (o Rorschach de Watchmen e o mais novo Freddy Krueger), como um dos lunáticos pacientes.
A interpretação de DiCaprio está impecável e extremamente crível. Nos faz pensar no quanto ele evoluiu e ascendeu como ator desde Titanic, tornando-se um dos atores mais promissores de Hollywood.
Se você adora um filme de mistério, com doses cavalares de suspense, ótimas atuações, história envolvente e muitas reviravoltas, não perca Ilha do Medo nos cinemas. Trata-se de uma obra que só poderia ter saído das mãos e da mente de Scorcesse.
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