Cinema

Publicado: Sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Leonardo DiCaprio faz seu melhor papel no intenso "Django Livre"

Extenso, filme impressiona por manter um ótimo ritmo.

Leonardo DiCaprio faz seu melhor papel no intenso "Django Livre"
Cena com Leonardo DiCaprio e Jamie Foxx

Por Leandro Sarubo

Leonardo DiCaprio finalmente poderá esconder "Titanic" embaixo do tapete vermelho. 

Em "Django Livre", filme de Quentin Tarantino lançado nos cinemas brasileiros com quase um mês de atraso em relação aos Estados Unidos, o ator demonstrou o talento que Martin Scorsese procurou em quatro filmes sem achar.  
 
O segredo de Tarantino? Entregar a DiCaprio a tarefa de interpretar o carismático e problemático Calvin Candie, fazendeiro adepto da  venda de escravos e do uso de alguns deles em sessões particulares de luta, diversão bastante comum no Sul dos Estados Unidos. A possibilidade de viver um vilão frio e descontrolado, um personagem forte de verdade, foi o melhor presente que o ator poderia receber em sua carreira. Um presente muito bem aproveitado, como o espectador notará quando for ao cinema.
 
A história começa ainda distante do personagem de Leonardo. Caçador de recompensas, o Dr. King Schultz (Christoph Waltz) encontra e compra Django (Jamie Foxx) para que ele o ajude na captura de três fugitivos. Terminada a missão, Schultz finda a relação de escravidão, garantindo a alforria dele. A dupla, cada vez mais afinada no ofício, acaba por não se separar, e decide ir em busca da esposa de Django, encontrada na fazenda de Calvin Candie, "cenário principal" da trama.
 
Os diálogos entre DiCaprio, Foxx e Waltz, várias vezes acompanhados por Samuel L. Jackson, simbolizam, talvez, o que teremos de melhor no cinema ao longo de 2013. Cada ator representa ao máximo, sem exageros e vícios, os aspectos mais repugnantes e benevolentes de seus personagens, em um legitimo espetáculo falado. O áudio prescinde o vídeo.
 
Bombardeado pelos excessos racistas do texto e pelas imagens fortes, Quentin Tarantino não merece qualquer linha de desaprovação. Sequências pesadas são realmente comuns nos filmes, mas qualquer mudança visual implicaria em um "perdão" ao que realmente ocorreu. A brutalidade do filme é um trailer do que os negros viveram. 
 
Característica comum nos trabalhos de Tarantino, a trilha sonora de "Django Livre" é bonita e encontra perfeita sintonia com a incrível edição, responsável por manter um filme de aproximadamente 140 minutos em constante estado de tensão. O ritmo, inimigo de boa parte dos indicados ao Oscar 2013, é outro grande trunfo deste filme.
 
Sobram belezas e qualidades em "Django Livre". Presta atenção na violência só mesmo quem não tem imaginação. 
Comentários