Nostalgia tecnológica 2.0
Tron - o legado tenta renovar conceito de 28 anos atrás.
Gustavo Moreno
Por Gustavo Moreno
O ano era 1982 quando o filme Tron estreava nas salas norte-americanas de cinema. O longa-metragem futurista e avançado, para a época, foi pioneiro ao introduzir técnicas de computação gráfica, as CGIs, em uma produção cinematográfica. Vinte e oito anos depois, a Disney lança uma homenagem nostálgica do clássico cult em forma de continuação. Sem nenhuma pretensão de discutir realidade virtual ou nosso vício em tecnologia, a continuação mostra para que realmente veio: transpor e atualizar os efeitos visuais da época para a era 3D do cinema.
Com um retorno inexpressivo, a produção original parecia muito avançada para ser compreendida. No enredo, Kevin Flynn (interpretado por Jeff Bridges, de Coração louco) é um visionário programador de vídeo-games que, acidentalmente, é aprisionado dentro de um programa de computador. Nele, o personagem torna-se uma espécie de gladiador digital, que deve lutar por sua sobrevivência incessantemente. Num dos jogos, há a clássica cena da corrida com motos de luzes (que pode ser vista no trailer do original de 1982, logo abaixo).
A crítica embutida no filme, previa que a sociedade estaria se tornando muito dependente das máquinas e que isso seria uma espécie de prisão. Na verdade, Tron é um dos precursores das teorias apocalípticas em que as máquinas “tomam o poder”.
O problema é que, depois de tanto tempo, essa discussão ficou batida demais, por causa de vários filmes que cumprem muito bem o papel de discutir essa questão, como Matrix. Assim, a continuação teve que inovar, na tentativa de trazer o ápice da evolução digital. Em nosso universo contemporâneo: a tecnologia 3D. O enredo, porém, muito simples. O filho de Kevin Flynn, Sam Flynn, acidentalmente entra no mundo que aprisionou seu pai e deve participar dos mesmos jogos para encontrá-lo e, ao mesmo tempo, fugir de lá.
Nesse aspecto vejo os prós e contras de Tron- o legado. O filme é bem conceitual e aproxima-se bastante da versão original, melhorando e muito seu visual obscuro. As técnicas 3D aplicadas no longa realmente saltam aos olhos, mas sua popularidade - mesmo tendo o reforço da Disney - freou novamente seu retorno financeiro.
Foram gastos 200 milhões de dólares para montarem a nova produção e Steven Lisberger, diretor e roteirista do original, voltou como produtor. Porém, no primeiro final de semana, a bilheteria registrou um retorno de 43 milhões. Para fazermos uma comparação, Avatar, em um final de semana, arrecadou R$ 77 milhões. E geralmente filmes-continuação são mais rentáveis que seus antecessores.
Em resumo, Tron – o legado firma-se como produção de nicho, voltada, principalmente, para homens acima de 18 anos que gostam de vídeo-games. Além disso, mostra que o final de ano para a indústria cinematográfica não foi tão impactante e não teve muitas surpresas. Por isso, ele ainda mostra-se como uma das poucas opções para quem quiser curtir a telona. Confira o trailer:
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