Quando o remake precisa ser refeito
Leia a crítica do filme O turista.
Gustavo Moreno
Por Gustavo Moreno
Na tentativa de se igualar ao original, o remake de espionagem, O turista, com Johnny Depp e Angelina Jolie na linha de frente, decepciona o espectador e não se encaixa em nenhum gênero específico.
A história segue um professor de matemática, chamado Frank (Depp), que esbarra com uma mulher misteriosa, Elise (Jolie), num trem a caminho de Veneza. Tentando superar uma perda amorosa, o professor é facilmente seduzido por Elise, que, na verdade, o coloca no meio de uma investigação internacional como bode expiatório. Tornando-se alvo principal de criminosos e da Interpol, Frank tem que descobrir porque está sendo caçado, ao mesmo tempo em que tenta conquistar Elise.
Com uma ótima sinopse, o filme falhou ao estendê-la no roteiro. Totalmente óbvio, o enredo segue temeroso e parado, sem se sobressair em nenhum gênero. A dificuldade de classificar o filme é tanta, que ele foi – duvidosamente - indicado para Melhor Filme (Comédia ou Musical) no Globo de Ouro 2011.
Ao descobrirmos que O turista é uma refilmagem de uma produção francesa, chamada Anthony Zimmer: a caçada, as explicações para o não-sucesso da trama parecem mais evidentes.
Hollywood tem um problema sério em refilmar produções de outras partes do mundo. Sempre que um filme estoura em outro continente, um diretor hollywoodiano sugere um remake com a roupagem “americanizada”.
São raras as vezes em que o resultado é positivo: Quarentena foi uma desastrosa tentativa de reproduzir o terror espanhol REC; Deixe ela entrar mostrou-se fraco na bilheteria internacional ao tentar repetir o impacto do homônimo sueco; Godzilla, o norte-americano, foi tido como uma desonra para o clássico de monstros japonês, entre outros.
De qualquer maneira, não posso deixar de citar o brilhante Os infiltrados, de Martin Scorsese, que aproveitou o enredo do policial japonês Infernal Affairs (sem título nacional) e fez uma obra totalmente personificada. Um dos poucos que se saíram bem na onda do remake.
Infelizmente, O turista não é diferente e carece de personalidade, tanto do diretor, Florian Donnersmarck, quanto dos atores. A impressão que dá é que a produção tenta imitar demais o estilo noir dos franceses e mantém-se morna. As cenas de ação não são dramáticas e o romance é pastelão, porém, o trailer é instigante e agitado. Irônico.
Confira o trailer: