Cinema

Publicado: Terça-feira, 29 de novembro de 2011

Roteiro flutuante de Lie To Me desperdiça talento de Tim Roth

Cancelada no 3º ano, série ganhou coleção definitiva.

Roteiro flutuante de Lie To Me desperdiça talento de Tim Roth
Tim Roth: Os roteiristas mentiram pra ele

Por Leandro Sarubo

Lie To Me é uma das melhores séries da década.

Você não pôde ver, mas enquanto escrevia a frase acima, meu olho esquerdo piscou abruptamente, cutuquei o nariz duas vezes e eu gargalhei.

Se Dr. Cal Lightman estivesse aqui, eu teria recebido uma bofetada na cara e ouvido várias grosserias. Exatamente o mesmo castigo que deveria ser aplicado nos roteiristas de Lie To Me. Não porque são mentirosos, mas pelo péssimo trabalho executado nesses 3 anos de série, cancelada pela baixa audiência e pelo latente desinteresse da crítica.

Lançada no Fall Season 2008/2009, Lie To Me tinha ótimas referências. A história do especialista em detectar mentiras através das expressões faciais e corporais era empolgante, principalmente porque Tim Roth, aquele mesmo de Pulp Fiction, foi escalado protagonista. A expectativa, no entanto, cessou logo no encerramento da primeira temporada.

A série, que encerrou a primeira leva de episódios com público médio de 11 milhões de telespectadores e arcos simplistas, quase folhetinescos, viu sua audiência desabar 30% no segundo ano, motivando uma drástica mudança estrutural no roteiro.

A profundidade psicóloga dos personagens e tramas, antes trabalhada timidamente, foi engolida integralmente. Lie To Me foi, episódio a episódio, se transformando em um genérico intelectualizado de CSI. Muito pouco para um programa que tem Tim Roth no casting.

O novo direcionamento, planejado para devolver o fôlego da série, resultou em nova baixa nos números. O terceiro ano teve média de 6 milhões de pessoas, número considerado ruim para a FOX americana. Em suma, o público atraído pela proposta inicial ficou ainda mais aborrecido e os fãs de CSI não trocaram de canal. Uma sequência lógica, porém ignorada pelos produtores e executivos.

À Fox, para diminuir o prejuízo, sobrou o investimento na venda de downloads e DVD's entre os fãs "remanescentes" e novos espectadores. O Brasil está entre os países escolhidos para cooperar nessa empreitada. Por aqui, aterrisarão a caixa com os episódios da última temporada e o box com a série completa. 12 discos em embalagem comum, olhos piscando abruptamente, narizes cutucados e um punhado de gargalhadas.

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