Cinema

Publicado: Segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Leia a crítica desta obra-prima do cinema nacional!

Tropa de Elite 2
O ator Wagner Moura está impecável e supera a atuação do filme anterior

Por Guilherme Martins

Não gosto de cinema nacional. Pode até soar estranho que alguém aprecie o cinema como um todo, mas não seja amável com o cinema feito em seu próprio país, porém eu me enquadro nesse perfil.

E um dos filmes que me fez mudar um pouco essa visão foi Tropa de Elite (2007). Fiquei simplesmente espantado (no bom sentido) em finalmente ver um filme nacional que retratava os bandidos e traficantes como eles realmente são (ou seja, um bando de vagabundos) e não como pobres vítimas do violento sistema. Só por isso, o filme já começou a ganhar pontos comigo.

Eis que, em 2010, temos a continuação de Tropa. E agora, parece que todos os acertos do primeiro longa foram mantidos e as polêmicas questões abordadas se tornaram ainda mais abrangentes.

Se no original, o pontapé inicial era acusar a sociedade de ser conivente com a criminalidade através dos playboyzinhos maconheiros que financiavam o tráfico, agora a escopeta de Nascimento está apontada para um inimigo maior, mais organizado e perigoso: as milícias – que apadrinham candidatos políticos. E em tempo de eleições, lançar um filme com essa temática é algo muito ousado.

Parafraseando o Capitão Nascimento, “a responsabilidade é minha, o comando é meu”, o ator Wagner Moura realmente assume as rédeas da produção e assombra com uma interpretação depressivamente carregada. No próprio olhar e semblante do personagem já nota-se que ele suporta um grande fardo nas costas. E essa é uma das diferenças deste filme para o seu predecessor.

No novo Tropa, os personagens se desenvolvem muito mais e pode-se perceber mais profundidade neles, o que faz com que o público se identifique e até compreenda as atitudes e motivações de cada um. Os coadjuvantes estão todos afiados, destacando-se os atores Irandhir Santos (como um defensor dos direitos humanos dos bandidos) e Milhem Cortaz (já visto no primeiro filme como o capitão Fábio, e agora responsável pela veia cômica do longa com suas frases de efeito).

A direção e o roteiro estão implacáveis, não poupando ninguém durante o pouco mais de duas horas de projeção. O clima é sempre tenso e carregado, fazendo com que o espectador sinta-se preso e anseie pela conclusão, para que finalmente possa relaxar um pouco. A violência continua presente e explícita, com cenas impactantes e que deixam pouco confortáveis os mais sensíveis.

Resumindo, trata-se de um filme completamente diferente do primeiro, seja pelo aprimoramento do roteiro, pelo enfoque diferenciado, pelo visual arrebatador ou por diversos outros motivos.

Se a missão era ser superior ao sucesso estrondoso do primeiro filme, Tropa 2 pode se vangloriar que “missão dada é missão cumprida”. Absolutamente imperdível. Uma obra-prima do cinema nacional, que não perde em nada (muito pelo contrário) para os filmes policiais americanos.

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