Uma visão distorcida do Lago dos cisnes
Leia a crítica de Cisne Negro.
Gustavo Moreno
Por Gustavo Moreno
Num mergulho vertiginoso e sombrio, o diretor Darren Aronofsky mostra um retrato distorcido sobre o universo do balé clássico. Cheio de suspense e drama, Cisne negro pode ser apontado como um dos melhores filmes do ano de 2011. O mérito disso também vem, em boa parte, pela brilhante atuação de Natalie Portman (V de vingança).
Pouco explorado no cinema, o mundo do balé foi um prato cheio para que o diretor Darren Aronofsky criasse seu thriller psicológico. Com um estilo de filmagem bem marcado, com câmeras próximas acompanhando o personagem principal, Cisne negro se aproxima do último trabalho de Aronofsky, O lutador, que reergueu a carreira do ator Mickey Rourke, rendendo a ele um Globo de Ouro como Melhor Ator (Drama).
Isso porque os dois filmes perambulam e expõem bastidores pouco conhecidos e falados de um determinado nicho, a partir de um personagem forte. Em O lutador, Rourke interpreta um astro dos ringues de luta livre no final de sua carreira. As lutas extremas colocam seu corpo no limite, fazendo-o ter que escolher entre encerrar a carreira e ficar esquecido ou morrer lutando.
Com poucos efeitos, o filme é composto por pura atuação, no caso, apenas pela atuação de Rourke. Em Cisne negro, Natalie Portman consegue sustentar muito bem este peso, evoluindo e amadurecendo a personagem principal numa trama mais densa.
No enredo, Nina (Natalie Portman) é uma bailarina que vive para os palcos. Por ser muito dedicada, ela é indicada para o papel principal na peça O lago dos cisnes. Sua obsessão pelo papel, porém, faz com que ela se sinta ameaçada quando uma nova bailarina chega. Lily, interpretada por Mila Kunis (O livro de Eli), é descontraída e chama a atenção por onde passa, exatamente o oposto de Nina.
A partir desse conflito, a personagem principal entra em crise e passa a descer a um nível sombrio, quase adquirindo uma personalidade que não é dela. Para que o enredo flua, a produção realiza uma composição sublime. As cores dos cenários e das roupas, por exemplo, são todas frias e bem determinadas. A trilha sonora é uma execução única e persistente dos atos do Lago dos cisnes. Todos os elementos juntos, numa sala de cinema, fazem o espectador imergir como se estivesse assistindo ao espetáculo no palco.
Não foi por menos que Natalie Portman venceu o prêmio de Melhor Atriz (Drama) na 68ª edição do Globo de Ouro e também foi indicada para o Oscar na mesma categoria. Mesmo a atriz sendo favorita, será difícil à produção, como um todo, desbancar o Discurso do rei e A rede social. Com ou sem prêmios, o filme merece ser visto na telona.
Confira o trailer: