Viagem Maldita
Leia a crítica deste cruel e aterrorizante filme!
Guilherme Martins
Por Guilherme Martins
Os amantes de cinema costumam sempre criticar os famosos remakes. Eu também não sou grande fã desse estilo, mas alguns poucos dão certo. E mais raro ainda é quando eles se tornam superiores ao original. Um desses raríssimos casos é o de Viagem Maldita (remake do filme Quadrilha de Sádicos, de 1977).
Na trama, a família Carter viaja num trailer pelo deserto e acaba sendo surpreendida por um grupo de cruéis assassinos deformados que habitam a região. Embora o roteiro não seja de uma originalidade ímpar, o filme consegue surpreender em cada aspecto.
Particularmente gosto de filmes que priorizam os personagens e diante de uma safra de filmes de terror que mostra apenas adolescentes acéfalos sendo mortos, é gratificante ver um filme no qual nenhum personagem é raso ou dispensável. Absolutamente todos os personagens exercem algum fascínio nos espectadores, afinal, trata-se de uma família, e não de um grupo de amigos.
Outro fator que me agrada muito é quando o filme permite que os personagens se desenvolvam, gerando um apelo maior por parte do público. Neste caso, acompanhamos a transformação dos membros da pacata família Carter em pessoas violentas, capazes dos atos mais brutais em nome da vingança e da própria sobrevivência. Logo, o jogo de gato e rato começa a ficar mais igual, na medida em que os Carter percebem que terão que descer ao nível mais primitivo se quiserem sair vivos.
E esse choque entre a humanidade e a violência desmedida é o ponto alto, pois nos faz pensar em até que ponto uma pessoa normal é capaz de tomar atitudes extremas.
E por falar em extremos, aqueles que assistiram ao filme original sabem que o longa seguia bem mais o caminho do suspense do que o do horror explícito, e essa pode ser considerada a maior diferença entre os dois. Embora o remake tenha um suspense e uma sensação latente de medo presentes em cada segundo, o que mais se destaca são as doses cavalares de violência em todo o filme.
Essa abordagem crua e chocante, além de ser diferenciada dos demais filmes de terror atuais, acaba sendo ousada e um divisor de águas. Alguns podem não gostar de Viagem Maldita justamente devido aos seus extremos e a sua falta de escrúpulos em mostrar em longos planos cenas que muitas vezes não são agradáveis de se ver. É um daqueles filmes que mexem com você.
Realmente fica difícil se impressionar com qualquer outro filme de terror atual depois de ter assistido Viagem Maldita, pois ele possui cenas que entrariam facilmente no Top 10 das mais chocantes do cinema.
Boa parte do impacto do filme é devido a direção do francês Alexandre Aja, que já havia sido elogiado em seus trabalhos anteriores. Este filme trata-se do primeiro trabalho de Aja no cinema americano e, com apenas 28 anos de idade (em 2006, quando o filme foi lançado), ele já conquistou público e crítica. É, definitivamente, um nome a ser lembrado.
As atuações também são viscerais e dignas de pesadelos (no bom sentido, claro) tanto no lado dos vilões como nos integrantes da família Carter.
Trata-se de um filme para quem tem nervos de aço e venera o verdadeiro terror, daqueles que conseguem te fazer fechar os olhos. E isso já é um tremendo feito nos dias de hoje.
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