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Publicado: Sexta-feira, 28 de abril de 2006

A Ironia do Destino na picada de um Mosquitinho

No ano passado, durante meu curso de mestrado na USP, discutimos um artigo do Dráuzio Varella, de quando ele teve febre amarela. Ele relatava sua agonia e se auto-penitenciava de forma inconformada pelo descaso pessoal com que tratou sua própria saúde e ironicamente acabou doente, apesar de ser um defensor da medicina preventiva ...
 
Desta vez, assumo seu lugar, estou aqui padecendo por conta de um vírus maldito que provoca uma doença ridícula chamada Dengue. Justo eu, que só nessa coluna, escrevi 2 vezes sob a responsabilidade pessoal de todos com a Dengue e trabalho dentro do setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado. Vivo pegando no pé de todos que ninguém faz sua parte direito, que a Dengue é uma doença “espertinha”, que os médicos não estão preparados o suficiente pra um diagnostico preciso e que a informação é instrumento de guerra. Mandei várias vezes muitos folhetos para escola dos meus filhos e peguei pesado com os funcionários da
Vigilância do município aonde sou Gestora de Saúde.
 
Pois é, num descuido imbecil, fui premiada com um vírus sem vergonha, que me deixou fora de combate em plena guerra por mais de 10 dias (até agora). Sem a menor cerimônia, fui infectada e tive uma “doença de verdade” daquelas que derrubam, judiam, deixam marcas e viram seu organismo de ponta cabeça.
Meu caso, envolveu uma operação de guerra em 5 municípios, obrigando as Vigilâncias a correrem contra esse inimigozinho chamado Aedes, pois trabalho me locomovendo cerca de 1000 km por semana.
 
Agora que senti no corpo a violência desta doença, estou aqui, de novo, reforçando o papel de vigilante, pedindo às pessoas que voltem a prestar atenção nos criadouros de mosquitos que possam ter dentro de casa. Inocentemente cheguei ao meu apartamento no Guarujá, aonde não havia mais ninguém no prédio, há 15 dias atrás e todos os Aedes estavam prontamente me esperando, apesar de que no meu apartamento não havia um só criadouro viável. Que adianta eu fazer minha parte se você não acredita que tem que fazer constantemente a sua? Que adianta o esforço das Vigilâncias, batendo de porta em porta, se na semana seguinte você esquece sua responsabilidade?
 
Estamos numa guerra insana contra esse mosquito e nesta época, os casos estão se multiplicando assustadoramente. Temos uma epidemia e espero que você não espere a Dengue chegar mais perto.
 
Litoral e Ribeirão Preto são focos exportadores de doença, prestem atenção. Não se esqueçam de fazer a lição de casa boba de destruir criadouros dos mosquitinhos malditos. Sua responsabilidade é total. Acredite, evitar essa doença vale a pena, por cidadania e por experiência própria.
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