Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Padre Antonio Pacheco da Silva

Mundialmente conhecido, o Padre Damião tem sua memória perpetuada no coração da humanidade. Tão nobre foi o seu gesto de dedicar-se inteiramente aos leprosos, em Molokai, que fe-lo credor da veneração de todo o mundo.

Data, porém, de época anterior à obra do Padre Damião, a atuação admirável, cá em nossa terra, do grande Padre Antonio Pacheco da Silva. Cumpre não confundir este com o Padre Bento Dias Pacheco, com o qual, se existia alguém, parentesco, seria muito remoto.

Tem-se, até então, procedido de modo ingrato para com o Padre Antonio, cuja dedicação é digna de memória.

Herdeiro de fortuna considerável andava em trajes rotos. Para sua pessoa dispendia de muito pouco dinheiro. E sua riqueza? Sua riqueza, onde estava, sabiam-no os pobres daquele tempo. Sim, ali no começo da estrada de São Paulo, viviam em tempos idos nuns casarões velhos, uns pobres morféticos. Os lázaros, párias da sociedade, somente à noite faziam suas compras. Nenhum coração se comovia diante de tanta miséria humana.

Foi então que o Padre Pacheco concebeu um plano audacioso. Iniciou a construção de um asilo, do qual, depois, não restaram senão ruínas. A inauguração do hospital se deu em 1806.

Primeiramente recolheu os leprosos supra. Seu desvelo porém, foi mais longe. Vagueou pelos arredores à procura de outros necessitados.

Havia junto ao prédio um terreno destinado ao amanho da terra, para os possibilitados de fazê-lo.

Todos os dias visitava o hospital. Pela manhã celebrava a missa na capela. Inspecionava em seguida todas as dependências do edifício. A menor desordem era logo reprimida. Exigia ainda que nada faltasse aos doentes. Ali tornava à tarde. Sentado num tamborete e circundado pelos doentes, distraí-os narrando ora a vida dos santos, ora fatos atuais. Ao cair da noite voltava à sua chácara. Tal vida levou o Padre Pacheco durante vinte anos. Em todo esse tempo custeou as despesas de sua própria bolsa.

Afinal, após uma caridade sem limites, Nosso Senhor julgou-o já maduro para o céu. Foi acometido de um derrame cerebral que o levou rapidamente ao túmulo.

Faleceu em 1825.

Esta foi a obra do Padre Pacheco, descrita apenas em linhas gerais. Muito mais realizou ele em prol dos ituanos.

Entretanto permanece olvidado. Não seria uma medida louvável caso votasse a Câmara um projeto dando a uma de nossas ruas o nome do benemérito Padre Pacheco?

Esperando na atenção da colenda Câmara é que lançamos este apelo.

Façamos jus aos méritos do Padre Antonio Pacheco da Silva.

(Esta crônica foi publicada no jornal “O Trabalhador”,
de Itu, em fevereiro de 1957, edição 134 – Ano IX)

Comentários