Recursos humanos sustentáveis
O Fórum Mundial de Sustentabilidade apresentou mais perguntas do que respostas. Ficou claro que o capital agora é Natural e que as empresas, para sobreviver a esta década, terão de se “Naturalizar”.
A maquiagem verde (greenwashing) será rapidamente denunciada pelas mídias sociais. O consumidor vai, cada vez mais, escolher produtos de origem certificada. O desenvolvimento dos recursos (todos) serão sustentáveis. Os empregos de colarinho branco começarão a dar lugar, em importância, aos de colarinho verde.
Será que os profissionais de RH estão preparados para esse desafio? Será que sabem o que está acontecendo? Como uma empresa pode se transformar se o principal agente de mudança não estiver sintonizado? Essas foram algumas questões levantadas no Fórum Mundial de Sustentabilidade que aconteceu entre 24 e 26 de março, em Manaus.
O que começará a acontecer lembra muito o movimento gerado em julho de 2005 pela publicação na capa da Fast Company :“Por que odiamos RH?”. Na época, as reações foram de todo tipo, geraram muitas discussões, pesquisas, artigos e ainda obrigaram o fundador da revista, Bill Taylor, a se explicar em palestras.
O que estava em jogo? Os profissionais de RH ou a política das empresas? Do ponto de vista dos profissionais da área “doeu”! Muitos ficaram na zona de conforto defendendo a categoria, mas muitos também aproveitaram para se questionar e se reinventar.
O que fazer agora? Como o RH das empresas vai conseguir capacitar, avaliar, contratar e, principalmente, mensurar os recursos humanos para o desenvolvimento sustentável? Muitas perguntas para poucas respostas. O novo perfil daqueles que são responsáveis pela gestão humana na empresa é de alguém que entende verdadeiramente o que é sustentabilidade, está familiarizado com aprendizagem sistêmica e navega muito bem pelo ambiente 2.0. Claro que toda formação e qualificação em Humanas continua valendo. Mas como saber em que pé você, ou alguém da sua equipe, está?
Provavelmente seria uma entrevista pessoal com questionamentos do tipo: Você leu Capitalismo Natural, do Paul Hawken? Descreva três vídeos que você assistiu no TED. O que é Conectivismo? Qual o nome do último livro do Peter Senge (2008)? O que foi o Pangea Day? Qual foi a variação do índice da sua pegada ecológica no último ano? Como você descarta seu óleo de cozinha? Quando será a Rio + 20? Para que serve o Foursquare? Qual a diferença entre página e perfil no Facebook? Já participou de um World Café? O que a sua empresa já fez quanto à pegada hídrica e a de carbono? Você recebe em casa algum jornal físico? Como são os arquétipos sistêmicos de Antonio Carlos Valença? Fale o que você sabe sobre a inovadora Business School, Team Academy? Como você vê o movimento em torno da Rebecca Black? Onde você estava na Hora do Planeta em 2010? Como estão distribuídas as informações no Khan Academy? Cite uma hashtag que tem alguma importância para sua empresa. O que significa Biomimicry?
Essa é apenas a ponta do iceberg de um assunto que não está aparecendo ainda no radar, mas logo chegará atropelando e buscando quem possa ajudar a empresa nessa transição. Acredito que não seja uma boa, nesse caso, optar pela zona de conforto. Mais um dado importante e já conhecido de todos é a importância que uma marca tem para atrair talentos para sua empresa. Fique atento ao tema!
Celebridades
Quanto ao Fórum Mundial de Sustentabilidade, mais de 700 pessoas participaram. Entre elas, estavam 162 jornalistas de 141 veículos de mídia. João Dória teve o talento de reunir as principais lideranças empresariais, ambientalistas, entidades e formadores de opinião internacional para dialogar sobre os rumos da Sustentabilidade e abrir caminho para o evento mais importante do mundo, a Rio + 20, que ocorrerá em junho de 2012.
Ao trazer personalidades como Bill Clinton, Arnold Schwarznegger, Richard Branson e James Cameron, o evento teve o mérito de fazer o Brasil ser visto pelo mundo todo. Falarei rapidamente sobre as personalidades, porque uma simples “googlada” trará centenas de páginas e vídeos sobre o que eles disseram.
Bill Clinton, que nem todos sabem sobre sua forte atuação em sustentabilidade, disse que o Brasil tem tudo para liderar o mundo nessa área.
Schwarznegger foi inspirador ao mostrar, com humor e uma surpreendente humildade, o que uma boa governança pode fazer pelo meio ambiente. E foi enfático em sugerir que temos que pensar em tornar o tema mais “sexy” e menos catastrófico para o consumidor final.
Richard Bransonfoi uma grande decepção e causou certo desconforto. Não sei se é porque minha expectativa era muito alta ou se realmente ele perdeu uma ótima oportunidade de passar sua mensagem para o mundo.
James Cameron (Avatar) é um ativista importante e tem projetos fortes com o nosso país. Ele respondeu algumas perguntas junto ao ex-governador da Califórnia e aproveitou para reprovar Belo Monte.
As palestras completas estão no Portal Terra que transmitiu ao vivo todo o evento.
Melhores Momentos
Os melhores momentos do Fórum Mundial de Sustentabilidade, em minha opinião, foram três.
O primeiro foi a palestra do Paul Hawken, de longe o melhor dos convidados internacionais. Se você nunca leu nada dele, a partir de hoje, comece! Ele é o inspirador para todos que observam a sustentabilidade com seriedade. Entre os vários livros, o “Capitalismo Natural” (1999) é a bíblia dessa nova economia. O “Blessed Unrested” (2007), ainda sem tradução, também é imperdível.
Hawken disse: “Eu quero dizer muito claramente. Eu vim ao Brasil por apenas um motivo. Eu não vim pelo clima, pela música. Eu não vim pela comida. Eu não vim pela cultura. Eu não vim pela beleza extraordinária das mulheres que vivem aqui. Eu vim para lhes dar uma mensagem. Eu vim aqui porque verdadeiramente acredito que o Brasil está na beira de se tornar um dos países mais importantes do mundo. Vocês, as decisões e as políticas que tomarem agora, terão um profundo efeito no século 21, e por causa do Brasil ser um país (relativamente) novo em termos de poder, vocês podem criar algo agora mesmo. Tudo está ao seu alcance. Eu penso que vocês podem ver que o mundo está com fome de uma genuína liderança. Nós precisamos dela e essa liderança tem fracassado em termos nacionais. A vitalidade, a paixão, o entusiasmo e a inovação que existe aqui no Brasil são únicos em termos de um grande e desenvolvido país com rápido desenvolvimento. Portanto, é por isso que estou