Em que mundo nós vivemos?

Esse artigo foi originalmente escrito para o Canal RH, em 23 de maio de 2012

Estamos vivendo um raro momento em que, o que chamamos de realidade, está sendo questionado dentro e fora de nós, dentro e fora das organizações. Sabemos que cada um de nós vê o mundo de uma forma diferente, mas o que está acontecendo é a existência de dois mundos distintos que mal se reconhecem. O desafio é percebê-los e escolher em qual deles queremos viver.

O primeiro mundo é aquele que acredita que mais é melhor. As pessoas que nele vivem têm a incômoda e permanente sensação de falta. Falta tempo para fazer tudo que se precisa, falta dinheiro para alcançar os objetivos, faltam horas de sono, faltam exercícios para se manter em forma, falta trabalho, falta saúde, falta amor, falta comida e por aí vai. Nesse mundo são valorizados uma casa maior, um carro melhor, um cargo mais alto, um certificado, uma posição social, prêmios e outros quereres. As principais maneiras de mensuração são o poder e o dinheiro. 

O segundo mundo é aquele que acredita que tudo está interligado. As pessoas que nele vivem são colaborativas e buscam o bem-estar. Estar bem consigo mesmo, com o outro, com a natureza, com o que se faz, com o que se tem e por aí vai. Nesse mundo se valoriza a sustentabilidade, o pensamento sistêmico, a espiritualidade, a aprendizagem, a integridade e o ser. As principais maneiras de mensuração são o amor e a felicidade. 

O mundo do “mais é melhor” promove a competição, forja jovens para obedecer, cria lideranças baseadas em hierarquia, induz ao consumo, motiva por recompensa, favorece a corrupção, pune a ética e, principalmente, mantém um discurso contrário à pratica. Busca o desenvolvimento pela aceleração do crescimento por meio da destruição dos recursos naturais para o enriquecimento dos minoritários grupos de poder. Tudo isso parece bem ruim e exagerado, mas quem vive nesse mundo aprendeu a conviver com isso. 

O mundo do “tudo está interligado” promove a colaboração, forja jovens para pensar, cria liderança compartilhada, busca o consumo sustentável, gera cidadãos automotivados, favorece a ética, evita a corrupção e, principalmente, procura manter o discurso na prática. Busca o desenvolvimento por meio da sustentabilidade e acredita que a riqueza está na preservação e otimização dos recursos naturais. Tudo isso parece bom e desejável, mas é uma mudança de atitude que exige muita... muita vontade. 

Apesar de ser uma escolha aparentemente simples, ela é bem complexa. Vamos imaginar, só de brincadeira, uma entrevista com um “habitante” de cada mundo. 

Primeiro entrevistado: Informa-se pelos jornais, rádio e TV e não tem tempo a perder com as mídias sociais. Seus filmes preferidos são: O artista (Michel Hazanavicius), Cisne negro (Darren Aronofsky), Kill Bill (Quentin Tarantino). Leu ultimamente: O monge e o executivo (James Hunter), Marketing para o século 21 (Philip Kotler), Superdicas para conquistar um ótimo emprego (Robert Wong). Metodologia de educação: constrututivismo. Lê as revistas: Veja, Times e Época. 

Segundo entrevistado: Informa-se pelas mídias sociais e não tem tempo a perder com jornais, rádio e TV. Seus filmes preferidos são: Home (Yann Arthus-Bertrand), Finding Joe (Patrick Takaya Solomon), Serotonin Rising (Tony Perri). Leu ultimamente: Presença (Peter Senge), Inteligência social (Daniel Goleman), Conversas com líderes sustentáveis (Ricardo Voltolini). Metodologia de educação: conectivismo. Lê as revistas: Fast Company, The Economist e Canal RH :-) 

Em que mundo você escolhe viver? 

Vamos agora para a Rio+20 assistir ao encontro desses dois mundos. Boa sorte para todos os mundos!