Publicado: Quarta-feira, 11 de julho de 2007
A história do rock brasileiro
Camila BertolazziDécada de 50
O marco inicial do rock brasileiro é datado de 24 de outubro de 1955, quando foi lançada, na voz de Nora Ney, a música “Ronda das Horas”, uma versão de “Rock Around the Clock”, um dos primeiros sucessos do gênero, originalmente gravado por Bill Haley.
Depois do inusitado hit inaugural, os brasileiros simpatizaram com a subversiva novidade norte-americana, que começou a ser assimilada por cantores como Cauby Peixoto (foto), que em 1957 gravou a primeira faixa tipicamente nacional dentro do gênero: “Rock and Roll em Copacabana”, do compositor Miguel Gustavo.
Uma nova juventude começou a surgir, adotando como principal lema a contestação dos padrões da época, e as primeiras “baladas” rock’n’roll se concentravam em shows regionais, bailes, e festas das rádios, sendo que a moda ainda era dançar juntinho, só que com movimentos mais rápidos e ousados.
Década de 60
É nos anos 60 que surge o primeiro sucesso no cenário do rock brasileiro, na voz da cantora Celly Campello, responsável por popularizar as canções “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido”, abriu caminho para o nascimento da Jovem Guarda, encabeçada por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa (foto), que criaram um repertório de letras românticas em ritmo acelerado, sendo o primeiro conjunto do Brasil que conseguiu a adoração nacional.
Surge também a Tropicália, uma revolução musical promovida pelos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, que criaram um novo estilo ao fundirem as guitarras elétricas com os mais tradicionais gêneros da música de raiz nacional.
Também surge uma das bandas mais cultuadas no mundo todo até os dias atuais – Os Mutantes, formado por Arnaldo Batista, Sérgio Dias e Rita Lee, consagraram-se com um estilo musical que misturava desde psicodelia, Beatles, música concreta, erudita e até o samba.
Em junho de 67, é inaugurada a famosa casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro, que marca uma nova era – as festas começam a sair dos clubes locais e vão para estabelecimentos específicos, destinados em receber concertos de rock.
Década de 70
No Brasil, o baiano Raul Seixas (foto), misturando esoterismo e pura provocação, conquista os jovens com seu estilo debochado. Enquanto isso, Rita Lee cria a banda Tutti Frutti e se torna a grande dama do rock nacional. Os Secos & Molhados adaptaram o estilo glitter rock de Bowie à música folclórica, criando também um sucesso nunca visto antes.
O hard-rock e o progressivo também ganharam força, com os músicos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias e suas respectivas bandas. O pré-punk aparecia em 77, com o Joelho de Porco e suas sátiras.
Nesta década, o fim dos Beatles foi emblemático e ajudou na transição entre o rock básico de letras simples para o mais complexo, com melhores instrumentos, apoio de orquestras (como no caso do Deep Purple), e muitos sintetizadores, usados na criação dos sons eletrônicos.
Década de 80
O principal ano do período foi em 85, graças a um acontecimento crucial: o Rock In Rio tornou-se o maior concerto de rock de todos os tempos. Foi um público estimado em um milhão e meio de pessoas durante os dez dias de música. A partir de então, o país entrou na rota das grandes turnês internacionais e a juventude passou a ter mais orgulho das produções locais.
Os expoentes eram, por exemplo, Ultraje a Rigor (foto) e a banda RPM, que gravou o disco “Rádio Pirata Ao Vivo” e foi recordista de vendas – de qualquer gênero – no Brasil: somando 2,2 milhões de cópias comercializadas.
No mesmo período, o Legião Urbana lançava seu primeiro álbum, mostrando que os ideais punks continuavam fortes, assim como nos sons dos Garotos Podres, Camisa de Vênus, Ira!, Replicantes, Cólera e Plebe Rude.
Década de 90
Durante o começo da década de 90, surge uma potência mundial do heavy metal: o Sepultura, que também foi atração do segundo Rock In Rio, realizado no Maracanã, com estrelas como Prince, Guns’n’Roses, Nenhum de Nós e Capital Inicial.
Fusões ficam mais evidentes no cenário nacional, como no caso do Cidade Negra, que ganhou fama por suas misturas com reggae, assim como o Skank, além de Chico Science & Nação Zumbi, que misturavam maracatu com a música pop de vanguarda.
Planet Hemp chocava com suas letras que pediam a legalização da maconha e Os Raimundos fundiam o forró com hardcore. Porém, o recorde comercial de meados de 96 foi da então desconhecida banda Mamonas Assassinas (foto), que chamou a atenção com suas músicas debochadas, vendendo a impressionante quantidade de 2,6 milhões de discos.
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