Publicado: Sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Povo-em-Pé
Deborah DubnerA tradição nativa americana olha as árvores como irmãos e irmãs. Elas são carinhosamente chamadas de Povo-em-Pé e consideradas, pelos índios, os chefes do Reino das plantas.
Os nativos de todas as partes do mundo têm vivido em harmonia com o reino das plantas, utilizando-o como ajuda à sobrevivência. Mas o povo indígena utiliza apenas o que necessita, sem armazenar por medo da escassez e sempre com respeito e honrando cada presente oferecido pelo reino vegetal, como algo sagrado.
Os índios cherokees ensinam que as árvores são seres que servem o tempo inteiro, às necessidades dos outros. Elas fornecem oxigênio para todos os seres da terra, abrigo através de seus galhos e folhas e asilo aos seres que moram embaixo da terra, através de suas raízes. Além disso, oferecem aos humanos a madeira para construção de suas casas, borracha e outros artigos de primeira necessidade.
Basta olhar em volta para perceber que o mundo está repleto dos presentes ofertados pelas árvores: móveis, papel, lápis, fósforo, goma de mascar, frutas, remédios à base de ervas, cordas, pneus, etc.
Cada árvore ou planta possui seus próprios talentos, habilidades e dons a serem compartilhados. Por exemplo, algumas árvores dão frutos, outras fornecem cura para distúrbios físicos ou emocionais. Cada uma, com sua beleza e personalidade, nos ensina lições de ser e estar no mundo. Como o carvalho, que nos ensina a ter força de caráter e manter os nossos corpos fortes e sadios. Ou a mimosa, que representa o nosso lado feminino e revela um coração apaixonado.
À semelhança das árvores, nós temos uma espinha, que lembra um tronco, braços que se assemelham aos galhos e os cabelos, que sugerem as folhas. Crescemos em direção à luz, da mesma forma que os galhos se esticam em direção ao sol. Cada ser humano possui um corpo diferente do outro, assim como as árvores. Não existem dois seres iguais. A diferença principal está no fato de que nós, seres humanos, caminhamos e nos movimentamos, tendo a oportunidade de ver muitas coisas. Já as árvores ficam fixas e extraem da terra tudo o que precisam gerar frutos, flores, madeira e tantas outras belezas. Árvore é pura doação.
Quando nós nos recordamos de nossas raízes, a única parte física das árvores que nos faltam, essa lembrança nos ajuda a caminhar em equilíbrio com nós mesmos e com o planeta. Sem essas raízes, que as árvores nos ensinam tão bem, perdemos a conexão com a terra.
A raiz de todas as civilizações que estão por vir, já vive neste momento dentro de cada um de nós. Nutrir o futuro equivale a honrar as sementes do presente. As árvores (povo-em pé) nos inspiram a olhar a raiz de cada bênção, reconhecer a sua verdade e usá-lá para o bem.
Na tradição dos nativos, o ser humano é considerado a ponte entre o céu e a terra. Ele pertence aos dois mundos, assim como as árvores. Mas é preciso aprender a enraizar, através da mãe terra, e ao mesmo tempo deixar o espírito voar livre, fundindo estes dois mundos.
(adaptado do livro “As Cartas do Caminho Sagrado”, de Jamie Sams)
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