Publicado: Segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004
Entrevista com Salathiel de Souza sobre Simplício
Deborah DubnerO jornalista Salathiel de Souza escolheu estudar a vida de Simplício no seu Trabalho de Conclusão da faculdade. Leia entrevista com o autor.
Como surgiu a idéia de fazer este trabalho e por que você escolheu o Simplício?
Ainda no terceiro ano da faculdade de jornalismo, em 2002, eu procurava um bom assunto para meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Queria que fosse um livro, pois o que mais gosto de fazer é escrever. Tinha que ser um tema legal, pelo qual eu me apaixonasse, mas que também fosse importante do ponto de vista jornalístico. Comecei a pensar e lembrei do Simplício, um grande filho da cidade de Itu. Depois que ele saiu da televisão, ficou esquecido pelo público em geral. Comecei a reparar que os turistas, e até mesmo vários ituanos, não conheciam a origem da "lenda do exagero", a história do Orelhão de Itu e tampouco sabiam que Simplício foi o inventor de toda essa brincadeira. Achei importante, para a memória do artista e para a história recente da cidade, deixar tudo registrado na forma de um livro
O que você mais gostou de fazer durante esse trabalho?
Todos os processos foram prazerosos, desde a coleta das informações até a edição e a redação de todo o material. Mas entre todos, sem dúvida o trabalho de pesquisa é o mais emocionante para o jornalista. Aprendi muito sobre a história de Itu, fatos e curiosidades que eu ainda desconhecia. Tive que conversar com muitas pessoas, inclusive humoristas como José Vasconcelos e Clayton Silva, que são do mesmo ramo de atuação que Simplício. Visitei bibliotecas públicas e de Universidades como a PUC de Campinas e a ECA da USP, além de arquivos municipais. Tive acesso a algumas fotos antigas e recortes de jornal sobre a carreira de Simplício, cuidadosamente guardados durante anos pela esposa dele, dona Helena Maria. Conhecer tudo isso é muito bom. E relatar essas descobertas de forma agradável para os leitores é um trabalho melhor ainda.
Quais foram as maiores dificuldades?
Meu livro trata de um período histórico que costumamos chamar de "história recente". Nesses casos, é muito difícil achar documentos e registros fotográficos sobre o assunto. Nas várias pesquisas que fiz em bibliotecas de Itu, Salto, Jundiaí, Campinas e São Paulo, nada encontrei sobre a carreira de Simplício na televisão ou a origem da "lenda do exagero". Minha salvação foram os jornais guardados pela família de Simplício, publicados entre os anos de 1950 e 2000. Com esse material e as informações de vinte entrevistados, consegui tudo de que precisava para contar a história da vida e da carreira de Simplício, bem como as conseqüências da "lenda do exagero" para Itu. Por seu ineditismo, meu livro pode virar uma referência sobre o assunto. Principalmente para pesquisadores da história da televisão brasileira, estudantes de jornalismo, fãs do humor e do trabalho de Simplício.
Qual foi a maior conquista?
A maior conquista que qualquer pessoa pode alcançar, em qualquer tipo de trabalho, são os bons resultados. Depois de um certo empenho e com a graça de Deus, obtive muitos deles. Meu trabalho foi avaliado pela Banca Examinadora da Faculdade Prudente de Moraes e recebeu nota máxima, sem ressalva alguma. Além disso, ganhou também uma Menção Honrosa no III Prêmio Novos Talentos, no final do ano passado. Concluir o curso de jornalismo dessa maneira foi emocionante. Meu livro ainda vai participar esse ano de alguns concursos de avaliação de projetos universitários e espero que também neles obtenha uma boa impressão.
Quem foram as pessoas-chave que ajudaram você na concretização deste trabalho?
Muitas pessoas me ajudaram. Por melhor que você escreva, por mais que você pesquise, mesmo que você seja um jornalista extremamente competente, é importante perceber que ninguém realiza nada sozinho. Um grande apoio veio da família de Simplício, da parte de dona Helena Maria, esposa dele. Desde o começo dos trabalhos ela colocou-se à minha disposição para falar da vida do marido. Fiquei honrado, pois ela confiou no que eu estava fazendo. Outra ajuda fundamental veio da professora Márcia Eliane Rosa, que me orientou durante o TCC. Ela me ajudou a enxergar outros horizontes durante todos os processos de produção do livro e posso afirmar que sem esse trabalho em equipe com ela, não teria conseguido uma nota máxima. Entre os colegas da faculdade, muitos me deram aquele apoio essencial quando chegava o desânimo e eu ficava cansado de batalhar, principalmente a Karina Camargo, a Luciana Vicente e a Rita Mantovani. Em casa também tive muita ajuda. Antes de entregar o livro para avaliação da Banca Examinadora, minha mãe leu o livro inteiro em apenas poucas horas, fazendo uma revisão. A Kelly, minha namorada, me acompanhou em várias viagens que fiz para fora de Itu, quando precisei conversar com entrevistados em Campinas, Itatiba e São Paulo. Dom Amaury Castanho, com o qual passei a trabalhar no ano passado, também ajudou bastante. Sempre selecionava artigos e matérias de suas leituras que fossem de meu interesse, além de dar suas opiniões sobre o trabalho. Há muitos outros que me deram hospedagem, caronas, orientações e outros tipo de suporte, como os casais Rogério e Adriana e Alexandre e Poliana, de São Paulo, e meu amigo Duílio Fabbri, de Campinas. Se fosse falar de todos eles, escreveria um outro livro somente sobre isso! Enfim, tantos me auxiliaram que só posso dizer que o meu livro é também um pouco deles.
O Simplício sabe da sua obra?
Ele sabe que eu escrevi a biografia dele, pois desde o começo dos trabalhos dona Helena Maria estava a par do assunto. Infelizmente, não pude falar pessoalmente com ele para fazer entrevistas. No próximo mês de outubro ele completa 88 anos e se encontra em um estado delicado de saúde já há algum tempo. Preferi não incomodá-lo e respeitar a privacidade dele, já que sua esposa poderia me fornecer todas as informações necessárias sobre sua vida e carreira. Acredito também que ele tenha acompanhado o assunto pela imprensa ituana.
Como você vê a importância do Simplício para Itu, principalmente para o turismo?
Não podemos ficar restritos a enxergar o turismo em torno da "lenda do exagero" apenas pelo modo como ele se apresenta atualmente. Temos que olhar para o passado e planejar o uso desse tipo de atratativo no futuro. Nos anos 60 e 70 do século passado, a "lenda do exagero" mudou o perfil econômico de Itu, com a vinda de 5 mil turistas a cada final de semana para a cidade. A brincadeirinha de Simplício, divulgada na "Praça da Alegria", tornou-se o prime
Ainda no terceiro ano da faculdade de jornalismo, em 2002, eu procurava um bom assunto para meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Queria que fosse um livro, pois o que mais gosto de fazer é escrever. Tinha que ser um tema legal, pelo qual eu me apaixonasse, mas que também fosse importante do ponto de vista jornalístico. Comecei a pensar e lembrei do Simplício, um grande filho da cidade de Itu. Depois que ele saiu da televisão, ficou esquecido pelo público em geral. Comecei a reparar que os turistas, e até mesmo vários ituanos, não conheciam a origem da "lenda do exagero", a história do Orelhão de Itu e tampouco sabiam que Simplício foi o inventor de toda essa brincadeira. Achei importante, para a memória do artista e para a história recente da cidade, deixar tudo registrado na forma de um livro
O que você mais gostou de fazer durante esse trabalho?
Todos os processos foram prazerosos, desde a coleta das informações até a edição e a redação de todo o material. Mas entre todos, sem dúvida o trabalho de pesquisa é o mais emocionante para o jornalista. Aprendi muito sobre a história de Itu, fatos e curiosidades que eu ainda desconhecia. Tive que conversar com muitas pessoas, inclusive humoristas como José Vasconcelos e Clayton Silva, que são do mesmo ramo de atuação que Simplício. Visitei bibliotecas públicas e de Universidades como a PUC de Campinas e a ECA da USP, além de arquivos municipais. Tive acesso a algumas fotos antigas e recortes de jornal sobre a carreira de Simplício, cuidadosamente guardados durante anos pela esposa dele, dona Helena Maria. Conhecer tudo isso é muito bom. E relatar essas descobertas de forma agradável para os leitores é um trabalho melhor ainda.
Quais foram as maiores dificuldades?
Meu livro trata de um período histórico que costumamos chamar de "história recente". Nesses casos, é muito difícil achar documentos e registros fotográficos sobre o assunto. Nas várias pesquisas que fiz em bibliotecas de Itu, Salto, Jundiaí, Campinas e São Paulo, nada encontrei sobre a carreira de Simplício na televisão ou a origem da "lenda do exagero". Minha salvação foram os jornais guardados pela família de Simplício, publicados entre os anos de 1950 e 2000. Com esse material e as informações de vinte entrevistados, consegui tudo de que precisava para contar a história da vida e da carreira de Simplício, bem como as conseqüências da "lenda do exagero" para Itu. Por seu ineditismo, meu livro pode virar uma referência sobre o assunto. Principalmente para pesquisadores da história da televisão brasileira, estudantes de jornalismo, fãs do humor e do trabalho de Simplício.
Qual foi a maior conquista?
A maior conquista que qualquer pessoa pode alcançar, em qualquer tipo de trabalho, são os bons resultados. Depois de um certo empenho e com a graça de Deus, obtive muitos deles. Meu trabalho foi avaliado pela Banca Examinadora da Faculdade Prudente de Moraes e recebeu nota máxima, sem ressalva alguma. Além disso, ganhou também uma Menção Honrosa no III Prêmio Novos Talentos, no final do ano passado. Concluir o curso de jornalismo dessa maneira foi emocionante. Meu livro ainda vai participar esse ano de alguns concursos de avaliação de projetos universitários e espero que também neles obtenha uma boa impressão.
Quem foram as pessoas-chave que ajudaram você na concretização deste trabalho?
Muitas pessoas me ajudaram. Por melhor que você escreva, por mais que você pesquise, mesmo que você seja um jornalista extremamente competente, é importante perceber que ninguém realiza nada sozinho. Um grande apoio veio da família de Simplício, da parte de dona Helena Maria, esposa dele. Desde o começo dos trabalhos ela colocou-se à minha disposição para falar da vida do marido. Fiquei honrado, pois ela confiou no que eu estava fazendo. Outra ajuda fundamental veio da professora Márcia Eliane Rosa, que me orientou durante o TCC. Ela me ajudou a enxergar outros horizontes durante todos os processos de produção do livro e posso afirmar que sem esse trabalho em equipe com ela, não teria conseguido uma nota máxima. Entre os colegas da faculdade, muitos me deram aquele apoio essencial quando chegava o desânimo e eu ficava cansado de batalhar, principalmente a Karina Camargo, a Luciana Vicente e a Rita Mantovani. Em casa também tive muita ajuda. Antes de entregar o livro para avaliação da Banca Examinadora, minha mãe leu o livro inteiro em apenas poucas horas, fazendo uma revisão. A Kelly, minha namorada, me acompanhou em várias viagens que fiz para fora de Itu, quando precisei conversar com entrevistados em Campinas, Itatiba e São Paulo. Dom Amaury Castanho, com o qual passei a trabalhar no ano passado, também ajudou bastante. Sempre selecionava artigos e matérias de suas leituras que fossem de meu interesse, além de dar suas opiniões sobre o trabalho. Há muitos outros que me deram hospedagem, caronas, orientações e outros tipo de suporte, como os casais Rogério e Adriana e Alexandre e Poliana, de São Paulo, e meu amigo Duílio Fabbri, de Campinas. Se fosse falar de todos eles, escreveria um outro livro somente sobre isso! Enfim, tantos me auxiliaram que só posso dizer que o meu livro é também um pouco deles.
O Simplício sabe da sua obra?
Ele sabe que eu escrevi a biografia dele, pois desde o começo dos trabalhos dona Helena Maria estava a par do assunto. Infelizmente, não pude falar pessoalmente com ele para fazer entrevistas. No próximo mês de outubro ele completa 88 anos e se encontra em um estado delicado de saúde já há algum tempo. Preferi não incomodá-lo e respeitar a privacidade dele, já que sua esposa poderia me fornecer todas as informações necessárias sobre sua vida e carreira. Acredito também que ele tenha acompanhado o assunto pela imprensa ituana.
Como você vê a importância do Simplício para Itu, principalmente para o turismo?
Não podemos ficar restritos a enxergar o turismo em torno da "lenda do exagero" apenas pelo modo como ele se apresenta atualmente. Temos que olhar para o passado e planejar o uso desse tipo de atratativo no futuro. Nos anos 60 e 70 do século passado, a "lenda do exagero" mudou o perfil econômico de Itu, com a vinda de 5 mil turistas a cada final de semana para a cidade. A brincadeirinha de Simplício, divulgada na "Praça da Alegria", tornou-se o prime
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