Publicado: Segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Dia do Jornalista - Antonio Rafael
Camila BertolazziQual a missão do jornalista?
O jornalista tem como missão levar ao conhecimento público os fatos e acontecimentos de forma a esclarecer a sociedade sobre sua natureza, os motivos pelos quais eles estão acontecendo e as conseqüências que eles trazem para o nosso cotidiano. Para tanto, o jornalista utiliza-se de técnicas próprias, desde a investigação dos fatos, passando pela redação, até a edição. Um bom trabalho jornalístico é aquele que rende feedback, aquele que provoca o leitor no sentido de ele procurar saber mais sobre o assunto ou ter algum outro tipo de reação, formalizando uma espécie de interação. Acredito que quando o jornalista cumpre esse papel, dentro dos princípios éticos e sabendo respeitar o seu leitor, o que é fundamental, ele cumpriu muito bem o seu papel.
Qual o maior desafio?
O maior desafio hoje em dia, infelizmente, é o jornalista entrar no mercado de trabalho. Inúmeras são as faculdades que oferecem o curso de jornalismo no Brasil, mas essa quantidade nem de longe se equipara ao número de vagas oferecidas pelo mercado. Para conseguir trabalhar em sua área de formação, o jornalista de hoje deve procurar sempre se reciclar, buscar cada vez mais o aprimoramento profissional, ler bastante sobre diversos assuntos, abolir preconceitos e ter força de vontade. Os profissionais bem preparados têm vantagem em relação aos demais.
Qual o seu sonho como jornalista?
A profissão de jornalista sempre traz grandes sonhos. Sou adepto da posição da obrigatoriedade do diploma de ensino superior de jornalismo para se exercer a profissão. Sempre fui desta opinião e continuarei sendo, o que é uma grande luta da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Não que todos os que não tenham diploma de jornalista e trabalhem na área sejam maus profissionais, conheço alguns que são bons, mas é totalmente injusto que bons profissionais que estudaram quatro anos na faculdade, que pagaram por isso, estejam desempregados enquanto outros, sem formação superior ou então com outra formação superior, ocupem as vagas de jornalistas em jornais, revistas, rádios, TVs, sites e assessorias de imprensa. A profissão de jornalista deve ser valorizada e sonho que um dia esta legislação mude.
Qual é o tipo de mídia com que mais se identifica?
Os meios que mais me identifico são aqueles em que já tive pelo menos alguma experiência. Falar de um só seria difícil para mim, porque gostei de todos eles, mesmo o rádio, que tive uma pequena experiência. Escuto rádio desde pequeno e meu sonho era ser locutor de futebol, mas não consegui avançar nisso. O máximo foi ter feito algumas transmissões de campeonato de futebol amador em Itu e em Salto, há alguns anos, o que foi muito bom. Tive uma experiência de mais de cinco anos em jornal impresso, o que foi muito bom para a minha vida profissional. Há dois anos e meio trabalho com assessoria de imprensa em gestão pública e posso dizer que é uma área extremamente interessante para se trabalhar.
Como você descobriu que queria ser jornalista?
Apesar de ser apaixonado por História e Geografia, que me fizeram pensar um pouco antes de definir de fato que carreira eu gostaria de seguir, o Jornalismo sempre me fascinou. E eu digo sempre porque desde pequeno o Jornalismo, de alguma forma, já me atraía. Em meio aos carrinhos e videogames, sempre tinha tempo para brincar um pouco de "faz de conta que sou apresentador de telejornal", o que era muito engraçado. Volta e meia minha mãe lembra disso. Tirando essas brincadeiras de criança, acredito que a forma como meus pais me criaram levou a isso. Ouço o jornalismo da Jovem Pan todos os dias desde pequeno, sempre enquanto tomo café da manhã. Sempre gostei de telejornais, de ler jornais e revistas. E na escola, os professores de Redação e de Língua Portuguesa sempre elogiavam meus textos, me incentivavam. A opção pelo Jornalismo acabou acontecendo naturalmente.
Conte uma reportagem que mudou sua vida.
Várias reportagens foram marcantes para mim, mas para citar só uma, vem à minha cabeça a cobertura da polêmica eleição para a presidência da Câmara de Vereadores de Itu para o biênio 2003/2004. O então governo municipal contava com maioria na Câmara, mas naquele dia os descontentes migraram para o bloco de oposição e, numa sessão marcada por declarações inflamadas e posições surpreendentes, 10 vereadores se uniram e iniciaram uma grande reviravolta na política de Itu. A cobertura daquele dia para mim foi marcante, ainda mais quando retornei à redação do Jornal Periscópio e contei o que havia acontecido, para espanto de todos, que obviamente não imaginavam que os seis da oposição haviam se transformado em 10, e mais tarde seriam 12. O panorama político da cidade teve naquele dia o que podemos chamar de divisor de águas e para mim foi muito bom participar daquele momento como repórter.
Complete a frase: "Se eu pudesse fazer um mundo melhor como jornalista, eu..."
Se eu pudesse fazer um mundo melhor como jornalista, eu faria com que a profissão fosse realmente valorizada, que o estágio fosse devidamente regulamentado, sem exageros, com cotas específicas para estagiários em cada órgão de imprensa; que os jornalistas profissionais fossem maioria absoluta no mercado de trabalho, com a exigência do diploma; que a remuneração do jornalista fosse algo respeitado; e que não houvesse abuso do profissional para exercer outra atividade jornalística, dentro de uma mesma empresa de comunicação, sem que, para isso, ele pelo menos ganhe a mais para tal tarefa. Acho que já seria um bom começo.
Antonio Rafael Júnior é Diretor do Departamento de Comunicação Social da Prefeitura da Estância Turística de Itu.