Cinema

Publicado: Quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O poder da comunicação invade o Globo de Ouro

Leia a crítica sobre a escolha dos indicados.

O poder da comunicação invade o Globo de Ouro
A rede social surpreende ao ser indicada em seis categorias

Por Gustavo Moreno

Como todo cinéfilo sabe, o Globo de Ouro é uma espécie de preparação para o Oscar. Afinal, muitos que vencem ou, pelo menos, são indicados a ele, reaparecem alguns meses depois para o prêmio da Academia. Nesta semana, a lista com todos os indicados mostrou uma disputa interessante entre filmes cuja temática é a comunicação.

Na liderança está O Discurso do Rei, com sete indicações: Melhor Filme (Drama), Ator (Colin Firth), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Atriz Coadjuvante (Helena Bonham-Carter), Diretor (Tom Hooper), Roteiro e Trilha Sonora. Porém, A Rede Social, de David Fincher (O curioso caso de Benjamin Button), vem logo em seguida com seis indicações, não competindo diretamente com o primeiro apenas na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.

O Discurso do Rei conta a história da coroação do rei George VI (pai de Elizabeth II, da Inglaterra) e sua incapacidade de oratória. Em plena II Guerra Mundial, o relutante rei deve recorrer aos métodos não-ortodoxos de um fonoaudiólogo para vencer seu medo de falar em público.

Anos à frente, na Era da Internet, A rede social mostra a história de Mark Zuckerberg, criador do famoso Facebook. Ainda na faculdade, Mark desenvolve o sistema que compartilha as informações entre seus amigos. Totalmente anti-social, ele chega ao paradoxo de lançar uma das melhores redes de comunicação atuais. Sua fama, porém, gera uma briga profunda com seu melhor amigo.

O poder da comunicação invade o Globo de Ouro

Ambos os filmes, baseados em casos reais, atraem o espectador pela falta de socialização dos personagens principais. O modo como agem e seus conflitos internos são o norte dos filmes, reforçados por muita atuação e relações conflituosas entre os personagens. Puro discurso e retórica.

O Globo de Ouro 2011 distanciou-se dos efeitos visuais, chefiados no ano passado por títulos como Avatar, indicando apenas dois filmes com aspecto fantástico: A origem e - não sei porque - Alice no país das maravilhas. O primeiro como Melhor Drama e o outro, como Melhor Comédia/Musical (uma categoria que eu acho muito estranha e abrangente demais). Um injustiçado, com certeza, foi o suspense psicológico A ilha do medo, de Martin Scorsese.

Não é por menos que em 2010, ano em que as mídias sociais passaram a ser componente “integrante” (cabe aqui uma ironia) do cotidiano das pessoas, dois cotados para o prêmio de Melhor Filme sejam baseados em comunicação, da sua forma mais rústica a mais avançada.

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