O poder da comunicação invade o Globo de Ouro
Leia a crítica sobre a escolha dos indicados.
Gustavo Moreno
Por Gustavo Moreno
Como todo cinéfilo sabe, o Globo de Ouro é uma espécie de preparação para o Oscar. Afinal, muitos que vencem ou, pelo menos, são indicados a ele, reaparecem alguns meses depois para o prêmio da Academia. Nesta semana, a lista com todos os indicados mostrou uma disputa interessante entre filmes cuja temática é a comunicação.
Na liderança está O Discurso do Rei, com sete indicações: Melhor Filme (Drama), Ator (Colin Firth), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Atriz Coadjuvante (Helena Bonham-Carter), Diretor (Tom Hooper), Roteiro e Trilha Sonora. Porém, A Rede Social, de David Fincher (O curioso caso de Benjamin Button), vem logo em seguida com seis indicações, não competindo diretamente com o primeiro apenas na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.
O Discurso do Rei conta a história da coroação do rei George VI (pai de Elizabeth II, da Inglaterra) e sua incapacidade de oratória. Em plena II Guerra Mundial, o relutante rei deve recorrer aos métodos não-ortodoxos de um fonoaudiólogo para vencer seu medo de falar em público.
Anos à frente, na Era da Internet, A rede social mostra a história de Mark Zuckerberg, criador do famoso Facebook. Ainda na faculdade, Mark desenvolve o sistema que compartilha as informações entre seus amigos. Totalmente anti-social, ele chega ao paradoxo de lançar uma das melhores redes de comunicação atuais. Sua fama, porém, gera uma briga profunda com seu melhor amigo.
Ambos os filmes, baseados em casos reais, atraem o espectador pela falta de socialização dos personagens principais. O modo como agem e seus conflitos internos são o norte dos filmes, reforçados por muita atuação e relações conflituosas entre os personagens. Puro discurso e retórica.
O Globo de Ouro 2011 distanciou-se dos efeitos visuais, chefiados no ano passado por títulos como Avatar, indicando apenas dois filmes com aspecto fantástico: A origem e - não sei porque - Alice no país das maravilhas. O primeiro como Melhor Drama e o outro, como Melhor Comédia/Musical (uma categoria que eu acho muito estranha e abrangente demais). Um injustiçado, com certeza, foi o suspense psicológico A ilha do medo, de Martin Scorsese.
Não é por menos que em 2010, ano em que as mídias sociais passaram a ser componente “integrante” (cabe aqui uma ironia) do cotidiano das pessoas, dois cotados para o prêmio de Melhor Filme sejam baseados em comunicação, da sua forma mais rústica a mais avançada.