Turismo

Publicado: Quarta-feira, 25 de maio de 2011

Gruta do Riacho Subterrâneo:maior caverna em granito do Hemisfério Sul

Crédito: Carlos Eduardo Martins (Caê) Gruta do Riacho Subterrâneo:maior caverna em granito do Hemisfério Sul
Crosta residual de cristais de quartzo sobre a superfície granítica alterada

Ericson Cernawsky Igual (Ovo)

Foi no feriado de 1º de Maio de 2009, quando aconteceu o primeiro reconhecimento físico da Gruta do Riacho Subterrâneo, com referência baseada numa foto, antecedido pela sensação de que seria apenas mais uma pequena gruta de granito. Mas o destino era Itu, terra dos superlativos, e isso não foi levado em
consideração.

Localizada no Camping Casarão, na histórica cidade de Itu (do Tupi “y”: água, rio; “tu”: a queda-d’água), no Estado de São Paulo, que em 2010 completou 400 anos, berço de Prudente de Morais, primeiro presidente civil da Republica, e do humorista Simplício (Francisco Flaviano de Almeida), responsável pela fama dos exageros ituenses, hoje, uma tradição local e que responde por grande parte do fluxo turístico no município.

Chegamos no período da tarde, por volta das 15 horas, pois havíamos dedicado o período da manhã para mapeamento da Gruta Villa Velha (CNC SBE SP 599), em Santana do Parnaíba e aproveitaríamos o fim do dia para mapear a suposta pequena cavidade. Logo na entrada, a sensação inicial foi embora, era visível que o desenvolvimento era muito maior do que imaginávamos e estava claro que não seria pequena, levando em consideração os desenvolvimentos médios das cavernas de granitos.

Numa rápida exploração estimamos uns 200 metros no total. Teríamos que retornar em outra ocasião para a realização da topografia. O trabalho foi retomado no final de semana de 06 e 07 de junho. E aquela estimativa inicial foi por água abaixo, ou melhor, Riacho Subterrâneo abaixo. Nova estimativa, agora cogitando possíveis 400 metros. A agenda cheia, os compromissos de mapas para o PME de Intervales e Petar não permitiram um retorno imediato e conseguimos retornar apenas em 2010, final de semana de 17 e 18 de Abril, considerando a possibilidade de finalizar a topografia. Voltamos sem concluir e a estimativa subiu para a casa dos 600 metros.

Desde então, retornamos mais 8 vezes, e a linha de trena soma atualmente 1.850 metros, resultando em 1.415 metros de desenvolvimento linear e 1.249 metros de projeção horizontal. Hoje não arriscamos mais estimativas. O trabalho ainda será longo. No decorrer das atividades de campo, inúmeras descobertas interessantes, que vão desde uma grande variedade de espeleotemas, diversidade de fauna, fragmento de um artefato cerâmico (ainda não datado), evidencia a Gruta do Riacho Subterrâneo não apenas pelo seu notável desenvolvimento ou pela sua litologia, mas também por esses diversos atributos.

Tais características despertaram interesse em outros especialistas, que já iniciaram outros trabalhos nas áreas de arqueologia, biologia e mineralogia, envolvendo até o momento 49 pessoas nas atividades de campo. Destaque para a atividade de campo da Disciplina de Ecologia de Cavernas da UFSCAR, coordenada pela Profa. Dra. Maria Elina Bichuette e a presença do Dr. Astolfo Gomes de Mello Araujo do Museu de Arqueologia e Etnologia - USP.

De acordo com os Cadastros Brasileiros de Cavernas e rankings mundiais de desenvolvimentos, hoje podemos afirmar que a Gruta do Riacho Subterrâneo ocupa a primeira posição do Brasil, America do Sul e Hemisfério Sul e já se encontra entre as seis maiores cavernas em granito do Mundo, com possibilidades de se aproximar das primeiras posições.

*Texto do Boletim Eletrônico do GPME - Grupo Pierre Martin de Espeleologia

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