Publicado: Quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
Arca Russa (2002)
Lilian SartórioUm museu como um ser vivo, uma entidade que respira e tem personalidade própria. Sokúrov empresta alma ao colossal palacete do Hermitage, em São Petersburgo, um dos maiores museus do mundo, testemunho da saga russa ao longo dos séculos.
Arca Russa foi filmado em um plano-sequência único, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas do museu, transformando a tela de cinema em um quadro vivo por onde desfilam três séculos de história: Pedro, o Grande; Catarina, a Grande; Catarina II; Nicolau e Alexandra; a última ceia dos Romanov que é contraposta à Santa Ceia; o baile que encerra o filme e funciona como metáfora para os últimos brilhos do império russo. “Eu estava curioso para saber como seria habitar uma obra de arte, um monumento arquitetônico. Eu vejo o tempo em sua totalidade, um presente contínuo. É preciso estar dentro dele, sentir-me integral como o espaço artístico, esta arquitetura indivisível”, afirma o cineasta.
Foram utilizados cerca de três mil figurantes na filmagem, que aconteceu em 23 de dezembro de 2001. Contudo, lembra Sokúrov, é um erro dizer que o filme foi feito em um único dia: a idéia surgiu há 15 anos e só a preparação levou sete meses. “A principal tarefa do cineasta não é filmar, mas compor.” O filme ganhou o prêmio IFC Visions no Festival de Cinema de Toronto 2002 como melhor filme. Para saber como Arca Russa foi feito, veja Filme de uma Seqüencia Só, de Michal Bukojemski, também na seleção de 26ª Mostra.
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