Publicado: Segunda-feira, 18 de junho de 2007
Discurso do Vereador Neto Beluci
O vereador propôs o título de cidadã ituana a Neca Setúbal
Deborah DubnerExcelentíssimo doutor Benedito Roque Moraes, Presidente da Câmara de Vereadores da Estância Turística de Itu
Excelentíssimo senhor Herculano Castilho Passos Júnior, digníssimo prefeito da Estância Turística de Itu
Excelentíssima senhora Rita de Cássia Trinca Passos, deputada à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
Excelentíssima Professora Maria Alice Setúbal
Autoridades já nomeadas
Senhoras e Senhores
É com imensa satisfação que a Câmara de Vereadores da Estância Turística de Itu, nesta sessão solene, presta o justo e merecido reconhecimento ao trabalho que a Professora Maria Alice Setúbal tem realizado pelo desenvolvimento de Itu.
Sem medo de parecer atrevido, permito-me chamá-la Neca, pessoa mais próxima de nós caipiras, apelido pelo qual é conhecida nas fazendas, nos sítios e ruas de Itu.
Maria Alice, a doutora em Educação, consultora da Unicef para a América Latina e Caribe, presidente de Fundações que se debruçam sobre as questões sociais e educacionais, deixou que seu saber acadêmico fosse inundado, sem reservas, pelo universo interiorano das modas de viola, da comida farta a beira do fogão de lenha, das rodas de prosa nas varandas das casas.
Encantou-se com o cheiro do mato, com os casarões mais que centenários, com a fala peculiar dos ituanos e com toda essa riqueza forjada na vida rude dos bandeirantes que deram início à cultura paulista.
Um novo mundo descortinou-se para ela, pronto a ser desbravado, como fizeram há quatrocentos anos os homens e mulheres que se afundaram pelo planalto de Piratininga, escancarando a boca do sertão até as fronteiras do desconhecido.
Um mundo simples de estradas poeirentas, de oratórios com santinhos de devoção e suas velas eternamente acesas, um mundo que teima em permanecer vivo na alma da gente.
Porém, a inquietação própria da socióloga, aliada a sua imediata identificação com os caipiras, levou-a a ações destemidas e ousadas que desencadearam um novo movimento de recuperação e valorização desse modo de ser.
Começou com a restauração da Fazenda Capoava, transformada em um dos mais destacados hotéis de turismo rural, conhecido em todo o país, abrindo caminho para outras propriedades se animarem com esta nova possibilidade.
Em abril de 2003, um encontro promovido por Neca reuniu grande parte da sociedade civil ituana para propor um diálogo entre a tradição e a busca de alternativas de desenvolvimento, criando uma ponte entre nosso patrimônio cultural e a necessidade, urgente, de através dele, oferecer oportunidades para o fortalecimento da principal vocação da cidade, o turismo.
Sob sua coordenação nasceu a Protur – Associação Pró Desenvolvimento do Turismo de Itu, uma associação que caminha ao lado das políticas públicas de inserção cultural e profissional. Passados quatro anos, a Protur está consolidada, agregando mais de meia centena de pequenos e médios empreendedores do segmento turístico.
Uma demonstração inequívoca de que é possível crescer e desenvolver sem abrir mão do que temos de mais importante: nossa identidade caipira, a feição cabocla que atrai turistas de todos os lugares para as fazendas, igrejas, praças e museus, mantendo viva a tradição e a história, dando um novo alento à economia e à auto-estima dos ituanos.
Outra conquista que, nos enche de orgulho, também chegou por suas mãos, a parceria que tornou realidade o Centro de Estudos da Universidade de São Paulo. Sua experiência de educadora anteviu nos arquivos do Mestre Edgar Carone uma oportunidade impar de expandir a atuação do Museu Republicano Convenção de Itu, tornando-o referência para pesquisa e estudos sobre os primórdios da república brasileira.
O Centro de Estudos, instalado na Casa do Barão, cedida pelo Prefeito Herculano Passos, já sediou dois seminários internacionais sobre os ciclos do açúcar e do café, divulgando a cidade de Itu nos mais destacados núcleos acadêmicos, dentro e fora do Brasil.
Mas, entre essas e tantas outras iniciativas da Neca, a que mais me emociona é o Projeto Terra Paulista, pela ousadia da proposta e por evidenciar a grandeza de seu compromisso com a educação dos nossos jovens.
O estreitamento dos laços que ligam o passado ao futuro é a única saída para que possamos construir uma sociedade justa e inclusiva, que permita o florescimento de cidadãos responsáveis e atuantes.
Terra Paulista fala diretamente à nossa alma caipira. Sem o véu do pré-conceito e do estigma, nos reencontramos com os valores imorredouros do homem simples, forte e corajoso, temente a Deus e à natureza, que está no alicerce de todos nós. Através do Terra Paulista podemos nos ver como um grupo que compartilha uma história que nos une, dá identidade e sentido para essa mistura de gentes e vivências que brotaram da mesma raiz.
É, com certeza, o mais abrangente estudo sobre a formação do povo paulista já realizado. Neca agrupou em torno desse projeto intelectuais, especialistas em suas áreas, mas também adicionou uma dose generosa de seu afeto, dando voz a gente de carne o osso,
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