Opinião

Publicado: Quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Rodrigo Tomba "Sem jamais perder a ternura"

Crédito: Arquivo Pessoal Rodrigo Tomba
"Quero poder sonhar com o fim da ganância, falcatrua e roubalheira que está instalada em nossa sociedade"
Esta semana que passou a revista Veja tentou me convencer de que Che Guevera era uma farsa. Não conseguiu! Em nada tenho a discordar com a meia dúzia de fontes que hoje vivem e desfrutam de Miami ouvidas pelos conceituados repórteres da revista, mas não posso compactuar com a intenção da publicação de derrubar o mito, até porque isso não seria bom para o mundo e muito menos para o Brasil.
 
Hoje estamos nos acostumando, para não generalizar, a dizer que político bom é político honesto. Uma barbaridade! Infelizmente somos confrontados, em todas as esferas políticas que nos rodeiam, a encarar super faturamentos, falcatruas, mentiras, subornos. O pior é que tudo começa a parecer normal e a fazer parte do jogo político.
 
Mas preste atenção: não faz! Primeiro porque a política, ao contrário do que pensam, não é um jogo; segundo porque seu conceito maior diz respeito à pluralidade dos homens, as suas condutas e principalmente à liberdade.
 
Liberdade, que por mais que não fizesse parte dos bruscos atos de De la Serna, o Che, exprimiam em suas palavras a busca maior de sua luta. E por isso aqui devemos respeitar o mito criado em torno desta figura. Os relatos registrados pelos jornalistas da Veja apontam um Guevera sedento por sangue, cruel e impiedoso. Os relatos registrados por jovens seguidores de sua doutrina o revelam utópico, sonhador, igualitário.
 
Ao vermos as indecências políticas exclamadas e pouco combatidas em senados, câmaras federais, estaduais e principalmente municipais, queremos acreditar que ainda há esperança, mas sempre nos apoiamos nos outros e pouco fazemos. Os “outros”, que vejo como futuro e me dão esperança, são adolescentes que usam biquínis da Cia Marítima estampado com a emblemática foto de Che registrada por Alberto Korda, são jovens que ainda penduram pôsters do guerrilheiro em seus quartos.
 
Não quero referendar o mito, pouco sei sobre sua história, quero é manter a esperança dos jovens que compram camisetas na C&A e sonham em dias melhores exprimindo seus desejos na imagem do herói latino.
 
Quero ainda acreditar que hão de nascer pessoas de boas índoles e que entendam que a política é a busca pelo bem-estar do próximo. Quero acreditar que os homens que almejam Che, um sonhador, são assim como eu, detentores de um ideal soberano de paz, igualdade e soberania. Não quero transformar o livre comércio num comunismo sem sentido. Quero poder sonhar com o fim da ganância, falcatrua e roubalheira que está instalada em nossa sociedade. Quero não ter que ouvir de meus mais próximos amigos que “se rouba, mas faz” então está bom. Não dá!
 
Quero idolatrar Che, e ver sua foto imortalizar a figura do herói.
Matar o mito talvez seja o mesmo que matar a esperança...
 
Rodrigo Tomba é jornalista e sonhador.
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