Sustentabilidade

Publicado: Quinta-feira, 27 de março de 2008

Agrônomo avalia plantio em Itu após um mês

Equipe do itu.com.br chamou Jean Massat para uma avaliação.

Crédito: Deborah Dubner / www.itu.com.br Agrônomo avalia plantio em Itu após um mês
"Em novembro/dezembro de 2008 é que será a hora da verdade."

por Deborah Dubner

Jean Jacques Massat é engenheiro agrônomo, morador de Itu desde 2002, consultor em agronegócios, com MBA em Agrobusiness Management nos Estados Unidos.

Embora seus filhos tenham participado do plantio com suas escolas, ele ainda não havia visitado o local. No dia 26 de março, às 10 horas da manhã, nos encontramos no terreno de 7 hectares, próximo ao “Regimento Deodoro” (Quartel de Itu). Durante a caminhada, Jean observou cada detalhe e, de acordo com sua experiência, analisou os prós e os contras, sugerindo proativamente ações futuras.
 
Esperamos com esta matéria alertar a Prefeitura e a população de que o trabalho apenas começou. É importante que continue existindo uma mobilização, no sentido de acompanhar e participar das ações planejadas, para que essa grande campanha – exemplo a ser seguido - tenha de fato um final feliz.
 
Época do plantio
Jean explica que embora o plantio tenha sido feito em um mês de chuva, a época ideal teria sido novembro, pois é quando as chuvas começam. Fevereiro é final das chuvas, então o período não é suficiente para a raiz pegar. “Tivemos sorte, porque realmente choveu bastante. Mesmo assim, essa época não é favorável para a pega da muda e crescimento da raíz. Será que essas mudas terão fôlego para agüentar até o próximo verão?”, questiona.
Ele explica: O que vem pela frente agora são muito vento e frio. E ainda não deu tempo das mudas fixarem no solo. É preciso no mínimo três meses para isso ocorrer. Por isso, o ideal teria sido plantar em novembro. “Minha dúvida é se elas agüentarão passar pelo inverno”, avalia.
Quando se planta em época errada, a mortalidade de mudas é muito maior. Daqui pra frente a tendência é secar o solo, sendo que as plantas ainda não estão fixadas. Se tivesse plantado em novembro, as raízes cresceriam até fevereiro e teriam reservas para passar o inverno. É preciso cerca de 3 meses de solo encharcado e sol para a raiz, sendo que o sol de verão é totalmente diferente do sol de inverno. A tendência das mudas daqui pra frente é a dormência. E elas ainda estão no período de adaptação. Um mês é um tempo muito curto para prepará-las para enfrentar o inverno. Em junho/julho/agosto, a quantidade de chuva é quase zero. Em agosto a terra estará seca. Se não tem reserva de raiz, não tem como sobreviver. É aí que me preocupo: precisa ver se elas conseguirão passar o inverno.
 
Adubo
Jean questionou se foi utilizado esterco no plantio. Seus filhos, que participaram do plantio, contaram que não foi utilizado. Eu lhe expliquei que havia uma montanha de terra com esterco próximo ao terreno das mudas, mas nem todos foram orientados a utilizá-lo.
 
Roça
De acordo com Jean, a área está bem roçada, não está com mato na maioria do terreno.
Mas ele alerta: o terreno tem muita braquiária, um mato extremamente agressivo para as plantas. Em outubro/novembro, quando começar novamente a chover, é fundamental uma roçada a cada 15 dias, pois a braquiária ocupa o espaço da muda.
 
Porcentagem de pega
“No aspecto geral, a porcentagem de pega está boa e não foram perdidas muitas mudas”, afirma Jean. “Teoricamente, deveria sobreviver 90% das mudas. Mas ainda é cedo para falar. Para uma primeira avaliação está muito bom, bem razoável”, conclui. Mas novamente alerta: "Em novembro/dezembro de 2008 é que será a hora da verdade. Só então dará pra saber realmente o percentual de pega. Se tivermos 3 meses de seca, acredito que infelizmente as plantas não vão agüentar".
 
Formigas
Não há ataques de formigas nesse momento. Está tudo sob controle, afirma o agrônomo.
 
Espaçamento entre plantas
de acordo com o especialista, o espaçamento entre as mudas é muito pequeno (2 X 1, sendo que o ideal seria 4 x 4). Mas como certamente haverá perda de mudas, então isso não chega a ser um problema por enquanto. A longo prazo terá uma concorrência entre as árvores, mas isso não é grave.
O maior problema desse espaçamento - diz Jean -  é que não passa trator. Quando for época de roçar, terá que ser feito manualmente, o que demanda um enorme trabalho e muitas pessoas envolvidas, já que são muitos hectares.
 
Terreno
O terreno tem o córrego, o que é muito bom. As plantas perto do córrego vão formar uma mata ciliar e protegê-lo. Isso é ótimo. Por outro lado, o solo está degradado e é de má qualidade, afirma Jean.
 
 
SUGESTÕES
 
Na opinião do Engenheiro Agrônomo, é importante fazer desde já um planejamento, pois o que foi plantado deve ser cuidado durante os próximos 2 anos, ou seja, até 2010.
 
Participação da comunidade – Assim como o plantio, Jean sugere que as crianças e a comunidade em geral continuem a participar do processo. “As crianças podem ajudar na adubação, porque carpir e coroar é uma atividade mais técnica”, explica. Na opinião de Jean, este é o começo de um trabalho que deve ser integrado com quem plantou. Durante os próximos 2 anos, deveria haver um trabalho conjunto entre a Prefeitura, escolas e a comunidade que participou do plantio. “Isso ensinaria também as crianças, que além de plantar,
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