Opinião

Publicado: Quinta-feira, 8 de maio de 2008

Marcos Passos: "Museu, lugar de grandes novidades"

Crédito: Arquivo pessoal Marcos Passos: "Museu, lugar de grandes novidades"
"Todos nós somos chamados a olhar mais para o próximo e construir novos alicerces sociais para beneficiar os diversos públicos das diferentes esferas"
“Museu, lugar de grandes novidades...”
 
Assim sintetizou brilhantemente o cantor e compositor Cazuza e, é exatamente isto que vivenciamos desde o século XX e, inicio do XXI, períodos marcados com relevantes fases de aperfeiçoamento, marcas de uma nova concepção da instituição Museu na sociedade.
 
Para melhor compreender destes avanços em nossas instituições museológicas façamos uma breve sinopse... Bem, na década de 70 surgiu a discussão da necessidade de aperfeiçoamento da relação dos museus com a comunidade, fato que gerou o documento intitulado Mesa Redonda de Santiago do Chile; na década de 80, no Canadá, se reuniram diversos representantes de museus de todo o mundo e formularam a Declaração de Quebec, que estabelece para a Museologia e os Museus uma nova atitude frente ao mundo contemporâneo, que tenta integrar todos os meios de desenvolvimento e estender as atribuições e funções tradicionais de identificação, conservação e de educação as práticas mais vastas que estes objetivos, para melhor inserir sua ação àquelas ligadas ao meio humano e físico.
 
Na década de 90, é formulada a Declaração de Caracas, que incentiva a renovação dos compromissos assumidos anteriormente para, a partir daquele momento, melhor avaliar a consideração do contexto latino-americano em seu processo acelerado de mudanças e consciência da proximidade do século XXI. Com vista a concretizar os pressupostos acima, o governo brasileiro junto com sociedade civil assume um desafio e cria em 16 de maio de 2003, a Política Nacional de Museus, que inicia um movimento de aperfeiçoamento humano e material junto aos museus nacionais, estaduais, municipais, privados e comunitários, buscando fortalecer, fomentar e divulgar a diversidade cultural dos muito brasis.  
 
Desta forma, temos muito que celebrar, pois toda esta inovação, no campo da Museologia e dos Museus, justifica comemoramos agora, no mês de maio, a Semana Nacional dos Museus que, proposto pelo Ministério da Cultura, traz como tema Museus como Agentes de Mudança Social e Desenvolvimento, cognome este relacionado ao novo modo da sociedade enxergar e utilizar, de norte a sul do país, os Museus e seus diferentes tipos de acervo, que potencializam a importância deste equipamento cultural para fomento de Educação formal e não-formal constituída na gerencia de campanhas educativas, denúncias ambientais, exposições provocantes para diversos públicos, encontros, palestras, fóruns, lançamento de livros e filmes, cursos, apoio a novos museus, parcerias, enfim, as diversas novas formas de comunicação e prestação de serviços que beneficiam crianças, jovens e adultos.
 
Certamente estamos vivenciando uma fase áurea dos Museus, pois os mesmos estão, e precisam estar cada vez mais envolvidos com o cotidiano das populações, alegrias e tristezas sociais, benefícios e malefícios do progresso, por fim, com as diversas experiências educacionais necessárias para o aperfeiçoamento de nossas comunidades. Nesta nova fase todos nós somos responsáveis pelo Patrimônio Cultural de nossa cidade, estado e país, e devemos estar conscientes da importância de gerar desenvolvimento social para concretizarmos diferentes aperfeiçoamentos humanos, beneficiando o HOMEM e a MULHER, que passam a ser os principais PATRIMONIOS a ser preservados.
 
Logo, todos nós somos chamados a olhar mais para o próximo e construir novos alicerces sociais para beneficiar os diversos públicos das diferentes esferas, coisa que certamente não é fácil, mas apenas desta forma, estaremos concretizando o bem maior, a VIDA, assunto complexo que envolve a participação de todos, e que está aceleradamente vivenciada dentro deste novo fazer Museus, que se preocupa com a pesquisa, preservação e comunicação dos patrimônios materiais e imateriais, mas não se esquiva da necessidade de acionar meios para melhoria da qualidade de vida das populações. Precisamos de todos neste novo projeto museal! Você já começou a fazer a sua parte? Junte-se a nós! E feliz 18 de maio, Dia Internacional dos Museus!
 
Antonio Marcos de Oliveira Passos é Museólogo em Museus de Arte e História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Especialista em Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação. Atual Coordenador Geral do Museu da Energia de Itu.
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