Cinema

Publicado: Segunda-feira, 27 de abril de 2009

Crepúsculo

Leia a crítica deste filme baseado no Best-Seller!

Crepúsculo
O casal de protagonistas têm tanta química quanto um gato e um alérgico a pêlos
Por Guilherme Martins
 
Incrível como o modismo estraga com algumas coisas. Uma das vítimas é o cinema. Tome como exemplo o colossal equívoco de transformar o Homem-Aranha em um “revoltadinho menininho emo” em seu último filme.
 
Como se isso não bastasse, agora resolveram sacanear com os vampiros através do “livro-que-virou-filme” Crepúsculo. Confesso que resolvi ler o livro justamente para saber qual era a razão de tanto frisson em torno dele. Devido aos seus números de vendas, esperava que estivesse diante de uma verdadeira obra-prima literária, porém, me surpreendi longe disso.
 
Depois de terminar o último parágrafo da obra fiquei me questionando sobre os motivos de tanto sucesso: seriam os diálogos muito bem desenvolvidos? Não, isso não pode ser, pois não achei nenhum. Então pode ser a narrativa envolvente, que prende a atenção do leitor? Não, isso também não, já que entre um capítulo e outro, o meu único desejo e esperança era apenas que o capítulo seguinte fosse melhor que o anterior (desejo esse que jamais se concretizou).
 
Mas, enfim, não estou aqui para criticar o enfadonho livro, mas sim o filme gerado através dele. Sabe aquele velho comentário de que o livro é sempre melhor que o filme? Trata-se da mais absoluta verdade, já que o filme consegue a incrível façanha de ser pior que o livro.
 
Além das diferenças entre um e outro, fica visivelmente clara a fragilidade do roteiro e dos personagens do livro de Stephenie Meyer quando são transportados para a tela. Absolutamente todos os personagens do longa são tão rasos, pífios e irritantes que o desejo latente é que eles morram logo nos primeiros, sei lá, quinze minutos de filme.
 
Me desculpem os fãs mais jovens e ingênuos de vampiros, mas eu definitivamente não estou acostumado com vampiros “fofos” como os do filme, com a personalidade que parece traçada pela revista Capricho. Aliás, o vampiro principal, Edward Cullen (Robert Pattinson numa interpretação que faz inveja a qualquer cone, tamanha expressividade) parece uma mistura de protagonista da novela mexicana Rebeldes com a castidade e pureza do Ursinho Pooh.
 
Os efeitos visuais são risíveis e nada convincentes. O casal de protagonistas têm tanta química quanto um casal formado por um gato e um alérgico a pêlos.
 
Porém, não exageremos. O filme certamente agradará a sua irmãzinha de 13 anos. Alugue sem medo, que ela vai achar o máximo. E a alegria dela será ainda mais completa quando descobrir que as continuações já estão encomendadas.
 
Da última vez que eu “desci a lenha” e critiquei um filme, vieram me acusar de injusto e disseram que eu não deveria fazer essas coisas, pois “criticar e apontar defeitos é fácil” e desencorajar pessoas a verem um filme é uma coisa muito feia. Logo, como estou em um dia de ótimo espírito, não só recomendarei um filme de vampiros bem melhor, como também recomendarei um livro e uma série.
 
O filme é Entrevista com o Vampiro, em que um jornalista tem uma experiência sobrenatural com uma criatura das trevas, com Brad Pitt, Tom Cruise e Antonio Banderas no elenco. O livro é Os Sete, do brasileiro André Vianco, que conta a história de sete vampiros ancestrais que são ressuscitados nos dias de hoje, no sul do Brasil. E a série é True Blood, exibida pelo canal HBO, em que vampiros e humanos convivem socialmente.
 

Ah, que saudades dos vampiros de verdade... já não se fazem mais sanguessugas como antigamente...

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