Economia & Negócios

Publicado: Domingo, 15 de novembro de 2015

15 de Novembro: Itu e a Proclamação da República

A cidade se destacou ao sediar a 1ª Convenção Republicana.

15 de Novembro: Itu e a Proclamação da República
16 anos depois da famosa Convenção de Itu, no dia 15 de novembro de 1889, um grupo de militares do Exército Brasileiro, liderado por Marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado e depôs o imperador
Por Camila Bertolazzi
 
Depois de um longo período de liderança econômica e política no cenário nacional, Itu esteve à frente de um dos mais importantes movimentos de transição do Brasil ao defender a Proclamação da República. A importância da nossa cidade foi tão grande que anos depois, Itu recebeu um novo título e é conhecida como o “Berço da República”. Isso porque, em 1873, ela foi escolhida para sediar a primeira Convenção Republicana.
 
A capital paulista e diversas cidades se candidataram para sediar o encontro, mas Itu foi eleita, por reunir um núcleo grande e participativo de favoráveis ao novo sistema político. A data da reunião - 18 de abril - também foi cuidadosamente escolhida. No dia anterior, a Estrada de Ferro Ituana – construída por fazendeiros e sem o apoio do governo - tinha sido inaugurada durante uma solenidade na qual os republicanos disputaram espaços e discursos com os políticos da época. “Isso foi um indício de que os republicanos queriam associar a sua imagem ao progresso material de São Paulo”, declara o pesquisador-docente do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, Jonas Souza.
 
Antes do grande encontro, alguns republicanos fizeram uma reunião preparatória para definir os principais pontos. “Logo à tarde, os representantes dos municípios foram lotando as dependências do sobrado de Carlos Vasconcellos de Almeida Prado, na então rua do Carmo”, conta o pesquisador. “No saguão da entrada, um livro estava à espera das assinaturas de todos os cidadãos que, declarando-se republicanos, por aquela forma quisessem participar da memorável cerimônia”, completa.
 
Estiveram presentes na Convenção 133 pessoas ligadas ao movimento republicano, além de fazendeiros e profissionais liberais vindos de diversas cidades do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro cujas decisões fortaleceram o Partido Republicano Paulista (PRP), partido político opositor à Monarquia.
 
“Surgia nesse encontro uma nova elite poderosa do ponto de vista econômico, receptiva às inovações. Esses fazendeiros-capitalistas fomentaram a introdução de imigrantes europeus, substituindo o braço escravo pelo trabalhador assalariado, aperfeiçoaram os métodos de beneficiamento de produtos agrícolas, investiram capitais na ampliação da rede ferroviária. Sob a prática desta nova mentalidade a fazenda ‘tradicional’ se ajustou à economia e à sociedade ‘modernas’”, explica o pesquisador.
 
16 anos depois da famosa Convenção de Itu, no dia 15 de novembro de 1889, um grupo de militares do Exército Brasileiro, liderado por Marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado e depôs o imperador D. Pedro II. Proclama-se, com essa ação, a República do Brasil.
 
Prudente de Morais
 
O principal personagem ituano nessa época da história brasileira foi Prudente de Morais, um jovem político filiado ao PRP que, depois ocupar o cargo de vereador, deputado e senador, foi eleito o terceiro presidente do Brasil e o primeiro a ocupar o cargo pelo voto direto. Prudente representava a ascensão da oligarquia cafeicultora e dos civis ao poder nacional, após um longo período dominado pela monarquia.
 
Eleito presidente da República em 1894, Prudente governou o país num período conturbado da vida política nacional, em que monarquistas e militares tentavam voltar ao poder. O governo consolidou-se após a vitória do exército republicano em Canudos e o fracasso do atentado contra a vida de Prudente de Moraes. Mesmo adoentado, cumpriu todo seu mandato.
 
Segundo o historiador Jonas Souza, “ao ingressar nas fileiras do Partido Republicano Paulista, Prudente de Morais contribuiu para dar maior visibilidade aos propósitos da Convenção de Itu de 1873. Depois de 1889, como primeiro presidente civil do Brasil, o ituano teve um papel muito importante na consolidação do novo regime de gestão do país”.
 
E Itu nessa história...
 
Com a ajuda do governo republicano, vieram para Itu milhares de imigrantes, a maioria, italianos, para substituir a mão-de-obra escrava. A cidade possuía, nesta época, cerca de 1800 casas. Nesse mesmo período, o município sofreu modificações significativas por conta de seu desenvolvimento econômico e transformações de seu território.
 
Com a Proclamação da República, as câmaras municipais foram dissolvidas e os governos estaduais nomearam membros para o conselho de intendência, que exerciam funções executivas. Apenas em 1905, criou-se a figura do "intendente", hoje o prefeito. Mesmo ano em que a câmara municipal de Itu foi reativada especificamente com o papel de casa legislativa.
 
Os anos se passaram e a potência política ituana não foi renovada. Agora, são apenas memórias guardadas no rico acervo de fotos, documentos, objetos e obras de arte do Museu Republicano, inaugurado no dia 18 de abril de 1923, durante as comemorações do cinquentenário da Convenção de Itu.
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