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Publicado: Quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

"Itu e o nosso Colégio São Luis"

"Itu e o nosso Colégio São Luis" é o nome do artigo escrito por Raul de Sousa Almeida, ex-aluno do colégio. Raul é integrante da Prótur, Presidente do COMTUR - Câmara de Turismo e proprietário do empreendimento turístico Pousada Sitio Moinho Velho. Leia o artigo e mergulhe na história.

Crédito: Deborah Dubner "Itu e o nosso Colégio São Luis"
Fachada do Quartel de Itu, antigo Colégio São Luis
De Raul de Souza Almeida 
(Ex-aluno de 1960)
 
25 de agosto de 1863. Porto de Bordeaux, França. O navio Guyènne parte para o Brasil levando a bordo três sacerdotes: Pe. Antelmo Goud, Capelão das Irmãs de São José de Chambéry estabelecidas em Itu desde 1857 e de retorno à cidade, e os Jesuítas Jacques Razzini e Emídio Pardocchi, estes dois últimos com a missão de fundar um colégio na cidade de Desterro, atual Florianópolis.
 
No decorrer da viagem dentro de um ambiente de entendimento e camaradagem que se estabeleceu entre eles, Pe. Antelmo propõe a Jacques Razzini que abra um colégio de meninos em Itu. Proposta aceita, depois de sua passagem por Santa Catarina, os homens da Companhia de Jesus desembarcam em Santos dirigem-se aos campos de Piratininga onde, após breve descanso no Semináriode São Paulo partem para Itu para dar seqüência ao novo projeto.
 
Aqui chegando encontram Pe. Goud, e Pe. Miguel Correia Pacheco, Vigário da Paróquia, já empenhados na instalação do futuro colégio no antigo Convento Franciscano. Em novembro daquele mesmo ano, com a missão de dar maior apoio à iniciativa, vieram do Rio de Janeiro quatro membros da Companhia de Jesus: Pe. Antônio Onorati, que viria a ser o primeiro Reitor do Colégio São Luis, Pe. Bartolomeu Taddei, o escolástico José Giomini, e o irmão coadjuntor Afonso D'Amicis. Entraram em nossa cidade às 10 horas da manhã do dia 13 de dezembro, acompanhados pelo Pe. Razzini e por uns quarenta cavaleiros todos das melhores famílias ituanas. O projeto do novo colégio corria muito bem até ser anunciada a organização de seu corpo docente formado só por jesuítas.
 
A partir de então surgiram inúmeras dificuldades que seriam sintetizadas na recusa do então Inspetor Provincial da Instrução Pública, em dar provimento a autorização para o funcionamento da nova escola. Para superar o impasse, que parecia intransponível, os ituanos Antônio Guayanaz da Fonseca e o Tenente Luciano Francisco de Lima partem para São Paulo a fim de demover o Inspetor Provincial de sua retrógrada obstinação. Nada conseguindo, retorna oTenente Lima a Itu, seguindo Guayanaz para a Corte no Rio de Janeiro para pedir a autoridade mais alta o consentimento até então negado. 

Tendo sido Guayanaz bem sucedido em sua empreitada, o Colégio São Luis inicia suas atividades no dia 12 de Maio de 1867, no Convento Franciscano de Itu, sob a direção do sacerdote brasileiro Jerônimo Pedroso de Barros.  

Porém com o passar do tempo o espaço ocupado pelo Colégio mostrou-se exíguo e, por doação de Padre José Galvão de Barros França, sobrinho e herdeiro de José de Campos Lara, ituano e sacerdote jesuíta falecido em 1820 em nossa cidade, a Companhia de Jesus recebe uma chácara e um sobrado para a construção do majestoso conjunto que hoje se ergue defronte a Praça Duque de Caxias, patrimônio esse, orgulho de todo ituano e de todos nós alunos e ex-alunos do Colégio São Luis, que em 2007 comemorará seus 140 anos. Com as obras do colégio ainda por terminar, a 17 de dezembro de 1871 ali se realiza a festa de encerramento do ano letivo. A 19 de fevereiro de 1872 as portas do novo prédio são reabertas para o início das aulas.

Desde de sua fundação em Itu, até sua partida para São Paulo em 1917,o São Luis foi sempre um marco na educação do nosso País. Durante o Império haviam dois estabelecimentos de ensino no Brasil que eram referência: O São Luis e o Colégio Pedro II no Rio de Janeiro sendo este objeto de todas as atenções das autoridades da então capital do País. De Minas Gerais, de São Paulo da Bahia e mesmo do Rio de Janeiro vinham alunos para estudar no estabelecimento de excelência fundado e mantido pela Companhia de Jesus. Por ele passaram homens que galgaram os mais altos postos da Nação e da Sociedade Brasileira.
 
Itu, mais que uma referência, era a Roma Brasileira, assim chamada pelo conhecimento e saber que os Jesuítas para cá trouxeram e souberam difundir Brasil afora. Mas nem só de erudição e conhecimento vivia o colégio. Durante a gestão do Padre José Mantero, Reitor no período 1877/1893, o futebol, como uma atividade lúdica, foi introduzida no colégio e conseqüentemente no Brasil. Era em Itu que o esporte, ainda sem regras e que viria a ser a paixão dos brasileiros, dava seus primeiros passos. Alunos vindos das diversas províncias ao retornar aos seus lugares de origem levavam consigo essa nova atividade. Na gestão posterior, a do Reitor Pe. Luiz Yábar, 1893/1898, o esporte ganhava suas regras. Mais uma vez os jesuítas adiantavam-se na história.

Outubro de 2003. Pela primeira vez atravesso os portais do Quartel de Itu. Dois anos após minha chegada a essa cidade que me adotou e a quem adotei; ia apresentar-me ao Comandante do Regimento Deodoro, Cel. Castilho, como antigo estagiário da Escola Superior de Guerra que sou. Aos poucos pelos corredores desse marco que é a sede do 2º GAC Ap, vou encontrando com meu passado.
Tenho a sensação de ver, caminhando entre soldados e oficiais do nosso Exército, o seu Chico, Secretário do Colégio nascido em Itu e que antes mesmo da mudança para São Paulo já fazia parte do São Luis. E também o professor José Esteves Carramenha que à velha e boa moda portuguesa ensinava-nos sua álgebra e geometria da mesma forma como o fazia antes dos idos de 1917. Professor Carramenha, primeiro proprietário da Fazenda Santo Antônio da Bela Vista antes mesmo dela ir do Cafezal ao Cafezinho; ele que foi o único entre os antigos mestres e funcionários que, vindos de Itu, comemorou o centenário do colégio já em São Paulo.

Quanto mais freqüentava o Quartel mais crescia minha admiração e apreço pelo magnífico conjunto. Especialmente por saber que do nosso colégio em São Paulo só restou a Capela e, que do Santo Inácio no Rio de Janeiro ficaram em pé apenas a Capela e a entrada principal. Havia sem dúvida a necessidade de abrir a todas as portas desse monumento arquitetônico repleto de história e tradições. Foi com esse objetivo e com a autorização do Comandante do Quartel, que levei ao Prótur a idéia com o objetivo de transformá-la em projeto turístico. Não só a meninada do Pr&o
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