Turismo

Publicado: Sábado, 15 de março de 2008

Estouro do Judas: tradição ituana

Milhares de moradores e turistas acompanham o evento em Itu.

Estouro do Judas: tradição ituana
O tradicional Estouro de Judas em Itu atrai anualmente milhares de turistas

Em Itu, Terra dos Exageros, a tradição folclórica está presente. Em seu calendário de eventos está incluído o centenário Estouro do Judas que assume um caráter inusitado. Diferentemente da malhação que acontece em outras cidades, o domingo de Páscoa é marcado pelos bonecos do Judas e do Diabo recheados de bombas, que pontualmente às 12 horas se encontram e explodem para a alegria dos espectadores. Os bonecos, confeccionados em tamanho natural há mais de 60 anos, pelo popular Zico Gandra, são sustentados por uma viga de madeira. Um varal de bombas antecedem o estouro, e às 12 horas um sistema de roldana faz o boneco do diabo descer e ficar nos ombros do boneco do Judas que está logo abaixo. Em seguida, ambos são destruídos pela explosão das bombas, enquanto a multidão aplaude extasiada.
 
O evento tem atraído um grande número de turistas e vem aumentando anualmente, por seu caráter folclórico e por ser único.

O espetáculo pirotécnico costuma ter uma duração de 15 a 20 minutos. Os bonecos simbolizando Judas e o Diabo são recheados com cerca de quarenta bombas médias, cada um. Na cabeça de cada um deles são colocadas bombas grandes (uma em cada boneco), as últimas a explodir. Antes da explosão dos bonecos há o estouro de três varas — com dez bombas grandes cada; seguida do estouro de três mosqueterias. Cada mosqueteria tem 25 bombas pequenas e duas grandes.
 
Como surgiu

A história da origem do famoso estouro do Judas de Itu é cercada de muitas informações desencontradas e sem confirmação. Diz-se que no final do século XIX (1895 para alguns, 1892 para outros) a solene procissão do Senhor Bom Jesus dos Passos iniciava os rituais da Semana Santa. Um artista pirotécnico descrente blasfemava pelo fato de não ter seus pedidos realizados. Advertido pelo padre João Batista de Oliveira quanto ao pecado que cometia, teria respondido não ter medo nem do padre e nem do Santo.
Quando das comemorações do aniversário da Proclamação da República, o artista fora contratado para fazer o que é chamado hoje de bateria de fogos. Conta a lenda que após a execução do Hino Nacional todas as bombas explodiram, menos uma. Um menino teria corrido para apanhá-la, mas o pirotécnico chegou antes. A bomba explodiu e ele perdeu uma das mãos. Arrependido o artista pirotécnico confessou-se junto ao padre João Batista e prometeu que dali em diante faria um Judas a cada ano. No ano seguinte, bem de saúde e com as finanças em ordem, fez um grande boneco simbolizando e recheou-o com fogos. Na manhã do Sábado de Aleluia, na Praça da Matriz, foi montado o boneco que em uma das mãos carregada um saco com trinta moedas. Ao meio-dia os sinos repicaram, o pavio foi aceso e o Judas explodiu. A multidão aplaudiu. Nascia o Judas de Itu.
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