Turismo

Publicado: Quarta-feira, 25 de maio de 2011

Caracterização fisiográfica do entorno da Gruta do Riacho Subterrâneo

Caracterização fisiográfica do entorno da Gruta do Riacho Subterrâneo
Situação geológica da Gruta do Riacho Subterrâneo

Carlos Eduardo Martins (Caê)

Geologia
A Gruta Riacho Subterrâneo está inserida no contexto da Suíte Granítica Pos-tectônica de Itu, surgida entre os períodos Cambriano e Ordoviciano entre 570 e 435 milhões de anos, na Era Eopaleozóica. Trata-se de um corpo granítico e granodiorítico alóctone, isótropo, de granulação fina a grossa, com textura sub-hipidiomórfica e granular (IPT,1981). Essa feição deriva de uma grande intrusão vulcânica situada entre o rio Capivari Mirim, Indaiatuba e Itupeva chegando até as margens do rio Tietê entre Itu e Cabreúva.

Geomorfologia
Os granitos supracitados apresentam superficialmente feições tipo matacões, ou seja, blocos arredondados de dimensões variadas superiores a 25,6 cm, resultantes do desgaste ou esfoliação esferoidal, mais comum nesse tipo de litologia. A esfoliação esferoidal ou “acebolamento” decorre do intemperismo concentrado nas zonas de fraqueza dos maciços rochosos, isto é, em fraturas e outras estruturas, transforma os grandes blocos em feições menores que, aos poucos, têm seus vértices eliminados a ponto de se tornarem arredondados.

Os vazios subterrâneos vão se formar em decorrência da erosão vertical do material mais fino liberado dos blocos maiores. Por esse motivo os blocos parecem amontoamentos acumulados por transporte ou escorregamento, o que em alguns casos pode ocorrer, mas são de fato residuais e fruto da erosão do maciço rochoso que ali existia. Em termos geomorfológicos, a área que compreende a Gruta do Riacho Subterrâneo pode ser inserida no domínio morfoestrutural geral do Cinturão Orogênico do Atlântico, regionalmente, no Planalto Atlântico Paulista e, localmente, no Planalto de Jundiaí, bem próximo à transição para a Depressão Periférica Paulista, onde sedimentos do Grupo Itararé sobrepuseram os granitos.

Em Salto, município vizinho a Itu, existe um dos raros exemplares de Rocha Moutonnée. Embora só parcialmente preservada, a estrutura guarda a morfologia e as feições características de abrasão glacial (estriamentos ou sulcos) por deslizamento sudeste-noroeste de uma geleira, também associada a aos depósitos da Bacia do Paraná da porção meridional do Brasil (Rocha-Campos, 2000).

Pedologia
Os solos que a região como um todo podem ser classificados como argilissolos vermelho-amarelos distróficos de textura média cascalhada-argilosa a cascalhada, de fase pedregosa a rochosa dispostos sobre relevo ondulado e afloramentos
de rocha.

Fitogeografia
O entorno da Gruta Riacho Subterrâneo compreende um cenário geo-ecológico dos mais relevantes e diversos do mundo. Seu entorno é caracterizado por cossistemas do cerrado, de cactéceas (cactos), mata de encosta e de fundo de vale que estão sob forte pressão antrópica desde o princípio da ocupação econômica dos domínios planálticos paulista. Se de um lado os cerrados podem ser observados nos topos das colinas, as cactáceas, especificamente os mandacarus (foto 1), preenchem os espaços entre os matacões graníticos, lajedos e fissuras da rocha.

A presença dos cactos associados às rochas e ao solo indica que são exemplares de vegetação relicta, quer dizer, fragmento que sobreviveu a mudanças de grande impacto no clima e, neste caso, herança de uma passado semi-árido em uma época de expansão da caatinga e recuo das florestas, precedendo também os cerrados, segundo a teoria dos redutos e refúgios observada por Aziz Ab’Saber (1992).

Diversidade faunística
A maior concentração de espécies animais está concentrada na Serra do Japi e nas pequenas manchas descontínuas ou nas matas de galerias ainda não totalmente degradadas. Dados recentes revelam a existência de mais de 130 espécies de mamíferos, mais de 200 espécies de aves, em torno de 20 tipos de marsupiais, mais de 50 de roedores, mais de 180 de anfíbios, cerca de 140 répteis e mais de 20 primatas. Esses números aproximados são inversamente alterados na medida da crescente ocupação humana e econômica na região.

*Texto do Boletim Eletrônico do GPME - Grupo Pierre Martin de Espeleologia

Comentários