Publicado: Segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Seminário Internacional do Café foi um sucesso
Participaram 150 pessoas do Brasil e do Exterior.
Deborah DubnerCom um programa paralelo de visitas técnicas a fazendas experimentais, encerrou-se no dia 19 de novembro o I Seminário Internacional do Café: História e Cultura Material, realizado no Centro de Estudos do Museu Republicano. O evento científico contou com a participação de 150 inscritos do Brasil e do exterior e foi promovido por órgãos da USP – Universidade de São Paulo, com suporte financeiro da FAPESP – Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo e colaboração da iniciativa privada. A comissão científica do seminário foi composta por Eni de Mesquita Samara, Carlos de Almeida Prado Bacellar, Jonas Soares de Souza, Paulo Cezar, Garcez Marins e Rafael de Bivar Marquese. A equipe operacional contou com o trabalho de Maria Cristina Monteiro Tasca, Giovana Fulan Augusto, José Renato Galvão, Marcos Antonio Steiner, Aline Antunes Zanatta, Tatiana Vasconcelos dos Santos, Rosana Gimenes Aguilera e Paulo Roberto dos Santos.
O Seminário do Café contou com a participação de especialistas e pesquisadores do Brasil, Cuba, Estados Unidos, Colômbia, Bélgica e Portugal, que no total apresentaram um conjunto de 60 (sessenta) comunicações sobre o tema Café: História e Cultura Material. No dia 13 de novembro a conferência inaugural esteve a cargo dos professores Francisco Vidal Luna, da USP, e Herbert S. Klein, da Columbia University. O programa de eventos paralelos incluiu uma visita técnica à Fazenda Bela Vista e a apresentação do excelente projeto pedagógico “Do cafezal ao cafezinho” desenvolvido em Itu.
O professor Steven Topik, da University of Califórnia, proferiu a conferência “Como o Brasil transformou a economia mundial de café, 1800 – 2000”, que encerrou o programa científico do seminário. Steven Topik é co-autor de conceituados livros sobre o café no mundo - The global coffee economy in Africa, Asia and Latin America, 1500 - 1989 e From silver to cocaine: Latin American commodity chains and the building of the Word economy, 1500 – 2000. Na conferência pronunciada em Itu ele questionou uma das propostas centrais da teoria da dependência, formulada entre outros por Fernando Henrique Cardoso. De acordo com essa proposta o café atrelou o Brasil a uma relação neocolonial na qual comerciantes e financistas estrangeiros dominaram o mercado e estabeleceram os preços, impondo uma estrutura produtiva baseada em latifúndios semicapitalistas com uma tecnologia atrasada e mão-de-obra submetida à coerção. Tudo isso teria levado a constituição de um Estado fraco, viciado por uma ideologia de liberalismo livre-cambista. Segundo Topik, o Brasil não reagiu passivamente ao mercado mundial, mas, pelo contrário, serviu como “Market maker” e “Price maker”. Por outro lado, a sua tecnologia cafeeira era a mais avançada do mundo, o que estimulou a expansão explosiva da economia mundial do produto. O café virou uma commodity de massa nos Estados Unidos, na Alemanha e no norte europeu, sendo consumido pela classe trabalhadora. A valorização do café reestruturou a economia mundial e redefiniu o papel do Estado no mercado internacional.
O seminário ganhou aprovação unânime dos participantes pela eficiência da organização, qualidade do programa de eventos paralelos e excelência das comunicações e conferências do programa científico. A segunda edição do seminário ficou programada para o segundo semestre de 2008 no Centro de Estudos do Museu Republicano de Itu.
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