Sustentabilidade

Publicado: Sexta-feira, 15 de junho de 2007

Parque do Varvito: um patrimônio esquecido

O que aconteceu com o maior patrimônio ecológico de Itu?

Crédito: Lilian Araujo Sartório/ www.itu.com.br Parque do Varvito: um patrimônio esquecido
"Efe", no Parque do Varvito
Por Deborah Dubner e Lilian Sartório

São 44.346 m² de área natural, com rochas sedimentares que contêm evidências de uma extensa idade glacial, formada há 280 milhões de anos, quando um enorme manto ou lençol de gelo cobriu a região sudeste da América do Sul. As marcas desse tempo secular moram exatamente em Itu, cidade escolhida pela natureza para abrigar uma história mais remota do que as memórias de nossos tataravós.

O Varvito de Itu, patrimônio tombado pela Condephaat, é a mais importante exposição conhecida desse tipo de rocha na América do Sul. Sua beleza tem inspirado artistas e estudiosos, assim como o notável pintor ituano Miguelzinho Dutra, na significativa aquarela “Pedreira de Itu”, datada de 1841.

O processo de reconhecimento desse patrimônio demorou a ocorrer. Mas graças à importância desse fenômeno, em julho de 1995 foi criado em Itu o Parque do Varvito um verdadeiro monumento geológico que já recebeu mais de 500 mil visitantes, entre turistas, estudantes e pesquisadores.

O Parque do Varvito é o segundo do gênero instalado no Brasil e buscou integrar a proteção e valorização do importante monumento geológico representado pela pedreira de varvito, com o aproveitamento planejado e racional da área para atividades de lazer, cultura e educação ambiental.

O local possui infra-estrutura adequada para as suas múltiplas finalidades e tem sido freqüentado intensamente pela população local e por visitantes de outras cidades do Estado de São Paulo e do Brasil, além de estudantes de vários níveis e pesquisadores brasileiros e do exterior.

O parque está também incluído no roteiro de excursões geológicas e de visitas de empresas de turismo ecológico do Estado de São Paulo. De acordo com os dados fornecidos pela administração do Parque, cerca de 200 pessoas visitam o Parque diariamente em excursões agendadas anualmente, integrando também o calendário letivo de muitas escolas de Itu e de outras cidades do Brasil.

É o caso da Educadora Ambiental Patrícia Otero, que realiza muitas atividades de Educação Ambiental no parque: “O Parque do Varvito é uma escola a céu aberto”, comenta Patricia.
 
Triste realidade

Infelizmente, nem sempre as riquezas naturais e históricas de um local são valorizadas e cuidadas como deveriam. O Parque do Varvito tem sido um dos tristes exemplos de patrimônio esquecido de nossa cidade, ao lado de outros não apenas em Itu, mas de várias cidades no nosso grande Brasil, que ainda não aprendeu a valorizar o que tem.
 
“Os turistas ficam muito empolgados com a história do Parque e da formação das rochas, mas vêem que ele não recebe a manutenção adequada”, lamenta o Guia de Turismo Fernando Henrique Campos, o conhecido “Efe”. Fernando, colunista do www.itu.com.br, já recebeu milhares de turistas em Itu e tem feito, juntamente com outros guias de turismo, um importante trabalho pelo turismo receptivo da cidade. “No Parque do Varvito estão faltando três coisas essenciais: serviço de jardinagem, manutenção e principalmente investimento”, afirma.
 
O Secretário de Turismo, Lazer e Eventos de Itu, Carlos Alberto Boarini, também foi entrevistado a respeito da atual situação do Parque. Ao que tudo indica, ele não está exatamente a par da real situação do local. Para o secretário, “a cidade, por ser uma Estância Turística, tem um grande privilégio por ter o Parque que, além de ser um grande atrativo, também conta muita história”. Quanto à manutenção, Boarini não acredita que esteja tão ruim. “O que está faltando é realmente investimento”, ressalta.

A estudante de jornalismo e freqüentadora do Parque do Varvito, Gisele Scaravelli, tem um carinho especial por esse patrimônio: “O Parque do Varvito sempre foi importante para mim. Quando era pequena, fiz uma visita ao local e achei a história das rochas muito interessante, ainda mais na minha própria cidade.  É uma pena ver o que aconteceu com o lugar, pois era muito bonito e eu gostava de ir lá para pensar e ficar sozinha, mas agora parece que está abandonado e fui perdendo a vontade de visitá-lo. Se voltasse a ser como era antes, com certeza eu e muito mais pessoas teríamos mais prazer em freqüentá-lo”, lamenta.
 
Painéis estragados e problemas de manutenção

Quando o Parque foi fundado, no caminho que segue até as rochas, havia painéis explicativos, que contavam a história do Parque e até mesmo aqueles que iam apenas para visitar, acabavam se interessando e aprendendo sobre o lugar. Segundo Fernando, esses painéis explicativos e as placas que mostram as espécies das árvores estragaram há mais de um ano devido à umidade da infiltração de água da chuva e até hoje não foram repostos.
 
A indignação dos guias de turismo e dos próprios visitantes em relação aos cuidados com o Parque é gritante, principalmente porque ele ficou fechado de dezembro a março deste ano para manutenção. Carlos Boarini explicou: “O período que o Parque esteve fechado foi durante as chuvas. Nessa época, o parque requer cuidados, pois o mato cresce muito rápido e precisa ser capinado”. Mas para alguns, a dúvida permanece: “Para mim, essa manutenção nunca aconteceu. A bomba que projetava a cascata não funciona há muito tempo e agora vejo também que o lago
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