Cremilda Teixeira: Violência nas escolas públicas
Deborah DubnerNa mesma semana, vemos duas noticias de violência contra alunos, uma na cidade de São José dos Campos, e outra em Itu, ambas cidades do interior de São Paulo. A primeira é a velha história da bombinha que o aluno solta na escola. Sempre aconteceu isso nas escolas, só que agora a bombinha de festa junina é noticiada como uma bomba de alta potência, dessas usadas por terroristas. Tudo para tornar o aluno em bandido de alta periculosidade.
No tempo que escola ensinava e se respeitava, o assunto era resolvido dentro da escola mesmo. Agora, o aluno é preso na hora, como aconteceu em São José dos Campos. Um aluno de 18 anos, acusado também de vandalismo contra patrimônio público.
Da minha parte, duvido que tenha sido esse aluno. Aposto que ele é daqueles que incomoda a escola, que é líder, ou daqueles que cobram da escola. Ela então se livra dele assim. Quando o aluno incomoda a escola, ela coloca tudo de ruim que acontece nas costas dele.
Estamos sempre vendo pela televisão montanhas de livros didáticos queimados ou jogados no lixo. Ninguém é preso e livro didático não é considerado patrimônio público.
O segundo caso mal contado é do professor de uma escola de Itu que alega ter sido agredido em sala de aula. O aluno alega que o professor puxou a sua carteira para derrubá-lo, então no reflexo deu um soco no professor. Alega ainda que pensou que o professor ia bater nele e reagiu no instinto. Se este fosse um país sério, valeria as perguntas:
- Algum caso de agressão a aluno praticada por esse professor foi apurado?
- O aluno já foi agredido antes por ele?
O aluno está suspenso. Suspensão é crime. Se a escola publicamente admite que suspende o aluno, ele já foi punido de modo ilegal. Uma escola dessas merece crédito? Que tipo de cidadão essa escola está formando se ela mesma não respeita a lei? A dúvida é se a escola não está PUNINDO A VÍTIMA, como sempre costuma acontecer nesses casos.
Cremilda Estella Teixeira é presidente do NAPA (Núcleo de Apoio a Pais e Alunos), localizada em São Paulo, que orienta pais e alunos sobre seus direitos , através da Internet ou por telefone . O NAPA faz parte do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública.