Coral Vozes de Itu: há 50 anos mantendo viva a tradição musical
Em 2015, grupo celebra seu Jubileu de Ouro de fundação!
Jéssica FerrariPor Jéssica Ferrari
Afinação, harmonia, potência e expressividade. Essas são algumas características marcantes de um grupo amador que, há décadas, trabalha para disseminar e elevar a importância de uma nobre arte: a música. Iniciado em 1965, traz em sua bagagem milhares de apresentações por Itu e região, onde sempre buscou manter viva a tradição do canto coral.
Suas performances intensas e participações em momentos importantes da história ituana foram transformando as apresentações culturais na cidade, criando vínculos com os moradores e semeando reconhecimento por onde passou. Hoje, quando se fala em música por aqui, não há como não lembrar o Coral Vozes de Itu!
Em 2015, exatamente no dia 7 de maio, o Coral comemora seu Jubileu de Ouro de fundação, uma trajetória que o Itu.com.br tem acompanhado e apoiado desde o ano 2000, quando foi criado. Confira algumas das fotografias que ajudam a compor a narrativa de apresentações do grupo clicando aqui!
Uma tradição ituana
Quando soltam a voz, o que se ouve é um agrado aos ouvidos. Em suas interpretações, sejam em eventos religiosos, culturais ou festivos, obras históricas de grandes compositores ganham vida e ultrapassaram décadas, para levar o público à reflexão. "O Coral se confunde com a história de Itu. Eu digo que ele tem um amor incondicional pela cidade. É uma história de rara beleza e de rara verdade, onde consegue resgatar patrimônio, cultura, educação, arte, cidadania, voluntariado, desapego, tudo aquilo de bom que existe em Itu. Tudo aquilo que nós sonhamos na nossa Itu de 405 anos está inserida nessa beleza do Coral Vozes.", descreve emocionado Dr. José Carlos Safi, presidente da Associação Cultural Vozes de Itu.
O grupo nasceu da iniciativa de jovens amigas, que atuavam em atividades nas dependências da Igreja do Carmo, e aos poucos foi ganhando novas vozes e rostos. Suas apresentações marcaram épocas, eventos, pessoas, até se tornarem uma tradição ituana. Atualmente, o grupo conta com cerca de trinta cantores amadores. Profissionais são apenas o regente Luís Roberto de Francisco, o pianista Giancarlo Stafetti, que acompanha as apresentações, e a preparadora vocal Amanda Souza.
"O objetivo quando surgiu, era que houvesse um grupo para cantar uma música diferente da música religiosa que a igreja exigia naquele momento. Então o grupo que foi se formando passa a cantar músicas que não são tão convencionais na igreja, mas que também são sacras", conta o regente Luís Roberto de Francisco. Outra inspiração era a música popular, chamadas antigamente de folclóricas.
Hoje, o Coral trabalha ativamente com composições brasileiras e ituanas, enfoque que teve início com a entrada do atual regente. “Nós fazemos tanto a restauração de obras, como uma atuação frequente, buscando um elo entre a sociedade e o coro, tendo como um ícone disso este repertório mais antigo que busca trazer um fortalecimento para a comunidade como um patrimônio”, explica de Francisco. As músicas contemporâneas, populares e sacras também têm espaço nos repertórios, sendo executadas em muitas das apresentações.
Em suas cinco décadas, o grupo já participou de montagens de ópera, performances teatrais, encontros de corais, e realizou centenas de concertos e saraus. Por isso, quando se busca por seu nome, o Vozes de Itu aparece em mais de 780 notícias no site.
Mantido pela Associação Cultural Vozes de Itu, criada em 1966, o Coral Vozes de Itu é custeado por doações de sócios contribuintes ao longo do ano, já que a maioria de suas apresentações são oferecidas gratuitamente à população.
A união faz o Coral
Um ingrediente especial foi necessário para dar liga a esta história, a união! Afinal, em um Coral não basta apenas querer soltar a voz, é preciso harmonizar juntos os tons. E esse trabalho formado por inúmeros ensaios, dedicação e convivência resulta em amizades que duram uma vida inteira.
Quem acompanha a história de décadas da Associação e entende bem sobre o assunto é o cantor Braz de Lima Oliveira, que integra o Coral desde sua fundação. Hoje com 80 anos, ele é um dos membros mais antigos e não esconde que foi sua paixão pela música que o levou, por tanto tempo, às apresentações musicais. "Eu sempre cantei, canto desde os 6 anos", relembra. Nem sua memória, agora não mais intensa como antes, é capaz de apagar detalhes de momentos que o grupo viveu e que lhe dão tanto orgulho de contar.
Sua esposa e duas das filhas também chegaram a fazer parte do Vozes de Itu, mas foi ele quem deu prosseguimento ao trabalho, alcançando ainda a presidência do grupo por dois mandados (cerca de 4 anos). Após enfrentar problemas de saúde em 2013, ficou por um ano afastado, retornando em 2015 para participar das comemorações dos 50 anos do coral. "Nós sempre nos demos bem. Tanto que o trabalho de construção da sede do Coral aconteceu em função de todo mundo colaborar. Nós chegamos até a pegar em material de construção para acabar a obra", recorda Oliveira.
A cantora e preparadora vocal Amanda Souza também integra essa grande família desde 2005, impulsionada pela paixão que sente pela música. A experiência no Coral aumentou ainda mais sua vontade de viver desta arte, e ela foi ao longo dos anos buscando aperfeiçoamentos através dos estudos. "Quando o Coral está se apresentando, as pessoas se emocionam. E é fundamental que o Coral toque o coração das pessoas. Esse é o fundamento da música", conta Amanda.
Muitas vozes e um futuro promissor
Desde sua fundação, o Vozes de Itu viu muitos integrantes irem e virem, ganhando diversas formações ao longo de sua trajetória. Entre eles os regentes, iniciando com o Frei Lino Zumstein e se alternando por anos até a entrada do historiador, educador e músico Luís Roberto de Francisco. Há 21 anos no cargo, ele ajudou a ampliar a divulgação do grupo, além de desenvolver o trabalho de restauro de obras antigas, armazenadas no Museu da Música de Itu.
“Eu considero que o Coral desenvolve um trabalho importante, porque talvez seja a única cidade no Estado de São Paulo que tenha um patrimônio musical significativo, que não está engavetado”, aponta de Francisco.
Além de dar uma verdadeira aula no quesito Música, e de trabalhar ativamente para manter vivas obras e tradições musicais, o atual presidente da Associação Vozes de Itu garante que o Coral é também especialista em lições de vida. "Eu confesso que foram 6 anos fantásticos, de muito envolvimento e muita paixão. Aprendi e ainda aprendo muito com eles, pois eles têm uma capacidade de doação, de amar, fantástica. E isso faz com que, não só eu, como os presidentes anteriores tenhamos uma lição de vida. Então é um privilégio.", afirma Dr. Safi sobre sua história com o Coral.
E para que esta e outras marcas possam atrair novos cantores, e o grupo realizar novas conquistas, a diretoria da Associação sonha agora com a construção de um pequeno auditório em sua sede própria - construída no bairro Vila Nova, em 1995. O projeto ainda não tem data definida, mas deverá ser realizado nos próximos anos. Há ainda a pretensão de se fazer uma ópera, além de ampliar o repertório do coro, buscando repaginar algumas obras já cantadas anteriormente pelo Coral.
E seguindo a ideia de renovação, de Francisco confessa que já pensa em preparar sucessores para a regência, mas garante que a sua ligação com o grupo jamais se perderá, e que a mudança deverá ajudar a renovar os ares do Coral.
Seja qual for a quantidade de vozes, a história do grupo sugere um futuro promissor. E, se depender de seus atuais integrantes e de toda a sua rica bagagem, ele será ainda mais próspero. "Eu sonho, tenho essa visão que o futuro do Coral vai ser tão lindo quanto foram esses 50 anos. Por um motivo muito simples: o Coral é essencial, não tem como continuar contando a história de Itu, sem falar sobre o Coral Vozes de Itu", finaliza Dr. Safi.
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